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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Epifania, choque de realidade, abrir os olhos... chama do que quiser

Tenho andado distraída, virando os olhos sempre que algum questionamento mais importante do que "qual a próxima música que eu vou ouvir?" surgia na minha mente. O problema é que quando você se afasta de todos os seus amigos, termina um namoro e perde o emprego você tem tempo pra pensar. Muito tempo. E quem lê esse blog sabe que pensar é bem perigoso pra mim.
Eu também tenho mentido pra mim mesma com uma frequência de tempo assustadora. Sabe, eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu não me sinto sozinha. Eu não preciso dessa pessoa. Eu vou ficar bem se meus amigos nunca mais falarem comigo. Eu estou bem. Eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu consigo parar. Eu não tenho um problema. Eu tô bem, eu tô bem, eu tô bem, eu não sou como as outras pessoas.
Mas eu sou. Igualzinha e sem mudar nada. Eu perdi o controle de tudo quando achei que estava recuperando. Eu abandonei todo o progresso que fiz nos últimos meses (ou anos) e voltei a ser aquela Beatriz insegura, sem confiança alguma e que precisa de estranhos para se auto-afirmar. Sabe, se ele quis ficar comigo é porque eu não estou tão mal assim. Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim por uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema, um botequim. Sou dessas mulheres que só dizem sim porque não existe a opção contrária, ao menos eu não acredito que exista.
Hoje eu tirei a noite para pensar naquelas afirmações de que todos precisamos de alguém que nos faça sentir necessários. E eu pensei em como eu desejo isso, mais do que o ar, mais do que essa obsessão louca que me faz sentir necessária para mim mesma. E veja bem, eu não falo especificamente desse amor tão puro cujo boato rola por aí e eu nunca conheci. Eu gostaria de me sentir necessária e essencial para alguém. Qualquer um. Alguém que dissesse "a minha vida não seria a mesma sem você" e que não o fizesse porque é frase padrão em conversas mimimi que rolam em momentos falsamente espontâneos. Porque esse é exatamente o meu problema. Todos são necessários para mim. Seja a amizade construída ao longo de anos ou o cara aleatório que eu conheci na noite passada, cada pessoa que já passou pela minha vida se tornou essencial de uma forma que só eu poderia construir. E as pessoas nunca ficam, sabe? Em algum ponto você precisa deixá-las ir e... eu nunca aprendi a fazer isso.
Eu sei que o conceito de que alguém vai chegar e te salvar de você mesma é totalmente ilusório. Mas também não consigo não acreditar que o sentimento de nunca ser boa o suficiente não é fruto dessa confiança que eu deposito tanto nas pessoas e nunca recebo de volta. Se posso tirar alguns segundos da sua atenção para ser 100% sincera, vou te falar que é uma droga ser aquela que elabora surpresas, presentinhos feitos, cartas espontâneas e nunca receba nada. Não que eu faço algo esperando ser retribuída, mas seria interessante ver como é isso ao menos uma vez.
Como eu disse no começo, eu fechei os meus olhos para tudo isso. Eu me afoguei em álcool e outros escapismos que me matam ao mesmo tempo que me mantém sã. Esse texto foi, de certa forma, uma epifania e um abrir de olhos para mim. Mas tenha a certeza de que no momento em que apertar o publicar eles serão fechados mais uma vez.
Porque eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu tô bem. Eu não preciso das pessoas. Eu não me sinto sozinha. Eu não preciso dessa pessoa. Eu vou ficar bem se meus amigos nunca mais falarem comigo. Eu estou bem. Eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu consigo parar. Eu não tenho um problema. Eu tô bem, eu tô bem, eu tô bem, eu não sou como as outras pessoas.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Que tudo mais vá pro inferno, meu bem.

"As gotas da chuva eram agora pesadas e não havia muito o que se enxergar, e ela correu. Correu para onde ele estivera. E tudo o que encontrou foi o portão de casa." - 21 de setembro de 2012.

It's raining again - oh no! my heart's at an end
Oh no, it's raining again
and you know it's hard to pretend
It's raining again! Too bad I'm losing a friend
Oh no, it's raining again
oh will my heart ever mend?

Eu tenho essa tendência, veja bem. O Dark Side of The Moon me ensinou há algum tempo que tudo abaixo do Sol está em sintonia perfeita (ainda que algumas vezes o Sol seja eclipsado pela Lua). A questão é que eu acredito que a música nos meus fones de ouvido, a marcação no relógio e o clima lá fora estão em sintonia com o que acontece onde ninguém pode ver ou tocar - apesar de confessar que muitas vezes sou eu quem prova essa falsa sintonia. 
Eu nunca soube lidar comigo mesma. Se você já assistiu Vicky Cristina Barcelona (cara, inclusive eu devia ter interpretado a quantidade de vezes que eu assisti esse filme no fim de semana como um prelúdio do que estava para acontecer) você se lembra da frase: 


E o meu problema é o contrário. Eu sei o que eu quero, as coisas boas e as coisas ruins. Mas de vez em quando vem alguém que surpreende e te dá exatamente aquilo que você não sabia que queria. Aliás, você realmente não queria. Você precisava. E bem, obviamente vai doer quando esse brinquedo novo e brilhante for tirado de você, mas acredito que eu já vivi o suficiente para saber que no fim do dia é só você. Ninguém é salvo e não existe essa de "um dia vai chegar alguém que vai abalar o mundo o suficiente para que grandes mudanças aconteçam e, enfim, fique tudo bem". Sabe, na verdade vai ficar tudo bem quando você se deixar ficar bem. É pensamento niilista, eu sei disso - mas a partir do momento em que você aceita ser a única pessoa capaz de promover mudanças reais em você mesma, capaz de te salvar e te amaldiçoar ao mesmo tempo, bem... não fica menos doloroso, mas é mais fácil de aceitar.
No final do dia, sou eu. As pessoas vão embora e elas vão continuar indo embora e eu posso afirmar quase com cem por cento de certeza de que o meu maior defeito é depositar todas as minhas esperanças neles, nos outros, em quem se aproxima demais. Eu já escrevi antes sobre não ser eu mesma, e sim pequenos fragmentos do que as pessoas querem e esperam de mim para que eu possa fazer bem para elas. Elas, nunca eu. Talvez um tempo para mim seja o que eu preciso. Algum tempo para tomar canções emprestadas para as artes da semana, reencontrar os livros, as palavras, os acordes, as teclas do piano e construir mais uma vez aquele muro que é tanto maldição como salvação. A zona de conforto nem sempre é uma coisa ruim, sabe? A minha zona de conforto me manteve sã por muito tempo e eu sei que ela vai fazer o mesmo mais uma vez - com a ajuda do tempo (só o tempo cura cicatrizes e faz o Sol aparecer de novo, né Hodgson?). 
A chuva cai lá fora e o timbre do Caetano se derrama nos meus fones de ouvido. A certeza que isso me dá no momento é de que dói. Dói mais do que eu poderia me dar ao luxo de sentir com todas as coisas consideradas. Mas eu preciso ser mais importante no momento. Eu preciso do meu muro e me afastar das pessoas e gastar todo o meu tempo comigo, comigo e comigo. Não sei se isso significa que a minha fé nas pessoas está abalada, mas acredito que não. Eu amo as pessoas e acho elas incríveis, porém manter uma distância segura é instinto de preservação, sabe? E como eu disse, eu não posso me dar ao luxo de sentir mais do que existe para sentir agora. 
Que fique claro que isso não significa que eu vou abandonar as pessoas - como eu já disse, eu as amo demais para deixar isso acontecer. Mas eu preciso que as minhas emoções e sentimentos sejam direcionados à mim e a ninguém mais, como era antes de tudo acontecer. Talvez eu me surpreenda de novo, talvez me seja entregue algo que eu não sabia que precisava. Mas por ora, eu preciso ser o meu soma e deixar de acreditar que preciso de alguém para me apoiar. E que tudo mais vá pro inferno, meu bem. 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Monólogo (des)sincero

Faz um tempinho que eu não escrevo. Eu costumava chamar meses como esses de bloqueio artístico, mas acho que vale falar que o motivo pelo qual eu me afastei dos cadernos foram o medo de ser sincera comigo mesma. Cara, a honestidade é tão mais difícil do que a mentira. Quando você mente, você diz o que gostaria que fosse a sua realidade. Mas falar a verdade é aquele famoso tapa na cara que pessoas como George Orwell e Roger Waters gostam tanto de dar; é abrir os olhos, é epifania, é doloroso.
Tá, Bia, você falou e falou sobre contar a verdade, mas ainda não disse o que é essa oh-tão-assustadora honestidade. É aí que reside o problema, meu amado leitor inexistente: algumas verdades simplesmente não podem ser ditas. Se pudéssemos voltar no tempo e marcar o momento exato em que a palavra segredo foi inventada, eu diria que provavelmente seria porque alguém sentiu que algo não poderia ser revelado não para o seu próprio benefício, mas para o das outras pessoas. É claro que muitas das coisas que guardamos são mantidas em silêncio por medo de nos machucarmos em situações x ou y, mas acredito veemente que a maioria dos segredos afetariam mais os "aqueles que amamos" do que a nós mesmos.
Só que o grande problema de guardar essas coisas é que elas vão nos consumindo, sabe? Você não quer machucar os outros, mas machuca a si. E em uma das conversas honestas sem medo de ser julgada que eu tive nessa semana eu cheguei a comentar que às vezes achava que as pessoas simplesmente fechavam os olhos, uma vez que algumas coisas parecem tão escancaradas que é quase impossível de acreditar que a galera ao seu redor não sabe o que tá acontecendo. Mas não sei se é exatamente o caso. (na verdade, se posso abrir aqui um parênteses, gostaria de dizer que fechar os olhos para problemas alheios é fácil, fácil demais, tão fácil que já o fiz várias vezes. soluciona bastante coisa, mas dói) Às vezes as pessoas são realmente boas em esconder as coisas. Algumas coisas simplesmente não podem ser ditas e, por isso, não serão.
Mas eles aparecem. Esses segredos que não são descobertos te perseguem e te fazem correr em direções que você nunca seguiu antes e viram o centro do seu mundo de forma irreparável. De repente, eles são tudo o que você consegue pensar. Eles se tornam mais importantes do que os "aqueles que amamos" e viram o motivo para tudo o que acontece contigo, seja isso bom ou ruim. É obsessivo, um vício impregnado mais do que as marcas de nicotina nas pontas do dedo porque esse é um vício mental. Eu sempre digo que a saúde mental é mais importante do que a saúde física e o motivo é EXATAMENTE esse: os vícios físicos podem ser abandonados, ainda que com uma dificuldade tão absurda que a desistência é a maçã proibida no jardim do Éden. Os vícios mentais também podem ser abandonados. Em teoria.
Na prática, sempre tem aquela vozinha nas vértices mais escondidas da sua mente. Essas são as palavras que só você ouve e que te fazem questionar se elas são você ou se a sua sanidade está comprometida a tal ponto de que você não é o único a habitar os seus pensamentos. E é essa voz que é segredo tão comprometedor para outras pessoas (e não para si) que simplesmente não pode ser verbalizada ou explicada de formas humanamente descobertas.
Eu prometo que quando comecei a escrever esse texto a minha intenção era ser honesta sobre alguns aspectos da minha vida nas últimas horas, dias e semanas. Porém, no meio do caminho eu percebi que todas essas partes são como círculos conjuntos que se encontram em um único ponto interseccional que é exatamente isso que tanto amo esconder e, ao mesmo tempo, me mata. Quod me nutrit me destruit. Acho que a Angelina Jolie não tinha noção da complexidade dessa frase quando decidiu marcá-la para sempre na pele.
Bom, acho que na verdade meu objetivo é... pedir desculpas. Por tudo o que aconteceu e por tudo o que vai acontecer. Em um texto escrito há muitos anos eu disse que as pessoas esperavam demais de mim quando deveriam esperar de menos; still true. Acho que no fim do dia essa foi a melhor escolha. Mas como outras coisas que eu enumerei nesse texto, isso dói. Ficar sozinha dói. Mas ter a consciência de que você é uma granada prestes a explodir a qualquer e ferir todos "aqueles que amamos" dói mais do que aguentar todo o peso desses componentes explosivos. Acho que eu já tô balbuciando demais. All things must pass.

domingo, 20 de outubro de 2013

Um monólogo sincero

Às vezes eu sinto vontade disso. De ter uma conversa séria comigo mesma e afastar aquelas metáforas que eu tanto amo e temo. Você sabe, usar palavras simples, sentenças diretas e não camuflar o que é feio e tento tornar bonito. E sabe qual é a coisa mais sincera que eu posso dizer? Nada mudou.
Tenho escrito muito sobre 2012 x 2013, inocência x malícia, infância x adolescência, mas de verdade, eu sempre soube que esse seria o meu caminho. Sempre tive aquele pé depois das 10h da noite e a velha mania de gentileza durante o dia e aquela coisa de "miss nothing" quando a noite chega. Nada mudou.
Também tenho escrito muito sobre chapéus e desconhecidos, mas alguns dias são inesquecíveis, sabe. A primeira noite, a troca de Hitchcock por um batom cor-de-rosa e a noite do cinema. E por mais que eu tenha encontrado aquele Julian Casablancas e disfarçado com outras palavras o que eu queria verdadeiramente dizer para você, bem... Nada mudou.
Hoje é dia de Whitesnake. Dia de "Hanging on the promises and songs of yesterday and I've made up my mind, I ain't wasting no more time" e "I knew your name was trouble but my heart got in the way". Principalmente essa história de saber que você seria um problema e não ter medo logo no começo. Agora eu tenho. E essa é a segunda maior verdade que eu posso dizer. Nada mudou. E eu tenho medo de você.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Você já foi no Hangar 110?

Título alternativo: o ministério das palavras não-ditas adverte que bronquite pode causar desavenças e visita ao tribunal dos artistas e corações sangrentos.

O sonho da Paulista já é tão ano passado. Ninguém me disse que a vida universitária era a porta de entrada para a vida adulta, o trabalho, a falta de tempo e a hipocrisia. Não estou reclamando, eu gosto disso. O que não apetece é a consequência de tudo isso e a falta de coragem de levantar pelo que eu acredito estar certo. Se eu puder te dar um conselho, ele é: orgulho às vezes é humilhação. Evitar conflitos maiores pode resultar em você sendo descartada e nem sempre vale a pena deixar os bens da maioria superarem o bem de um. Alguém me ensina a deixar de acreditar que meu pensamento é pequeno demais diante do resto do mundo?
O que vale é que minha consciência está limpa. E meu boletim também.

domingo, 25 de agosto de 2013

Abre os olhos e descobre o que significa Comfortably Numb

Essa conversa de sentir falta do que costumava ser já ficou tão velha quanto a avenida que costumava chamar de refúgio. Depois de oito meses diretos, essa Paulista virou desgastada. Tá na hora de mudar o discurso, né?
Hoje passeio pelo meu quarto. Muita coisa acontece de um canto ao outro quando sua própria alma se tornou maçante demais; insuportável demais. Percebi que a "antiga eu" nunca deu muito certo. E então decidi que era nova demais pra me preocupar com política; que Pink Floyd traz pensamentos de crise de meia-idade; George Orwell talvez nunca aprendeu a se divertir. Eu me diverti. Céus, como me diverti. Fingi que corpo e mente tinham dezoito anos, mas quem disse que eu gosto de ser adolescente?
Existem dois pólos distantes na minha parede. No primeiro, letras de músicas das minhas bandas preferidas julgam e traduzem o que sempre fui. O segundo parece não se importar; somos humanos ou dançarinos? E The Who grita "you stop dancing!"
Gosto do que fui e do que sou agora. Gosto do meu gosto musical amplo - você sabe, apreciar uma música que te faz arrepiar, mas também dançar sem compromisso ao som de uma canção que não me faça pensar. O problema está naquela crônica sobre o chapéu coco e brincar com as pessoas (entendi minha obsessão por chapéus...) - não foi tão interessante quando deixei que brincassem comigo.
Confortavelmente entorpecida significa encontrar a pessoa que parece perfeita para você e perceber que deixei de ser essencialmente o ideal para ela. Perdi a coragem de despir sentimentos e a ousadia de jogar com as palavras por puro medo de descobrir o que encontraria. Chegou a hora de enfrentar o compromisso: não mais acreditar que sentimentos alheios não importam e que sou jovem e inocente demais para me preocupar com problemas maiores que eu.
Vamos falar sobre equilíbrio?

quarta-feira, 1 de maio de 2013

9. Mr. Brightside

I never...

O fantasma do batom vermelho na noite que o meu era rosa. Você não esperava que eu esquecesse disso tão fácil, esperava? Cansei dessa história de álibi. O estranho que não está vendendo nenhum álibi, o amor que se engasga no próprio álibi. No fim do dia, sou eu quem preciso de um álibi que justifique os erros que nunca serão trocados por sonhos. Erros ingênuos de uma criança ingênua. Mas agora eu vi o suficiente para saber que coisas bonitas nunca permanecem assim, obrigada Madden. Obrigada por me ensinar a abrir olhos desconfiados.

domingo, 31 de março de 2013

Because something is happening here but you don't know what it is,

do you, Miss Nothing?

 Entra na sala com o pincel nas mãos, mas o estranho já se foi. Aqui está você de novo, pequena Charlotte, e enfim te encontro lutando contra a insônia como se o ontem fosse hoje. Mas falávamos sobre o estranho; ainda ontem esteve aqui para devolver sua garganta e agradecer pelo empréstimo. Também me pediu para te deixar um recado. Ele disse: "Te ligaram e disseram 'beware doll, you're bound to fall' e você achou que estavam brincando." Acredito que até acrescentou um all right, Miss Lonely ao final da nota, mas o nada já é pesado. O importante é que aqui está a sua gargante de volta!
 Aqui está sua voz de volta. Ah, querida, você sabe tão bem qual a sua arma para sair do labirinto - tudo o que a esfinge te pede é a solução de um enigma. O que está acontecendo? Não é o mundo que está ao contrário, é só você; quando não esteve? Que a verdade seja dita, fez-se o contrário para que pudesse voltar a encher essas páginas sem pauta. E agora sai batendo à porta de cada esquina, cinema, livraria e botequim que essa São Paulo tem a lhe oferecer, mas a cidade pode te trair, Charlotte. A cidade pode mentir. Não é todo dia que Drummond vai achar uma flor que nasceu no asfalto - e se Drummond não acha,  quem é você para procurar?
 Irônico é o modo como você costumava gritar How to Be a Heartbreaker quando sempre soube que tava mais pra Jugband Blues. Você prometeu que nunca se comprometeria com esse estranho da... De onde veio, mesmo? Não que importe. Não estamos vendendo nenhum álibi e ele te chama agora, não pode recusar. Bob Dylan te ensinou que quando não se tem nada, não há nada a perder. Isso já faz tempo, Charlotte. Desde que decidiu chamar-se Charlotte. Maldito dia esse, não?

 Tinha planejado algo tão melhor do que esse monte de frases soltas do Dylan, mas às vezes as coisas ruins são o que define. Logo eu volto a escrever alguma coisa boa.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Coffee and cigarettes

 Hello there, the angel from my nightmare. Faz um bom tempo desde que sentamos e conversamos, não é mesmo? Cale-se; não quero ouvir de você, sou eu que venho para falar hoje. Eu terminei o ensino médio! Lembra-se do meu desespero? Como eu costumava surtar no primeiro ano por não conseguir resolver uma questão da FUVEST? Acontece que nem a FUVEST eu quis, embora tenha passado (acredita nisso?). Eu passei no vestibular da Cásper Líbero - te lembra alguma coisa, eu sei. E agora vou cursar Jornalismo no período da noite, o que vai ser cansativo porque estou trabalhando. Você adoraria o meu local de trabalho! Acho que você até costuma passar algumas tardes lá, na Livraria Cultura, no meio dos seus filmes. Vou te contar que é tão bom trabalhar lá como ser cliente, embora muitas vezes eu chegue arrancando os cabelos de estresse. Acho que eu tô crescendo, me conhecendo, não sei, mas as coisas estão mudando e está tudo bem. Eu fiz dezoito anos. Minha vida anda meio noturna, sabe? Eu descobri que dançar faz bem e que tudo parece melhor sob o luar. Mas isso também é confuso, e tenho andado perdida com algumas coisas; sei que você poderia me ouvir e me ajudar, mas vamos deixar isso pra outra hora, tá? Agora eu prefiro falar sobre esses rumores do The Who vir pro Brasil com a turnê do Quadrophenia. Maravilhoso! Imagina só ver o Roger e o Pete cantando Helpless Dancer, imagina como eu gritaria YOU STOP DANCING! e saberia que nada me pararia. Céus, nada nos pararia... Te contei que eu fui no show do Paul McCartney? Sei que você não gosta de Beatles, mas que noite! Até hoje eu consigo sentir os fogos de Live and Let Die e me arrepiar só de pensar naquela Eleanor Rigby ao vivo. Você se sentiu assim no show do Aerosmith? Não ouço Aerosmith há décadas. Engraçado, costumava ser uma das minhas bandas preferidas, depois de todo o tempo que passei sem ouvir a banda só pra jogar charme pra você. Tenho a discografia inteira no celular, tenho medo de ouvir e não consigo apagar. Por favor, não se incomode com essas lágrimas nos meus olhos - é só coisa de adolescente, sabe, algumas coisas dão saudades. Me disseram que o tempo te faria menos importante e... Quanto tempo faz? Anos. E você é meu melhor amigo, mesmo que a conversa seja um monólogo (mal feito, devo dizer). Mas tá tudo bem, eu me acostumei e eu chego ao fim de cada dia. Vou continuar sonhando, cantando até virar realidade, eu aprendi o que me ensinou. Só vim aqui hoje para te contar que eu estou feliz com tudo o que tenho conseguido. Me deseja boa sorte para esse futuro tão próximo? Sabe que suas palavras são meu amuleto. Ou até seus pensamentos. Desde que eu ainda exista em algum lugar de você. Ou não. Você existe em mim o suficiente por nós dois.
Att.
não sei o porque do título

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Assinado: miss nothing

 Eu sou você; não pode ou quer me afastar. Sempre estive em ti, baby, dizem que não se pode correr do destino, e as estrelas da sua estrada são o sinalizador para a minha redoma - a nossa redoma, onde somos uma.
 Não me diga que não gosta dessa sensação de me ter em você.
 Não me diga que não gosta do escuro.
 Do desconhecido.
 De ser um desastre belamente depressivo.
 E você, que sempre me chamou de alter-ego. Alter-ego é desculpa para personalidade que tem medo de assumir. Sempre foi o seu medo, certo? Todos os dias, todos os anos, você foi a cara do medo. Respire agora, querida. Como é bom estourar o tourniquet, gritar para e aos céus, estar mais alta que as montanhas e mais baixo do que os vales. Eu te fiz assim. Eu te dei a coragem de ser quem sempre foi e temeu ser, ainda que o ser seja nulo. Você não é nada. O mundo é nada. E não existe nada mais maravilhoso do que o nada.
 Bem-vinda, minha criança, ao planeta boom.

misturar mötley crüe com milan kundera com the pretty reckless com crise de identidade com sempre-fui-miss-nothing

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Um dia na vida.

Dos altos e baixos; e as prateleiras me engoliram. Caleidoscópio de palavras, os livros gritam-se para mim e tenho procurado pelo blasé de Jane Austen mas tudo o que encontrei foram os tapas na cara de George Orwell. E o tempo deixou de correr ao meu lado como o coelho que está sempre atrasado - estou sempre atrasada. Para a vida. A maturidade esqueceu de bater à minha porta e vivo agora nessa sombra de uma Terra do Nunca que criei para mim. Abrir os olhos parece doer. Meu problema já foi o realismo; agora são as máscaras. Desaprendi a conviver com os disfarces e mentiras que correm soltas nessa nova fase, onde as pessoas já são mais inteligentes; agora o perigo é maior, meu bem. A experiência ajuda a machucar, e não a tenho, sendo eu o alvo dos dardos da prática. Vai dizer que sou eu quem crio o drama, mas a verdade é que não fui acostumada à cobrança alheia. É fácil superar as minhas próprias expectativas porque sempre soube que me desapontaria, mas não é assim tão simples decepcionar o outro. Tenho coisa demais a perder nesse jogo, que nem virou um dos meus brinquedos favoritos! No fim, tudo o que preciso é de um pouco de ar. E paz. Uma dose maior de mim mesma e alguns segundos para admirar tudo o que tenho conquistado, balancear o quão longe cheguei e me afastar dessa ponta de precipício onde cheguei. Sei que dá para continuar. Sem sentar e desistir de novo.


My karma tells me you've been screwed again
If you let them do it to you, you've got yourself to blame
It's you who feels the pain.
It's you who takes the shame.
I am a young man, I ain't done very much.
You men should remember how you used to fight.
Just like a child I've been seeing only dreams.
I'm all mixed up but I know what's right.
I'm getting hooked down, I'm being  pushed 'round.
I'm being beaten every day.
My life's fading but things are changing.
I'm not gonna sit and weep again!

domingo, 23 de dezembro de 2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Idalina

 Odeio aquelas conversas de hospital. "O que está tomando? Mora perto daqui? Veja, seu soro está acabando!" Não o meu. Quem me dera o mal-estar fosse apenas físico... Algumas coisas não são resolvidas com um litro de soro. Na realidade, hospitais são deprimentes. Todo aquele clima de abatimento, de doença, de preocupação, que faz pensar na morte. Não que o problema seja a morte, nunca tive esse medo do ato em si, mas é estranho pensar em um mundo sem mim porque tudo o que conheço é o mundo comigo! Bate aquela curiosidade de como ficarão sem você. A experiência me diz que dói, mas um dia você simplesmente aceita e para de pensar em quem se foi, até que um dia a lembrança volta e você se condena por não pensar em quem já foi tão querido um dia. Lembrei do sorriso dela; do brilho em seus olhos enquanto cuidava daquele jardim, aquelas flores que tanto amava, do afeto para com a casa, o amor pela natureza que a cercava. Sei, parece idealização, mas ela realmente existiu e eu cresci com ela. Contava os dias para os finais de semana e amava cada quilômetro da estrada para Arujá. E como era bom correr por aquele sítio, passar horas lendo com aquele ar de paz, de natureza, de tranquilidade, e tê-la ali sorrindo, brincando, contagiando qualquer um com o bom-humor e as festas semanais - todo dia era dia de comemoração. E de repente tudo isso acabou. A criança cresceu, e aquela tia amada se foi. Tão jovem e cheia de vida, como foi estranho não viajar mais, não contemplar os quadros que ela pintava com tanta perfeição. Tantos anos se passaram... Morrer é fácil. Quem morre não sente. Mas a morte deixa esse gosto amargo para quem fica, e ela não ensina a mudar a rotina, não existem meios para aprender a seguir em frente sem alguém tão importante. Mas temos que ir alguma hora, não é? Então que quando seja a minha vez, possa dizer que dei tudo o que podia dar de mim para as outras pessoas. Que eu não seja lembrada como a pessoa fria que me tornei, mas como ela. 
Dedicado a você, Idalina, onde quer que esteja. Você me deu momentos tão bons, por mais criança que fosse. Sinto a sua falta.

sábado, 22 de setembro de 2012

A vida não é feita de suposições.

15/09/2012
 Leio o que quero, suponho que terminou. 
 Leio o que não quero, suponho que virei passado. 
 Suponho que não escreverei mais sobre ti,
 Suponho que sempre soube que me enganava.
 Me recuso a admitir - digo que é suposição
 Mas suponho que nunca vou parar de supor. 
 Suponha que a realidade venha à tona; 
 Que eu abra os olhos e veja que a vida não é feita de suposições.
 Talvez o céu não seja mais azul, 
 Talvez não existam palavras,
 Talvez eu descubra que não faz mais parte de mim.
 A vida não é feita de suposições.
 A vida não é feita de suposições.
 A vida não é feita de suposições.
 (Quem sabe se eu repetir aprenda que
 A vida não é feita de suposições).

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Está chovendo de novo; pena que perco um amigo.

 "Será que esse Sol nunca vai embora?", ela se perguntava, fazendo o tão conhecido caminho para casa. Observava as pessoas ao seu redor; gostava de inventar suas histórias, que viajavam entre mulheres que flertavam com homens ao longo das ruas da cidade apenas para terminar a noite sozinhas, e crianças que dentro de alguns anos tornariam-se artistas com o coração sangrento. Imaginava histórias, e esquecia-se de escrever a sua própria - ela talvez não achasse interessante a maneira como as coisas seguiam naqueles dias ensolarados. O Sol não é tão interessante como a chuva, assim como a estabilidade não é tão espetacular quanto a instabilidade.
 Deparou-se com cinco ou seis crianças que corriam em círculos, umas atrás das outras, e soltavam gargalhadas altas e gritos de surpresa quando alguma delas tropeçava. Foi atingida por um sentimento de nostalgia, invadida por memórias dos anos em que a faculdade, os estereótipos, o dinheiro, a amizade, o amor, a responsabilidade e sua própria existência não eram fatores importantes. "Como é fácil", ela pensou, "brincar em cadeiras de balanço, sem se preocupar com a idade que se tem". E como a idade os dezessete anos são um problema! Não são dezesseis e nem dezoito. Como pode uma pessoa agir como dezessete?
 - Você age como criança às vezes.
 - E qual o mal nisso?
 - Não vai dar certo. Eu não sou criança. 
 - Pois devia. 
 - ...
 - Vou sentir sua falta.
 - ...
 Uma pequena gota de chuva escorreu de seus olhos. Quase conseguia vê-lo ali na sua frente, embora soubesse que ele estava longe demais para ser visto. Cerrou os olhos numa tentativa inútil de se prender àquela alucinação. As gotas da chuva eram agora pesadas e não havia muito o que se enxergar, e ela correu. Correu para onde ele estivera. E tudo o que encontrou foi o portão de casa.


P.s.: Vou colocar meus textos aos poucos aqui. Acontece que blogspot é mais fácil que o weebly haha