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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sobre Dire Straits e redescobrir a paixão pela música

paixão
1.Sentimento tão forte quanto o amor, mas efêmero, provocador, impulsivo, desesperado, inquieto. 

Há alguns anos, eu era extremamente ávida pela escrita. Uma busca rápida pelos arquivos deste blog mostra que há 2 ou três anos não havia dia que se passasse sem algum conto, reflexão, história ou só palavras jogadas fora. Escrevia pelo prazer de escrever, pelo corte que arrancaria o tourniquette que eu nem ao menos sabia que estava lá, mas ao ser arrebentado me permitia respirar. Aí, bom, chegou a vida adulta (de verdade).
As preocupações com dinheiro, emprego, faculdade me fizeram cair naquele clichê que eu tanto criticava: as pessoas que não têm tempo para si. Eu passei a dizer a mim mesma que não tinha tempo para escrever, para ouvir um Animals da vida com a mesma dedicação de antes, para reler 1984 pela trigésima vez e descobrir algo novo sobre a obra. Eu me afastei de todas as coisas que me moldaram e, bem, eu estava ok com isso.
Até que há algumas semanas, eu ouvi o Communiquè. Aquele álbum do Dire Straits que me fez escolher o Jornalismo como profissão. E esse álbum me encheu de uma nostalgia que só o timbre do Mark Knopfler podia provocar em mim. Essa voz grossa, rouca, a melodia que praticamente dança como as palavras de Cortázar, os personagens tão diferentes e iguais em essência e que me transportaram diretamente para a primeira vez que ouvi os acordes iniciais de Once Upon a Time in the West.
Cara, que paixão eu tenho por esse álbum. Paixão porque é mais do que amor, é um desejo impulsivo e desesperado de fazer parte da música (and the music make her wanna be the story and the story was whatever was the song, what it was). Comecei a refletir sobre a música, como há muito não fazia, e perceber que eu mordia os lábios para não sorrir ao cantar News. Que meu corpo gelava com determinadas notas e variações de tom em Single-Handed Sailor. Que era impossível não dançar ao som de Lady Writer. Foi aí que eu redescobri minha paixão por tudo. Pelos livros, pela música, por mim.
Parece estúpido dizer que um simples álbum pode mudar tanta coisa na sua semana, mas música nunca foi algo que poderia ser descrito com a palavra “simples” para mim. Um trecho de Radio Gaga, do Queen, diz que “everything I had to know I heard it on my radio” e é exatamente assim que me sinto – todas as lições valiosas, realmente valiosas, foram aprendidas com a música.
Este é, portanto, mais um dos meus velhos textos de agradecimento. À Mark Knopfler e sua banda por produzirem música tão boa, tão ridiculamente boa que é capaz de alterar percepções e fazer de mim uma pessoa melhor. Obrigada por me lembrar de por que eu digo gosto de música, e não apenas ouço. Obrigada por... bom, existirem.

E fica aqui a minha promessa de um segundo encontro com as palavras.


She gets rock and roll and a rock and roll station and a rock and roll dream

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Que tudo mais vá pro inferno, meu bem.

"As gotas da chuva eram agora pesadas e não havia muito o que se enxergar, e ela correu. Correu para onde ele estivera. E tudo o que encontrou foi o portão de casa." - 21 de setembro de 2012.

It's raining again - oh no! my heart's at an end
Oh no, it's raining again
and you know it's hard to pretend
It's raining again! Too bad I'm losing a friend
Oh no, it's raining again
oh will my heart ever mend?

Eu tenho essa tendência, veja bem. O Dark Side of The Moon me ensinou há algum tempo que tudo abaixo do Sol está em sintonia perfeita (ainda que algumas vezes o Sol seja eclipsado pela Lua). A questão é que eu acredito que a música nos meus fones de ouvido, a marcação no relógio e o clima lá fora estão em sintonia com o que acontece onde ninguém pode ver ou tocar - apesar de confessar que muitas vezes sou eu quem prova essa falsa sintonia. 
Eu nunca soube lidar comigo mesma. Se você já assistiu Vicky Cristina Barcelona (cara, inclusive eu devia ter interpretado a quantidade de vezes que eu assisti esse filme no fim de semana como um prelúdio do que estava para acontecer) você se lembra da frase: 


E o meu problema é o contrário. Eu sei o que eu quero, as coisas boas e as coisas ruins. Mas de vez em quando vem alguém que surpreende e te dá exatamente aquilo que você não sabia que queria. Aliás, você realmente não queria. Você precisava. E bem, obviamente vai doer quando esse brinquedo novo e brilhante for tirado de você, mas acredito que eu já vivi o suficiente para saber que no fim do dia é só você. Ninguém é salvo e não existe essa de "um dia vai chegar alguém que vai abalar o mundo o suficiente para que grandes mudanças aconteçam e, enfim, fique tudo bem". Sabe, na verdade vai ficar tudo bem quando você se deixar ficar bem. É pensamento niilista, eu sei disso - mas a partir do momento em que você aceita ser a única pessoa capaz de promover mudanças reais em você mesma, capaz de te salvar e te amaldiçoar ao mesmo tempo, bem... não fica menos doloroso, mas é mais fácil de aceitar.
No final do dia, sou eu. As pessoas vão embora e elas vão continuar indo embora e eu posso afirmar quase com cem por cento de certeza de que o meu maior defeito é depositar todas as minhas esperanças neles, nos outros, em quem se aproxima demais. Eu já escrevi antes sobre não ser eu mesma, e sim pequenos fragmentos do que as pessoas querem e esperam de mim para que eu possa fazer bem para elas. Elas, nunca eu. Talvez um tempo para mim seja o que eu preciso. Algum tempo para tomar canções emprestadas para as artes da semana, reencontrar os livros, as palavras, os acordes, as teclas do piano e construir mais uma vez aquele muro que é tanto maldição como salvação. A zona de conforto nem sempre é uma coisa ruim, sabe? A minha zona de conforto me manteve sã por muito tempo e eu sei que ela vai fazer o mesmo mais uma vez - com a ajuda do tempo (só o tempo cura cicatrizes e faz o Sol aparecer de novo, né Hodgson?). 
A chuva cai lá fora e o timbre do Caetano se derrama nos meus fones de ouvido. A certeza que isso me dá no momento é de que dói. Dói mais do que eu poderia me dar ao luxo de sentir com todas as coisas consideradas. Mas eu preciso ser mais importante no momento. Eu preciso do meu muro e me afastar das pessoas e gastar todo o meu tempo comigo, comigo e comigo. Não sei se isso significa que a minha fé nas pessoas está abalada, mas acredito que não. Eu amo as pessoas e acho elas incríveis, porém manter uma distância segura é instinto de preservação, sabe? E como eu disse, eu não posso me dar ao luxo de sentir mais do que existe para sentir agora. 
Que fique claro que isso não significa que eu vou abandonar as pessoas - como eu já disse, eu as amo demais para deixar isso acontecer. Mas eu preciso que as minhas emoções e sentimentos sejam direcionados à mim e a ninguém mais, como era antes de tudo acontecer. Talvez eu me surpreenda de novo, talvez me seja entregue algo que eu não sabia que precisava. Mas por ora, eu preciso ser o meu soma e deixar de acreditar que preciso de alguém para me apoiar. E que tudo mais vá pro inferno, meu bem. 

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O grande final

 Perceber que hoje é o último dia do ano me fez entrar em desespero por um motivo: eu ainda não tenho um bloco de anotações novo. Por três anos, eu escrevi o primeiro texto logo após a meia-noite - escondida no banheiro, fugindo para o quarto, o importante é que as primeiras palavras do ano foram desenvolvidas com seus primeiros minutos. Dessa vez, como muito foi, será diferente.
 Eu cresci em 2013, não mais do que deveria. Reclamei durante todo o ano sobre ter mudado sem perceber que eu ainda estava aqui, apenas sem saber como me adaptar ao que mudou. Aprendi que você nunca muda completamente; só tem dificuldades de aceitar o novo em conjunto com o velho e eterno.
 Para mim, dois mil e treze significou pessoas, experiências, aventuras, novidades e aprendizado. A Avenida Paulista, a Rua Augusta, a Livraria Cultura, a Vila Olímpia e, principalmente, a Faculdade Cásper Líbero foram palco de um ano que, apesar deste desfecho que não será comentado, superou todas as expectativas. Não sei se muitas pessoas podem dizer isso, mas eu alcancei todas as minhas metas neste ano.
(Disse que não seria comentado, mas às vezes é preciso escrever para deixar passar ou estar (let it be, diz a minha tatuagem. Mesas viram e confiança é uma coisa que pode se perder apesar dos laços de sangue. Eu deixei de confiar em você, herói, mas espero que o novo ano te ensine a ser uma pessoa melhor para mim, ela e quem está por vir. Nós merecemos isso.)
 Sabe o que mais? Eu quero que 2014 seja assim como 2013. Altos e baixos, eu não me arrependo de nada.

Alguns fatos a serem considerados:

- Eu me apaixonei por uma única pessoa o ano inteiro. Não foi a melhor escolha (sempre soube que não seria) e, ainda assim, foi uma das melhores experiências.
- Eu vi alguns dos meus músicos favoritos. Elton John, Whitesnake, Aerosmith e, acima de todos, Ringo Starr. Uma noite na presença de um ex-beatle podem elevar a qualidade do ano em uns 300%; acredite.
- Eu sobrevivi ao primeiro ano na faculdade!
- Eu comecei a exercer atividades jornalísticas; a cobertura de uma prova de relevância nacional, entrevistas com pessoas importantes na área da educação e cobertura de cabines de imprensa (eu vi O Hobbit antes de vocês, há). Obrigada, Universia!
- Meu gosto musical mudou. Aprendi que não tem problema ouvir músicas sem cunho político ou social. Acho que até aprendi a me divertir.
- Conheci pessoas que vão deixar buracos se decidirem partir.
- Vi o mar depois de uns 4 anos. Revigorante.

Feliz ano novo!

domingo, 20 de outubro de 2013

Um monólogo sincero

Às vezes eu sinto vontade disso. De ter uma conversa séria comigo mesma e afastar aquelas metáforas que eu tanto amo e temo. Você sabe, usar palavras simples, sentenças diretas e não camuflar o que é feio e tento tornar bonito. E sabe qual é a coisa mais sincera que eu posso dizer? Nada mudou.
Tenho escrito muito sobre 2012 x 2013, inocência x malícia, infância x adolescência, mas de verdade, eu sempre soube que esse seria o meu caminho. Sempre tive aquele pé depois das 10h da noite e a velha mania de gentileza durante o dia e aquela coisa de "miss nothing" quando a noite chega. Nada mudou.
Também tenho escrito muito sobre chapéus e desconhecidos, mas alguns dias são inesquecíveis, sabe. A primeira noite, a troca de Hitchcock por um batom cor-de-rosa e a noite do cinema. E por mais que eu tenha encontrado aquele Julian Casablancas e disfarçado com outras palavras o que eu queria verdadeiramente dizer para você, bem... Nada mudou.
Hoje é dia de Whitesnake. Dia de "Hanging on the promises and songs of yesterday and I've made up my mind, I ain't wasting no more time" e "I knew your name was trouble but my heart got in the way". Principalmente essa história de saber que você seria um problema e não ter medo logo no começo. Agora eu tenho. E essa é a segunda maior verdade que eu posso dizer. Nada mudou. E eu tenho medo de você.

domingo, 17 de março de 2013

Da falta de coragem.


Through the fish-eyed leans of tear stained eyes
I can barely define the shape of this moment in time
And far from flying high in clear blue skies
I'm spiralling down to the hole in the ground where I hide.

 Como se fosse Alice. Só eu sei como queria que a queda fosse tão agradável quanto Alice a tornou, com todas as suas estantes de livros e pianos pairando ao seu redor - o que diria sobre os meus cigarros apagados e copos de café vazios? A queda está sendo grande, querida, e digo "está sendo" porque nunca acabou, nunca acaba. Já ouviu falar em ciclo vicioso? Pois é. 

If you negotiate the minefield in the drive

And beat the dogs and cheat the cold electronic eyes
And if you make it past the shotgun in the hall,
Dial the combination, open the priesthole
And if I'm in I'll tell you what's behind the wall.

 Eu derrubei o meu muro na hora errada; devia ter esperado pelos gritos de "tear down the wall" em vez de desistir logo no "leaving just a memory". Resta procurar por um abrigo, enquanto os tão falados porcos voadores te ensinam o significado de escárnio, quando riem de você e por Deus, são porcos voadores! Porcos voadores fazem sentido (quando quer estar atrás do muro). 

There's a kid who had a big hallucination

Making love to girls in magazines.
He wonders if you're sleeping with your new found faith.
Could anybody love him
Or is it just a crazy dream?

 Cansei de escrever sobre devaneios e tornar poética a frase sobre porcos que voam. Quero uma vida real, me interessar pelo real, sem viver na sombra de tudo aquilo que eu queria que fosse. A vida não te dá o que quer, dá o que precisa. E às vezes você descobre que não precisava tanto assim, capas de revista podem mentir, fotografias não são provas da verdade. 

And if I show you my dark side

Will you still hold me tonight?
And if I open my heart to you
And show you my weak side
What would you do?
Would you sell your story to Rolling Stone?
Would you take the children away
And leave me alone?
And smile in reassurance
As you whisper down the phone?
Would you send me packing?
Or would you take me home?

 Venda sua história para a Rolling Stone, já nem me importo. Faltam as palavras toda vez que tento mostrar esse lado para alguém - e tem você. O passado assombra. Demora para ser passado. Demora para passar.

Thought I oughta bare my naked feelings,

Thought I oughta tear the curtain down.
I held the blade in trembling hands
Prepared to make it but just then the phone rang
I never had the nerve to make the final cut.
"Hello? Listen, I think I've got it. Okay, listen its a HaHa!" 

 Boa parte das cicatrizes já sumiram.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Coffee and cigarettes

 Hello there, the angel from my nightmare. Faz um bom tempo desde que sentamos e conversamos, não é mesmo? Cale-se; não quero ouvir de você, sou eu que venho para falar hoje. Eu terminei o ensino médio! Lembra-se do meu desespero? Como eu costumava surtar no primeiro ano por não conseguir resolver uma questão da FUVEST? Acontece que nem a FUVEST eu quis, embora tenha passado (acredita nisso?). Eu passei no vestibular da Cásper Líbero - te lembra alguma coisa, eu sei. E agora vou cursar Jornalismo no período da noite, o que vai ser cansativo porque estou trabalhando. Você adoraria o meu local de trabalho! Acho que você até costuma passar algumas tardes lá, na Livraria Cultura, no meio dos seus filmes. Vou te contar que é tão bom trabalhar lá como ser cliente, embora muitas vezes eu chegue arrancando os cabelos de estresse. Acho que eu tô crescendo, me conhecendo, não sei, mas as coisas estão mudando e está tudo bem. Eu fiz dezoito anos. Minha vida anda meio noturna, sabe? Eu descobri que dançar faz bem e que tudo parece melhor sob o luar. Mas isso também é confuso, e tenho andado perdida com algumas coisas; sei que você poderia me ouvir e me ajudar, mas vamos deixar isso pra outra hora, tá? Agora eu prefiro falar sobre esses rumores do The Who vir pro Brasil com a turnê do Quadrophenia. Maravilhoso! Imagina só ver o Roger e o Pete cantando Helpless Dancer, imagina como eu gritaria YOU STOP DANCING! e saberia que nada me pararia. Céus, nada nos pararia... Te contei que eu fui no show do Paul McCartney? Sei que você não gosta de Beatles, mas que noite! Até hoje eu consigo sentir os fogos de Live and Let Die e me arrepiar só de pensar naquela Eleanor Rigby ao vivo. Você se sentiu assim no show do Aerosmith? Não ouço Aerosmith há décadas. Engraçado, costumava ser uma das minhas bandas preferidas, depois de todo o tempo que passei sem ouvir a banda só pra jogar charme pra você. Tenho a discografia inteira no celular, tenho medo de ouvir e não consigo apagar. Por favor, não se incomode com essas lágrimas nos meus olhos - é só coisa de adolescente, sabe, algumas coisas dão saudades. Me disseram que o tempo te faria menos importante e... Quanto tempo faz? Anos. E você é meu melhor amigo, mesmo que a conversa seja um monólogo (mal feito, devo dizer). Mas tá tudo bem, eu me acostumei e eu chego ao fim de cada dia. Vou continuar sonhando, cantando até virar realidade, eu aprendi o que me ensinou. Só vim aqui hoje para te contar que eu estou feliz com tudo o que tenho conseguido. Me deseja boa sorte para esse futuro tão próximo? Sabe que suas palavras são meu amuleto. Ou até seus pensamentos. Desde que eu ainda exista em algum lugar de você. Ou não. Você existe em mim o suficiente por nós dois.
Att.
não sei o porque do título

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

It's a new day, it's a new dawn.

 Eu gosto da "viagem". Dá pra viajar sóbria. E ultimamente tenho andado embriagada por mim mesma, de mim mesma, como se fosse o meu soma. Sempre quis ser meu soma. E fiz da vida um dancefloor - um amigo me disse que se a vida não é um dancefloor tem alguma coisa errada - com meus passos improvisados, estive rodopiando como se fosse mais leve que o ar. Não parece, não é? Se conversei com você, vai saber da raiva, dos estresse, dessas coisas que me tomam por alguns segundos, mas eu estou bem. Melhor do que esperava estar. Bom mesmo é deixar as últimas linhas para trás; os últimos textos estavam carregados de rancores que percebi serem mesquinhos, coisa que é fácil ignorar. Sei lá. Vou aproveitar.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Boas Novas

Poetas e loucos aos poucos, cantores do porvir e mágicos das frases endiabradas sem mel, trago boas novas! bobagens no papel. Balões incendiados, coisas que caem do céu sem mais nem porquê. Queria um dia no mundo poder te mostrar o meu, talento pra loucura, procurar longe do peito. Eu sempre fui perfeito pra fazer discursos longos, fazer discursos longos sobre o que não fazer. Que é que eu vou fazer? Senhoras e senhores, trago boas novas! Eu vi a cara da morte e ela estava viva. Direi milhares de metáforas rimadas e farei das tripas corações, do medo minha oração pra não sei que Deus "H" da hora da partida a tiros de vamos pra vida. ENTÃO VAMOS PRA VIDA!

 Não deixei de existir, meu amado leitor inexistente, mas tenho me perguntando por quê não consigo escrever quando estou feliz. Como estou. E como estou! Eu fui para a vida, comecei a viver, diga o que quiser, sei é que abri os olhos. E que a inspiração me deixou porque estou feliz. 
(Como eu recomendo essa coisa de perceber que nada te falta.)

domingo, 2 de dezembro de 2012

Já não quero palavras, nem delas careço.

 A vida tem sido gentil comigo; hoje escolhi meu lugar ao sol. Descobri que a prosa pode ser poesia nas mil metáforas que a frase implica. E crescer é bom. Dá medo. Medo e coragem de fazer o que nunca fiz e ser quem nunca fui. Tomar-se a si mesmo. Alcançar o si ao invés de sempre parar no ré.
 Acho que até recuperei o brilho nos olhos, e quem diria que para isso o que precisava era passar o dia inteiro em pé e chegar em casa no dia seguinte? É que os livros me fazem bem, sempre fizeram. Fui tomada por uma paz espiritual que parece querer colocar uma aliança nos meus dedos e a caneta não rabisca mais. Não. Dessa vez ela desenha sutilmente a brisa que bate nas árvores do Trianon e o Sol que, por uma vez, é da mesma temperatura da pele.
 Peter Pan é coisa do passado. Bato o pé e recomendo parar de lutar contra o tempo - é só aceitá-lo e fazer o melhor que pode com o que te é dado.

"As lições da infância
desaprendidas na idade madura.
Já não quero palavras
nem delas careço.
Tenho todos os elementos
ao alcance do braço.
Todas as frutas
e consentimentos.
Nenhum desejo débil.
Nem mesmo sinto falta
do que me completa e é quase sempre melancólico.

Estou solto no mundo largo.
Lúcido cavalo
com substância de anjo
circula através de mim.
Sou varado pela noite, atravesso os lagos frios,
absorvo epopéia e carne,
bebo tudo,
desfaço tudo,
torno a criar, a esquecer-me:
durmo agora, recomeço ontem.

(...)"
- C.D.A.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Se lembra quando...

Mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu,
tá tudo assim tão diferente... Se lembra quando a gente chegou um dia
a acreditar que tudo era pra sempre sem saber que o pra sempre sempre acaba?
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém só penso
em vocês e aí então estamos bem. Mesmo com tantos
motivos pra deixar tudo como está. Nem desistir nem tentar e agora
tanto faz... Estamos indo de volta pra casa.

 É triste pensar nessa música, né? Quatro anos pareciam tanto tempo e agora não tenho nem o direito de mais seis horas com vocês. É o fim da maior e melhor parte das nossas vidas, chegou a hora de crescer e eu o fiz com vocês. Existem pedaços de cada aluno do Passionista em mim, existem lembranças, palavras, risadas e até lágrimas que fizeram parte do processo de transformação em tudo o que sou hoje. Marília, foram quatro anos falando de McFly, sendo idiotas e desabafando juntas e você era para quem eu corria quando precisava de um ombro que me entendesse. Gabi e Marcela, queria ter me aproximado de vocês antes... Mas o 3MA só se tornou suportável por ser ao lado de vocês, rindo da Marília ou até mesmo dormindo nas aulas. Erick, já disse que vou sentir saudades da sua risada escandalosa, né? Isabela,  das suas trufas e suas patadas. Gi, Mayara 1, Mayara 2, Pri 1, Pri 2, vocês fizeram três meses parecerem três dias, e acreditem, eu NUNCA vou esquecer vocês. Matheus, seus comentários desnecessários e nojentos vão deixar um vazio nas minhas manhãs. Victor, você é um idiota que deixou a minha bochecha roxa pro primeiro dia de trabalho e você sabe que eu te odeio só que... eu não te odeio e vou sentir MUITO a sua falta. Cuevas, lembro de você toda vez que tomo café e isso é todo dia, e nada mais justo do que te zoar mais uma vez porque sabe como é, as pessoas bebem mais café do que água. Marcos, Fernanda, Arthur, Michelli, quando eu conversava com vocês era coisa de horas e vocês me fazem tão bem. Guilherme, você me irrita e minhas manhãs serão um silêncio inimaginável sem as suas músicas e hiperatividade. Ananda, bom... Você fez o meu ano inesquecível e sabe, pode ser que eu nunca mais venha a falar com você mas eu sempre serei agradecida por você ter feito parte da minha vida. Por mais que às vezes eu pense que eu te odeio eu meio que te amo, e vou sentir saudades. Mais do que você pensa. Bárbara, Vivi, Milene, Aline, Guido,Otávio, Victor, enfim... Todos vocês vão fazer falta no ano que vem e não tenho nada além de obrigado a dizer. Obrigada por me ensinarem que a escola é um ambiente de aprendizagem que transcende as salas de aulas e a grade curricular. Obrigada por todas as brigas, todos os momentos de tensão e de alegria. Obrigada por me deixarem felizmente infeliz nesse final de 2012. Sabe, eu amo todos vocês.
E Thaís, Rafael, Stefanie, Leonardo, Henrique, Gabriela e Thalita (que não estão na escola mas eu preciso falar). Não tenho nada a dizer sobre vocês porque eu sou nada sem os sete e isso não acabou aqui.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Carta para ninguém

 Fiz besteira.
 Era o que eu costumava dizer quando isso acontecia. Eu escolhia alguém de confiança e dizia “fiz besteira”. Mas isso foi uma época diferente. Naqueles dias eu procurava conforto e ajuda, enquanto hoje tenho a consciência de que foi só dessa vez. Uma vez pelo ano inteiro, esse dois mil e doze que está finalmente acabando.
 Eu me lembro bem do começo do ano, tão bons foram aqueles dias. Diziam-me que eu parecia melhor, que no ano anterior eu andava abatida e tudo era verdade. Naqueles primeiros meses fui tomada por uma leveza, uma calmaria e até esperança que nunca conheci antes. Mas sempre fui feita de pedaços e não demorou muito para que eu desmoronasse. Mesmo assim, algo estava mudando.
 Comecei a querer provar que era autossuficiente e este é um hábito que se mantém até hoje. Preferi conviver esses duzentos e quarenta e cinco dias com os fragmentos do meu corpo e alma do que deixar alguém me consertar. Também abandonei os péssimos hábitos dos anos anteriores e passei a me apoiar somente em discos e livros. E essa suposta autossuficiência me transformou em quem sou hoje, nove meses depois de me dizerem que eu “parecia melhor”.
 Gosto e desgosto dessa nova versão do meu eu. O reencontro (e em alguns casos encontro) com a literatura e boa música me permitiu abrir os olhos para inúmeras coisas, mas choque de realidade pode doer. Porém, essa foi a minha escolha, a minha preferência de entender e sofrer a realidade do que continuar a viver naquele mundinho estúpido onde eu precisava me encaixar. Acredite, apesar do teor cansado e melancólico deste relato, não me encaixar foi a melhor escolha.
 E assim o ano se desenrolou através de vales e montanhas. Agora que paro para pensar, o ano foi curto, mas as noites foram longas. Nunca fui muito próxima do sono, mas este ano ele pareceu terminar definitivamente o relacionamento comigo. Eu deitava (ou deito, pois estou na mesma situação neste exato momento) na cama e esperava por horas intermináveis pelo segundo de misericórdia onde eu finalmente cairia no sono. As noites sempre foram, para mim, o velho paradoxo de contentamento descontente. São o meu momento de inspiração, de criatividade, de vontade de escrever, e de pensar. Pensar é perigoso.
 Sem mais delongas, dois mil e doze foi um ano dispensavelmente indispensável (gostei dessa coisa de paradoxos hoje, hein?). Ouvi coisas que gostaria de poder apagar, fiz coisas que me arrependo mais do que em anos anteriores. Aprendi muito. Com livros, músicas e pessoas, apesar de eu não ser uma pessoa tão agradável quanto costumava ser. E todos esses sentimentos, lembranças e palavras que eu gostaria de apagar vieram à tona hoje e eu precisei tirar isso de mim. Da única maneira que eu conhecia.
 Não me arrependo. Como disse no começo, foi só uma vez pelo ano. Foi só pelo sentimento de leveza do “afterwards”.
                E eu aprendi que essa leveza é insustentável. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Tempo


quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele
soprando sulcos na pele soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina
sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma
(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)
acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim
                      e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás
 um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos
acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando
Viviane Mosé

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O tempo não espera

 Quando foi que comecei a correr? Há alguns minutos o céu parecia tão azul... E então, mais rápido que um piscar de olhos, tudo mudou. A avenida se alongou e pessoas pareceram surgir de todos os cantos. E veio aquele sentimento de claustrofobia, embora não houve qualquer parede física por perto.
 Tomei consciência da minha própria existência e me lembrei da aula de Sociologia mais cedo. Lembrei de como uma mente cética e niilista leva ao vazio existencial. Deu vontade de ter fé e algo a mais no que acreditar; talvez algum tipo de transcendente pudesse levar meus pensamentos para longe daquele maldito lugar.
 Maldita avenida. Maldito John Lennon. Maldita Cásper Líbero e maldito Drummond. Maldita cafeína. Malditas árvores e malditos prédios - tinham de ser assim tão altos? Maldita alucinação, que fez meus passos parecerem leves por mais que jogasse os pés contra o asfalto. E, malditos à parte, é fim de ano. 

Kickin' around on a piece of ground in your hometown
Waiting for something or someone to show you the way
Tired of lying in the sunshine, staying home to watch the rain
You are yound and life is long
And there is time to kill today
And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run
You missed the starting gun.
And you run, and you run to catch up with the sun but it's sinking...