domingo, 15 de fevereiro de 2015
Epifania, choque de realidade, abrir os olhos... chama do que quiser
Eu também tenho mentido pra mim mesma com uma frequência de tempo assustadora. Sabe, eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu não me sinto sozinha. Eu não preciso dessa pessoa. Eu vou ficar bem se meus amigos nunca mais falarem comigo. Eu estou bem. Eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu consigo parar. Eu não tenho um problema. Eu tô bem, eu tô bem, eu tô bem, eu não sou como as outras pessoas.
Mas eu sou. Igualzinha e sem mudar nada. Eu perdi o controle de tudo quando achei que estava recuperando. Eu abandonei todo o progresso que fiz nos últimos meses (ou anos) e voltei a ser aquela Beatriz insegura, sem confiança alguma e que precisa de estranhos para se auto-afirmar. Sabe, se ele quis ficar comigo é porque eu não estou tão mal assim. Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim por uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema, um botequim. Sou dessas mulheres que só dizem sim porque não existe a opção contrária, ao menos eu não acredito que exista.
Hoje eu tirei a noite para pensar naquelas afirmações de que todos precisamos de alguém que nos faça sentir necessários. E eu pensei em como eu desejo isso, mais do que o ar, mais do que essa obsessão louca que me faz sentir necessária para mim mesma. E veja bem, eu não falo especificamente desse amor tão puro cujo boato rola por aí e eu nunca conheci. Eu gostaria de me sentir necessária e essencial para alguém. Qualquer um. Alguém que dissesse "a minha vida não seria a mesma sem você" e que não o fizesse porque é frase padrão em conversas mimimi que rolam em momentos falsamente espontâneos. Porque esse é exatamente o meu problema. Todos são necessários para mim. Seja a amizade construída ao longo de anos ou o cara aleatório que eu conheci na noite passada, cada pessoa que já passou pela minha vida se tornou essencial de uma forma que só eu poderia construir. E as pessoas nunca ficam, sabe? Em algum ponto você precisa deixá-las ir e... eu nunca aprendi a fazer isso.
Eu sei que o conceito de que alguém vai chegar e te salvar de você mesma é totalmente ilusório. Mas também não consigo não acreditar que o sentimento de nunca ser boa o suficiente não é fruto dessa confiança que eu deposito tanto nas pessoas e nunca recebo de volta. Se posso tirar alguns segundos da sua atenção para ser 100% sincera, vou te falar que é uma droga ser aquela que elabora surpresas, presentinhos feitos, cartas espontâneas e nunca receba nada. Não que eu faço algo esperando ser retribuída, mas seria interessante ver como é isso ao menos uma vez.
Como eu disse no começo, eu fechei os meus olhos para tudo isso. Eu me afoguei em álcool e outros escapismos que me matam ao mesmo tempo que me mantém sã. Esse texto foi, de certa forma, uma epifania e um abrir de olhos para mim. Mas tenha a certeza de que no momento em que apertar o publicar eles serão fechados mais uma vez.
Porque eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu tô bem. Eu não preciso das pessoas. Eu não me sinto sozinha. Eu não preciso dessa pessoa. Eu vou ficar bem se meus amigos nunca mais falarem comigo. Eu estou bem. Eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu consigo parar. Eu não tenho um problema. Eu tô bem, eu tô bem, eu tô bem, eu não sou como as outras pessoas.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Monólogo (des)sincero
Tá, Bia, você falou e falou sobre contar a verdade, mas ainda não disse o que é essa oh-tão-assustadora honestidade. É aí que reside o problema, meu amado leitor inexistente: algumas verdades simplesmente não podem ser ditas. Se pudéssemos voltar no tempo e marcar o momento exato em que a palavra segredo foi inventada, eu diria que provavelmente seria porque alguém sentiu que algo não poderia ser revelado não para o seu próprio benefício, mas para o das outras pessoas. É claro que muitas das coisas que guardamos são mantidas em silêncio por medo de nos machucarmos em situações x ou y, mas acredito veemente que a maioria dos segredos afetariam mais os "aqueles que amamos" do que a nós mesmos.
Só que o grande problema de guardar essas coisas é que elas vão nos consumindo, sabe? Você não quer machucar os outros, mas machuca a si. E em uma das conversas honestas sem medo de ser julgada que eu tive nessa semana eu cheguei a comentar que às vezes achava que as pessoas simplesmente fechavam os olhos, uma vez que algumas coisas parecem tão escancaradas que é quase impossível de acreditar que a galera ao seu redor não sabe o que tá acontecendo. Mas não sei se é exatamente o caso. (na verdade, se posso abrir aqui um parênteses, gostaria de dizer que fechar os olhos para problemas alheios é fácil, fácil demais, tão fácil que já o fiz várias vezes. soluciona bastante coisa, mas dói) Às vezes as pessoas são realmente boas em esconder as coisas. Algumas coisas simplesmente não podem ser ditas e, por isso, não serão.
Mas eles aparecem. Esses segredos que não são descobertos te perseguem e te fazem correr em direções que você nunca seguiu antes e viram o centro do seu mundo de forma irreparável. De repente, eles são tudo o que você consegue pensar. Eles se tornam mais importantes do que os "aqueles que amamos" e viram o motivo para tudo o que acontece contigo, seja isso bom ou ruim. É obsessivo, um vício impregnado mais do que as marcas de nicotina nas pontas do dedo porque esse é um vício mental. Eu sempre digo que a saúde mental é mais importante do que a saúde física e o motivo é EXATAMENTE esse: os vícios físicos podem ser abandonados, ainda que com uma dificuldade tão absurda que a desistência é a maçã proibida no jardim do Éden. Os vícios mentais também podem ser abandonados. Em teoria.
Na prática, sempre tem aquela vozinha nas vértices mais escondidas da sua mente. Essas são as palavras que só você ouve e que te fazem questionar se elas são você ou se a sua sanidade está comprometida a tal ponto de que você não é o único a habitar os seus pensamentos. E é essa voz que é segredo tão comprometedor para outras pessoas (e não para si) que simplesmente não pode ser verbalizada ou explicada de formas humanamente descobertas.
Eu prometo que quando comecei a escrever esse texto a minha intenção era ser honesta sobre alguns aspectos da minha vida nas últimas horas, dias e semanas. Porém, no meio do caminho eu percebi que todas essas partes são como círculos conjuntos que se encontram em um único ponto interseccional que é exatamente isso que tanto amo esconder e, ao mesmo tempo, me mata. Quod me nutrit me destruit. Acho que a Angelina Jolie não tinha noção da complexidade dessa frase quando decidiu marcá-la para sempre na pele.
Bom, acho que na verdade meu objetivo é... pedir desculpas. Por tudo o que aconteceu e por tudo o que vai acontecer. Em um texto escrito há muitos anos eu disse que as pessoas esperavam demais de mim quando deveriam esperar de menos; still true. Acho que no fim do dia essa foi a melhor escolha. Mas como outras coisas que eu enumerei nesse texto, isso dói. Ficar sozinha dói. Mas ter a consciência de que você é uma granada prestes a explodir a qualquer e ferir todos "aqueles que amamos" dói mais do que aguentar todo o peso desses componentes explosivos. Acho que eu já tô balbuciando demais. All things must pass.
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Drink to me; drink to my healt; you know I can't drink anymore
Talvez não do mundo, mas acima de todos os arranha-céus que há muito decoram a selva de pedra que apelidamos de São Paulo. E, aqui em cima, tudo parece como realmente é: desprezível, pequeno, destrutível, de papel.
Percebo que não estou sozinha. Um homem de cabelos encaracolados e olhos pretos (que mais parecem vazios do que coloridos) me encara, um lápis em uma das mãos e uma espada na outra. De repente, ele solta uma risada histérica e os produtos do cabelo derretem. Reconheço-o como o guitarrista daquela velha banda que me agradava; não lembro seu nome. Ele me oferece os dois objetos - recolho ambos. Seu olhar está fixado em mim; não, espere. Atrás de mim. Viro-me e encaro o meu próprio reflexo num espelho solitário (juro que não estava ali antes). Meu reflexo move-se e eu não.
A mão esquerda quebra o lápis. A mão direita leva lentamente a ponta da espada aos lábios. Abaixo os olhos para o meu corpo real - pelo menos acredito ser real - e minhas mãos permanecem imóveis. Volto para o espelho. A espada agora desliza pela minha garganta e sinto a dor da lâmina, cruel, ríspida e sem misericórdia.
Eu estou sangrando.
E o meu reflexo sorri - cínico -, "aqui está sua garganta de volta. Obrigada pelo empréstimo."
da lista de sonhos sobre os quais eu provavelmente não deveria escrever.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Direto e niilista... mas dessa vez é pessoal
Todos os dias eu desço as escadas da estação Brigadeiro sabendo que sou Evey ou Alice e seus pensamentos. Ali atrás não há sinal de estrelas. Isso vale uma metáfora pobre quando se pensa que cada estrela apagada foi uma promessa quebrada, uma ponte desmoronada e uma palavra riscada. Vai me chamar de descrente, niilista - mas o tempo me fez assim. Pessoas e experiências me distanciam da fé de que existe um propósito nisso tudo. Cada cigarro apagado na rua é símbolo de uma tentativa desesperada de se segurar em qualquer coisa palpável nessa São Paulo abstrata.
Talvez seja o 5 de novembro. Talvez seja a coragem desvalorizada e não respondida. Talvez seja O Caçador de Pipas. No fim do dia, a chuva é o que resta de cada minuto que poderia ser apagado. Qualquer coisa para esquecer todas as coisas.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Você já foi no Hangar 110?
Título alternativo: o ministério das palavras não-ditas adverte que bronquite pode causar desavenças e visita ao tribunal dos artistas e corações sangrentos.
O sonho da Paulista já é tão ano passado. Ninguém me disse que a vida universitária era a porta de entrada para a vida adulta, o trabalho, a falta de tempo e a hipocrisia. Não estou reclamando, eu gosto disso. O que não apetece é a consequência de tudo isso e a falta de coragem de levantar pelo que eu acredito estar certo. Se eu puder te dar um conselho, ele é: orgulho às vezes é humilhação. Evitar conflitos maiores pode resultar em você sendo descartada e nem sempre vale a pena deixar os bens da maioria superarem o bem de um. Alguém me ensina a deixar de acreditar que meu pensamento é pequeno demais diante do resto do mundo?
O que vale é que minha consciência está limpa. E meu boletim também.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Mother, should I (re)build the wall?
Zona de conforto. Não entendo toda essa algazarra em torno do conceito. O que existe de tão errado em respeitar os limites que você mesmo cria? Sua zona de conforto é, afinal, sua zona de segurança, seu escudo contra qualquer coisa que possa machucar. E por que infernos você iria querer se machucar?
Sair da zona de conforto é desconfortável, constrangedor, perigoso e arriscado. Vou fazer melhot reconstruindo aquele muro de tijolos brancos e canções codificadas.
domingo, 11 de agosto de 2013
Closer to the edge...
Se hoje fosse há um ano, eu estaria entre as paredes de uma biblioteca com o rosto enterrado nas páginas de um livro que fizesse vista grossa ao mundo onde vivo. Hoje, em 2013, o ceticismo e niilismo são deixados para trás escada acima e noite adentro.
Se nesse mesmo dia há um ano eu viesse a conhecer alguém que falasse e agisse como eu, a tendência seria que minha mente recitasse esporadicamente Young Lust ou qualquer outra melodia que condenasse e traduzisse a incapacidade de compreender um universo onde uma noite perfeitamente adequada para um romance noir fosse gasta na iluminação fraca de luzes piscantes.
Hoje eu decidi viver como dois mil e doze; aquecida, confortável, descansada. Um copo de café na mão e aquele velho filme da Audrey Hepburn que me ensinou que não pertencemos a ninguém e o que são os dias vermelhos. Me perguntei qual seria o meu caminho até um lugar como a Tiffany's. Você sabe, que seja como um lar e me deixe ser dona das coisas.
Como 2013 foi dono do meu ser; Julho chegou e se foi para me ensinar que deixar as coisas fluírem nem sempre é a melhor opção. Dormir é bom e acordar pode ser melhor ainda. A resposta é o equilíbrio. Que Julho seja o equilíbrio entre os anos passados, que virão e um gato com um nome.