quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Sobre Dire Straits e redescobrir a paixão pela música
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Drink to me; drink to my healt; you know I can't drink anymore
Talvez não do mundo, mas acima de todos os arranha-céus que há muito decoram a selva de pedra que apelidamos de São Paulo. E, aqui em cima, tudo parece como realmente é: desprezível, pequeno, destrutível, de papel.
Percebo que não estou sozinha. Um homem de cabelos encaracolados e olhos pretos (que mais parecem vazios do que coloridos) me encara, um lápis em uma das mãos e uma espada na outra. De repente, ele solta uma risada histérica e os produtos do cabelo derretem. Reconheço-o como o guitarrista daquela velha banda que me agradava; não lembro seu nome. Ele me oferece os dois objetos - recolho ambos. Seu olhar está fixado em mim; não, espere. Atrás de mim. Viro-me e encaro o meu próprio reflexo num espelho solitário (juro que não estava ali antes). Meu reflexo move-se e eu não.
A mão esquerda quebra o lápis. A mão direita leva lentamente a ponta da espada aos lábios. Abaixo os olhos para o meu corpo real - pelo menos acredito ser real - e minhas mãos permanecem imóveis. Volto para o espelho. A espada agora desliza pela minha garganta e sinto a dor da lâmina, cruel, ríspida e sem misericórdia.
Eu estou sangrando.
E o meu reflexo sorri - cínico -, "aqui está sua garganta de volta. Obrigada pelo empréstimo."
da lista de sonhos sobre os quais eu provavelmente não deveria escrever.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Direto e niilista... mas dessa vez é pessoal
Todos os dias eu desço as escadas da estação Brigadeiro sabendo que sou Evey ou Alice e seus pensamentos. Ali atrás não há sinal de estrelas. Isso vale uma metáfora pobre quando se pensa que cada estrela apagada foi uma promessa quebrada, uma ponte desmoronada e uma palavra riscada. Vai me chamar de descrente, niilista - mas o tempo me fez assim. Pessoas e experiências me distanciam da fé de que existe um propósito nisso tudo. Cada cigarro apagado na rua é símbolo de uma tentativa desesperada de se segurar em qualquer coisa palpável nessa São Paulo abstrata.
Talvez seja o 5 de novembro. Talvez seja a coragem desvalorizada e não respondida. Talvez seja O Caçador de Pipas. No fim do dia, a chuva é o que resta de cada minuto que poderia ser apagado. Qualquer coisa para esquecer todas as coisas.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Você já foi no Hangar 110?
Título alternativo: o ministério das palavras não-ditas adverte que bronquite pode causar desavenças e visita ao tribunal dos artistas e corações sangrentos.
O sonho da Paulista já é tão ano passado. Ninguém me disse que a vida universitária era a porta de entrada para a vida adulta, o trabalho, a falta de tempo e a hipocrisia. Não estou reclamando, eu gosto disso. O que não apetece é a consequência de tudo isso e a falta de coragem de levantar pelo que eu acredito estar certo. Se eu puder te dar um conselho, ele é: orgulho às vezes é humilhação. Evitar conflitos maiores pode resultar em você sendo descartada e nem sempre vale a pena deixar os bens da maioria superarem o bem de um. Alguém me ensina a deixar de acreditar que meu pensamento é pequeno demais diante do resto do mundo?
O que vale é que minha consciência está limpa. E meu boletim também.
domingo, 25 de agosto de 2013
Abre os olhos e descobre o que significa Comfortably Numb
Essa conversa de sentir falta do que costumava ser já ficou tão velha quanto a avenida que costumava chamar de refúgio. Depois de oito meses diretos, essa Paulista virou desgastada. Tá na hora de mudar o discurso, né?
Hoje passeio pelo meu quarto. Muita coisa acontece de um canto ao outro quando sua própria alma se tornou maçante demais; insuportável demais. Percebi que a "antiga eu" nunca deu muito certo. E então decidi que era nova demais pra me preocupar com política; que Pink Floyd traz pensamentos de crise de meia-idade; George Orwell talvez nunca aprendeu a se divertir. Eu me diverti. Céus, como me diverti. Fingi que corpo e mente tinham dezoito anos, mas quem disse que eu gosto de ser adolescente?
Existem dois pólos distantes na minha parede. No primeiro, letras de músicas das minhas bandas preferidas julgam e traduzem o que sempre fui. O segundo parece não se importar; somos humanos ou dançarinos? E The Who grita "you stop dancing!"
Gosto do que fui e do que sou agora. Gosto do meu gosto musical amplo - você sabe, apreciar uma música que te faz arrepiar, mas também dançar sem compromisso ao som de uma canção que não me faça pensar. O problema está naquela crônica sobre o chapéu coco e brincar com as pessoas (entendi minha obsessão por chapéus...) - não foi tão interessante quando deixei que brincassem comigo.
Confortavelmente entorpecida significa encontrar a pessoa que parece perfeita para você e perceber que deixei de ser essencialmente o ideal para ela. Perdi a coragem de despir sentimentos e a ousadia de jogar com as palavras por puro medo de descobrir o que encontraria. Chegou a hora de enfrentar o compromisso: não mais acreditar que sentimentos alheios não importam e que sou jovem e inocente demais para me preocupar com problemas maiores que eu.
Vamos falar sobre equilíbrio?
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Mother, should I (re)build the wall?
Zona de conforto. Não entendo toda essa algazarra em torno do conceito. O que existe de tão errado em respeitar os limites que você mesmo cria? Sua zona de conforto é, afinal, sua zona de segurança, seu escudo contra qualquer coisa que possa machucar. E por que infernos você iria querer se machucar?
Sair da zona de conforto é desconfortável, constrangedor, perigoso e arriscado. Vou fazer melhot reconstruindo aquele muro de tijolos brancos e canções codificadas.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
8. Norwegian Wood
sábado, 27 de abril de 2013
Eu desejaria uma estrela, mas essa estrela não brilha
E não existe um lado escuro da Lua. Na verdade, é tudo escuro.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
2. Like a Rolling Stone
domingo, 31 de março de 2013
Because something is happening here but you don't know what it is,
Aqui está sua voz de volta. Ah, querida, você sabe tão bem qual a sua arma para sair do labirinto - tudo o que a esfinge te pede é a solução de um enigma. O que está acontecendo? Não é o mundo que está ao contrário, é só você; quando não esteve? Que a verdade seja dita, fez-se o contrário para que pudesse voltar a encher essas páginas sem pauta. E agora sai batendo à porta de cada esquina, cinema, livraria e botequim que essa São Paulo tem a lhe oferecer, mas a cidade pode te trair, Charlotte. A cidade pode mentir. Não é todo dia que Drummond vai achar uma flor que nasceu no asfalto - e se Drummond não acha, quem é você para procurar?
Irônico é o modo como você costumava gritar How to Be a Heartbreaker quando sempre soube que tava mais pra Jugband Blues. Você prometeu que nunca se comprometeria com esse estranho da... De onde veio, mesmo? Não que importe. Não estamos vendendo nenhum álibi e ele te chama agora, não pode recusar. Bob Dylan te ensinou que quando não se tem nada, não há nada a perder. Isso já faz tempo, Charlotte. Desde que decidiu chamar-se Charlotte. Maldito dia esse, não?
Tinha planejado algo tão melhor do que esse monte de frases soltas do Dylan, mas às vezes as coisas ruins são o que define. Logo eu volto a escrever alguma coisa boa.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Assinado: miss nothing
Não me diga que não gosta dessa sensação de me ter em você.
Não me diga que não gosta do escuro.
Do desconhecido.
De ser um desastre belamente depressivo.
E você, que sempre me chamou de alter-ego. Alter-ego é desculpa para personalidade que tem medo de assumir. Sempre foi o seu medo, certo? Todos os dias, todos os anos, você foi a cara do medo. Respire agora, querida. Como é bom estourar o tourniquet, gritar para e aos céus, estar mais alta que as montanhas e mais baixo do que os vales. Eu te fiz assim. Eu te dei a coragem de ser quem sempre foi e temeu ser, ainda que o ser seja nulo. Você não é nada. O mundo é nada. E não existe nada mais maravilhoso do que o nada.
Bem-vinda, minha criança, ao planeta boom.
misturar mötley crüe com milan kundera com the pretty reckless com crise de identidade com sempre-fui-miss-nothing
domingo, 6 de janeiro de 2013
Quando Florian tornou-se um palhaço bêbado
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
vera, what has become of you?
Um dia você vai crescer, mon amour. Espero que você cresça, e olhe ao seu redor apenas para encontrar os espaços vazios onde nós estávamos. E talvez você olhará para trás e dirá que não deveria ter me afastado para longe. Talvez eu esteja te esperando. Talvez eu volte a ser sua melhor amiga. Talvez, talvez, e talvez.
No final do dia... Só estou sendo feliz.
sábado, 15 de dezembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
lunático
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Carta para ninguém
domingo, 21 de outubro de 2012
Humanos, de menos humanos!
de cores tão vivas e pessoas tão mortas;
de casos e acasos tão longes do solo.
Ora, mais valem verdades por linhas tortas!
Me mostram sorrisos tabelados
e me vendem mentiras ensaiadas.
Condenam olhares chocados
e condenam máscaras desmascaradas.
Um dia o velho gritou "Não é certo!
No meu tempo as coisas foram diferentes...
Na minha época não fiquei quieto,
na minha época me arrancaram os dentes."
Cretino! Mentiroso!
Século atrás, século a frente
e diga-me, mudou o quê?
Não houve povo outrora contente.
Desde sempre pessoas por quê?
Humano, de menos humanos;
de movimentos planejados,
de alegria por baixo dos panos,
de pensamentos engradados.
Dos velhos arrancam as dentaduras
enquanto dos jovens arrancam as asas.
Algo falta, sempre falta.
Falta o algo.
Algo pelo que gritar, mudar, quem sabe até lutar.
Falta o que falta, falta o algo.
Esse algo que não sei, falta decifrar
Falta que o algo torne-se algo.
Humanos, de menos humanos.
Condenados a sentir falta desse algo
que nos torne demasiadamente humanos.
Mas ser humano dá preguiça.
E preguiça não rima com algo.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Quisera eu que isso fosse um poema.
E com olhos assim tão ternos
O mundo ditar.
Quisera eu na ponta da caneta
Deter o destino, o amor, o ardor
Fazer do papel realidade idealizada
E na ideia assim mergulhar.
Quisera eu me iludir!
Quisera eu ao menos uma vez
Os olhos fechar e na mente divagar
Caminhar pelo paraíso do poeta
A avenida do cronista
O jardim do romancista.
Quisera eu as palavras decifrar
E nelas a beleza encontrar.
Fugir para o desconhecido...
Quem liga para o hoje? O importante é o amanhã!
Este amanhã tão belo e assustador
Este amanhã incerto
Este amanhã que hoje surge.
Mas não sou poeta e na noite não enxergo o arco-íris
Não se confunda, querido leitor - isso não é um poema
Não há nestas linhas tortas lirismo, rima, sentimento
E não existe poema sem sentimento!
Hei de julgar-me pela falta de parágrafos
E por uma página o chão abandonar.
Quisera eu algum dia ser poeta.
Quisera eu...
Voltemos à prosa!
domingo, 7 de outubro de 2012
E foi por bem querer...
E hoje o coração não tá cheio de poesia; hoje aumento o volume da música, mas a guitarra do David Gilmour não é alta o suficiente para calar os pensamentos. Hoje vejo como a Lua é grande - ela é grande, eu sou pequena. Hoje eu procuro o seu lado sombrio, e não pergunte como! encontrei o arco-íris na noite.
Sou o apunhado de pedaços que espalham-se pelos lugares, pela cidade, pelo país. Pode me encontrar nos paralelepípedos de São Paulo ou no mar salgado do Rio de Janeiro; no tédio do Rio Grande do Sul ou no passado de Santa Catarina. Vá em frente, é sua vez de tirar outro pequeno pedaço! Guarde-o onde quer que esteja, essa parte tem o seu nome escrito, senhor - essa parte espera pela dor do bisturi arrancando-a. Doce é a dor, doloroso é o amor.
Me fiz em mil pedaços pra você juntar.