Tenho andado distraída, virando os olhos sempre que algum questionamento mais importante do que "qual a próxima música que eu vou ouvir?" surgia na minha mente. O problema é que quando você se afasta de todos os seus amigos, termina um namoro e perde o emprego você tem tempo pra pensar. Muito tempo. E quem lê esse blog sabe que pensar é bem perigoso pra mim.
Eu também tenho mentido pra mim mesma com uma frequência de tempo assustadora. Sabe, eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu não me sinto sozinha. Eu não preciso dessa pessoa. Eu vou ficar bem se meus amigos nunca mais falarem comigo. Eu estou bem. Eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu consigo parar. Eu não tenho um problema. Eu tô bem, eu tô bem, eu tô bem, eu não sou como as outras pessoas.
Mas eu sou. Igualzinha e sem mudar nada. Eu perdi o controle de tudo quando achei que estava recuperando. Eu abandonei todo o progresso que fiz nos últimos meses (ou anos) e voltei a ser aquela Beatriz insegura, sem confiança alguma e que precisa de estranhos para se auto-afirmar. Sabe, se ele quis ficar comigo é porque eu não estou tão mal assim. Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim por uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema, um botequim. Sou dessas mulheres que só dizem sim porque não existe a opção contrária, ao menos eu não acredito que exista.
Hoje eu tirei a noite para pensar naquelas afirmações de que todos precisamos de alguém que nos faça sentir necessários. E eu pensei em como eu desejo isso, mais do que o ar, mais do que essa obsessão louca que me faz sentir necessária para mim mesma. E veja bem, eu não falo especificamente desse amor tão puro cujo boato rola por aí e eu nunca conheci. Eu gostaria de me sentir necessária e essencial para alguém. Qualquer um. Alguém que dissesse "a minha vida não seria a mesma sem você" e que não o fizesse porque é frase padrão em conversas mimimi que rolam em momentos falsamente espontâneos. Porque esse é exatamente o meu problema. Todos são necessários para mim. Seja a amizade construída ao longo de anos ou o cara aleatório que eu conheci na noite passada, cada pessoa que já passou pela minha vida se tornou essencial de uma forma que só eu poderia construir. E as pessoas nunca ficam, sabe? Em algum ponto você precisa deixá-las ir e... eu nunca aprendi a fazer isso.
Eu sei que o conceito de que alguém vai chegar e te salvar de você mesma é totalmente ilusório. Mas também não consigo não acreditar que o sentimento de nunca ser boa o suficiente não é fruto dessa confiança que eu deposito tanto nas pessoas e nunca recebo de volta. Se posso tirar alguns segundos da sua atenção para ser 100% sincera, vou te falar que é uma droga ser aquela que elabora surpresas, presentinhos feitos, cartas espontâneas e nunca receba nada. Não que eu faço algo esperando ser retribuída, mas seria interessante ver como é isso ao menos uma vez.
Como eu disse no começo, eu fechei os meus olhos para tudo isso. Eu me afoguei em álcool e outros escapismos que me matam ao mesmo tempo que me mantém sã. Esse texto foi, de certa forma, uma epifania e um abrir de olhos para mim. Mas tenha a certeza de que no momento em que apertar o publicar eles serão fechados mais uma vez.
Porque eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu tô bem. Eu não preciso das pessoas. Eu não me sinto sozinha. Eu não preciso dessa pessoa. Eu vou ficar bem se meus amigos nunca mais falarem comigo. Eu estou bem. Eu vou parar quando chegar onde eu quero. Eu consigo parar. Eu não tenho um problema. Eu tô bem, eu tô bem, eu tô bem, eu não sou como as outras pessoas.
Mostrando postagens com marcador Realidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Realidade. Mostrar todas as postagens
domingo, 15 de fevereiro de 2015
Epifania, choque de realidade, abrir os olhos... chama do que quiser
Marcadores:
Alice,
Amor?,
Café,
choque,
confissões,
Desabafos,
Diário,
dias vermelhos,
Epifania,
Inocência,
Insônia,
Loucura,
Medo,
Quadrophenia,
Realidade
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem.
"As gotas da chuva eram agora pesadas e não havia muito o que se enxergar, e ela correu. Correu para onde ele estivera. E tudo o que encontrou foi o portão de casa." - 21 de setembro de 2012.
It's raining again - oh no! my heart's at an end
Oh no, it's raining again
and you know it's hard to pretend
It's raining again! Too bad I'm losing a friend
Oh no, it's raining again
oh will my heart ever mend?
Eu tenho essa tendência, veja bem. O Dark Side of The Moon me ensinou há algum tempo que tudo abaixo do Sol está em sintonia perfeita (ainda que algumas vezes o Sol seja eclipsado pela Lua). A questão é que eu acredito que a música nos meus fones de ouvido, a marcação no relógio e o clima lá fora estão em sintonia com o que acontece onde ninguém pode ver ou tocar - apesar de confessar que muitas vezes sou eu quem prova essa falsa sintonia.
Eu nunca soube lidar comigo mesma. Se você já assistiu Vicky Cristina Barcelona (cara, inclusive eu devia ter interpretado a quantidade de vezes que eu assisti esse filme no fim de semana como um prelúdio do que estava para acontecer) você se lembra da frase:
E o meu problema é o contrário. Eu sei o que eu quero, as coisas boas e as coisas ruins. Mas de vez em quando vem alguém que surpreende e te dá exatamente aquilo que você não sabia que queria. Aliás, você realmente não queria. Você precisava. E bem, obviamente vai doer quando esse brinquedo novo e brilhante for tirado de você, mas acredito que eu já vivi o suficiente para saber que no fim do dia é só você. Ninguém é salvo e não existe essa de "um dia vai chegar alguém que vai abalar o mundo o suficiente para que grandes mudanças aconteçam e, enfim, fique tudo bem". Sabe, na verdade vai ficar tudo bem quando você se deixar ficar bem. É pensamento niilista, eu sei disso - mas a partir do momento em que você aceita ser a única pessoa capaz de promover mudanças reais em você mesma, capaz de te salvar e te amaldiçoar ao mesmo tempo, bem... não fica menos doloroso, mas é mais fácil de aceitar.
No final do dia, sou eu. As pessoas vão embora e elas vão continuar indo embora e eu posso afirmar quase com cem por cento de certeza de que o meu maior defeito é depositar todas as minhas esperanças neles, nos outros, em quem se aproxima demais. Eu já escrevi antes sobre não ser eu mesma, e sim pequenos fragmentos do que as pessoas querem e esperam de mim para que eu possa fazer bem para elas. Elas, nunca eu. Talvez um tempo para mim seja o que eu preciso. Algum tempo para tomar canções emprestadas para as artes da semana, reencontrar os livros, as palavras, os acordes, as teclas do piano e construir mais uma vez aquele muro que é tanto maldição como salvação. A zona de conforto nem sempre é uma coisa ruim, sabe? A minha zona de conforto me manteve sã por muito tempo e eu sei que ela vai fazer o mesmo mais uma vez - com a ajuda do tempo (só o tempo cura cicatrizes e faz o Sol aparecer de novo, né Hodgson?).
A chuva cai lá fora e o timbre do Caetano se derrama nos meus fones de ouvido. A certeza que isso me dá no momento é de que dói. Dói mais do que eu poderia me dar ao luxo de sentir com todas as coisas consideradas. Mas eu preciso ser mais importante no momento. Eu preciso do meu muro e me afastar das pessoas e gastar todo o meu tempo comigo, comigo e comigo. Não sei se isso significa que a minha fé nas pessoas está abalada, mas acredito que não. Eu amo as pessoas e acho elas incríveis, porém manter uma distância segura é instinto de preservação, sabe? E como eu disse, eu não posso me dar ao luxo de sentir mais do que existe para sentir agora.
Que fique claro que isso não significa que eu vou abandonar as pessoas - como eu já disse, eu as amo demais para deixar isso acontecer. Mas eu preciso que as minhas emoções e sentimentos sejam direcionados à mim e a ninguém mais, como era antes de tudo acontecer. Talvez eu me surpreenda de novo, talvez me seja entregue algo que eu não sabia que precisava. Mas por ora, eu preciso ser o meu soma e deixar de acreditar que preciso de alguém para me apoiar. E que tudo mais vá pro inferno, meu bem.
Marcadores:
Amor,
Amor?,
chuva,
confissões,
Desabafos,
Diário,
dias vermelhos,
Epifania,
Inocência,
Monólogo,
mudanças,
Niilismo,
pensamentos,
Realidade,
Tempo,
The Wall,
xxxx
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Monólogo (des)sincero
Faz um tempinho que eu não escrevo. Eu costumava chamar meses como esses de bloqueio artístico, mas acho que vale falar que o motivo pelo qual eu me afastei dos cadernos foram o medo de ser sincera comigo mesma. Cara, a honestidade é tão mais difícil do que a mentira. Quando você mente, você diz o que gostaria que fosse a sua realidade. Mas falar a verdade é aquele famoso tapa na cara que pessoas como George Orwell e Roger Waters gostam tanto de dar; é abrir os olhos, é epifania, é doloroso.
Tá, Bia, você falou e falou sobre contar a verdade, mas ainda não disse o que é essa oh-tão-assustadora honestidade. É aí que reside o problema, meu amado leitor inexistente: algumas verdades simplesmente não podem ser ditas. Se pudéssemos voltar no tempo e marcar o momento exato em que a palavra segredo foi inventada, eu diria que provavelmente seria porque alguém sentiu que algo não poderia ser revelado não para o seu próprio benefício, mas para o das outras pessoas. É claro que muitas das coisas que guardamos são mantidas em silêncio por medo de nos machucarmos em situações x ou y, mas acredito veemente que a maioria dos segredos afetariam mais os "aqueles que amamos" do que a nós mesmos.
Só que o grande problema de guardar essas coisas é que elas vão nos consumindo, sabe? Você não quer machucar os outros, mas machuca a si. E em uma das conversas honestas sem medo de ser julgada que eu tive nessa semana eu cheguei a comentar que às vezes achava que as pessoas simplesmente fechavam os olhos, uma vez que algumas coisas parecem tão escancaradas que é quase impossível de acreditar que a galera ao seu redor não sabe o que tá acontecendo. Mas não sei se é exatamente o caso. (na verdade, se posso abrir aqui um parênteses, gostaria de dizer que fechar os olhos para problemas alheios é fácil, fácil demais, tão fácil que já o fiz várias vezes. soluciona bastante coisa, mas dói) Às vezes as pessoas são realmente boas em esconder as coisas. Algumas coisas simplesmente não podem ser ditas e, por isso, não serão.
Mas eles aparecem. Esses segredos que não são descobertos te perseguem e te fazem correr em direções que você nunca seguiu antes e viram o centro do seu mundo de forma irreparável. De repente, eles são tudo o que você consegue pensar. Eles se tornam mais importantes do que os "aqueles que amamos" e viram o motivo para tudo o que acontece contigo, seja isso bom ou ruim. É obsessivo, um vício impregnado mais do que as marcas de nicotina nas pontas do dedo porque esse é um vício mental. Eu sempre digo que a saúde mental é mais importante do que a saúde física e o motivo é EXATAMENTE esse: os vícios físicos podem ser abandonados, ainda que com uma dificuldade tão absurda que a desistência é a maçã proibida no jardim do Éden. Os vícios mentais também podem ser abandonados. Em teoria.
Na prática, sempre tem aquela vozinha nas vértices mais escondidas da sua mente. Essas são as palavras que só você ouve e que te fazem questionar se elas são você ou se a sua sanidade está comprometida a tal ponto de que você não é o único a habitar os seus pensamentos. E é essa voz que é segredo tão comprometedor para outras pessoas (e não para si) que simplesmente não pode ser verbalizada ou explicada de formas humanamente descobertas.
Eu prometo que quando comecei a escrever esse texto a minha intenção era ser honesta sobre alguns aspectos da minha vida nas últimas horas, dias e semanas. Porém, no meio do caminho eu percebi que todas essas partes são como círculos conjuntos que se encontram em um único ponto interseccional que é exatamente isso que tanto amo esconder e, ao mesmo tempo, me mata. Quod me nutrit me destruit. Acho que a Angelina Jolie não tinha noção da complexidade dessa frase quando decidiu marcá-la para sempre na pele.
Bom, acho que na verdade meu objetivo é... pedir desculpas. Por tudo o que aconteceu e por tudo o que vai acontecer. Em um texto escrito há muitos anos eu disse que as pessoas esperavam demais de mim quando deveriam esperar de menos; still true. Acho que no fim do dia essa foi a melhor escolha. Mas como outras coisas que eu enumerei nesse texto, isso dói. Ficar sozinha dói. Mas ter a consciência de que você é uma granada prestes a explodir a qualquer e ferir todos "aqueles que amamos" dói mais do que aguentar todo o peso desses componentes explosivos. Acho que eu já tô balbuciando demais. All things must pass.
Tá, Bia, você falou e falou sobre contar a verdade, mas ainda não disse o que é essa oh-tão-assustadora honestidade. É aí que reside o problema, meu amado leitor inexistente: algumas verdades simplesmente não podem ser ditas. Se pudéssemos voltar no tempo e marcar o momento exato em que a palavra segredo foi inventada, eu diria que provavelmente seria porque alguém sentiu que algo não poderia ser revelado não para o seu próprio benefício, mas para o das outras pessoas. É claro que muitas das coisas que guardamos são mantidas em silêncio por medo de nos machucarmos em situações x ou y, mas acredito veemente que a maioria dos segredos afetariam mais os "aqueles que amamos" do que a nós mesmos.
Só que o grande problema de guardar essas coisas é que elas vão nos consumindo, sabe? Você não quer machucar os outros, mas machuca a si. E em uma das conversas honestas sem medo de ser julgada que eu tive nessa semana eu cheguei a comentar que às vezes achava que as pessoas simplesmente fechavam os olhos, uma vez que algumas coisas parecem tão escancaradas que é quase impossível de acreditar que a galera ao seu redor não sabe o que tá acontecendo. Mas não sei se é exatamente o caso. (na verdade, se posso abrir aqui um parênteses, gostaria de dizer que fechar os olhos para problemas alheios é fácil, fácil demais, tão fácil que já o fiz várias vezes. soluciona bastante coisa, mas dói) Às vezes as pessoas são realmente boas em esconder as coisas. Algumas coisas simplesmente não podem ser ditas e, por isso, não serão.
Mas eles aparecem. Esses segredos que não são descobertos te perseguem e te fazem correr em direções que você nunca seguiu antes e viram o centro do seu mundo de forma irreparável. De repente, eles são tudo o que você consegue pensar. Eles se tornam mais importantes do que os "aqueles que amamos" e viram o motivo para tudo o que acontece contigo, seja isso bom ou ruim. É obsessivo, um vício impregnado mais do que as marcas de nicotina nas pontas do dedo porque esse é um vício mental. Eu sempre digo que a saúde mental é mais importante do que a saúde física e o motivo é EXATAMENTE esse: os vícios físicos podem ser abandonados, ainda que com uma dificuldade tão absurda que a desistência é a maçã proibida no jardim do Éden. Os vícios mentais também podem ser abandonados. Em teoria.
Na prática, sempre tem aquela vozinha nas vértices mais escondidas da sua mente. Essas são as palavras que só você ouve e que te fazem questionar se elas são você ou se a sua sanidade está comprometida a tal ponto de que você não é o único a habitar os seus pensamentos. E é essa voz que é segredo tão comprometedor para outras pessoas (e não para si) que simplesmente não pode ser verbalizada ou explicada de formas humanamente descobertas.
Eu prometo que quando comecei a escrever esse texto a minha intenção era ser honesta sobre alguns aspectos da minha vida nas últimas horas, dias e semanas. Porém, no meio do caminho eu percebi que todas essas partes são como círculos conjuntos que se encontram em um único ponto interseccional que é exatamente isso que tanto amo esconder e, ao mesmo tempo, me mata. Quod me nutrit me destruit. Acho que a Angelina Jolie não tinha noção da complexidade dessa frase quando decidiu marcá-la para sempre na pele.
Bom, acho que na verdade meu objetivo é... pedir desculpas. Por tudo o que aconteceu e por tudo o que vai acontecer. Em um texto escrito há muitos anos eu disse que as pessoas esperavam demais de mim quando deveriam esperar de menos; still true. Acho que no fim do dia essa foi a melhor escolha. Mas como outras coisas que eu enumerei nesse texto, isso dói. Ficar sozinha dói. Mas ter a consciência de que você é uma granada prestes a explodir a qualquer e ferir todos "aqueles que amamos" dói mais do que aguentar todo o peso desses componentes explosivos. Acho que eu já tô balbuciando demais. All things must pass.
Marcadores:
Amor?,
Café,
confissões,
Desabafos,
Destino,
Diário,
dias vermelhos,
Inocência,
Medo,
Monólogo,
mudanças,
Niilismo,
Quadrophenia,
Realidade,
Saudades
terça-feira, 23 de setembro de 2014
A inevitável confusão dxs bissexuais
Hoje (23) é comemorado o Dia da Celebração Bissexual, que também pode ser entendido como dia da visibilidade bi. Nada mais justo que separemos essa data para falar sobre um fato inevitável na vida de todx e qualquer bissexual: nós estamos, SIM, confusos.
Estamos confusos com a sua confusão e a sua necessidade de nos jogar perguntas como "mas você prefere homens ou mulheres?". Pior ainda: se estamos em um relacionamento com alguém, puf. Como um passe de mágica, não somos mais bissexuais. Hm, isso é bem confuso.
Acredito que me precipitei ao usar a expressão "pior ainda" porque, acreditem, existe algo pior ainda. Algo que nos deixa mais confusos do que a sua própria confusão. E esse algo é o seu ceticismo quando você nos fala que "bissexuais não existem".
É verdade, nós não existimos. Na verdade, somos todos unicórnios pintados de rosa, roxo e azul que caminham (ou trotam?) pela cidade atirando um pó mágico em garotos e garotas para que eles se sintam atraídos por nós. Ah, e eu esqueci de mencionar que nós vivemos em uma dimensão paralela e só podemos aparecer no dia 23 de setembro.
Por isso, bissexuais estão confusos o tempo todo. Confusos com o seu preconceito, com a sua mente fechada e com a sua bifobia. A sua falta de confiança em nós, o que, aliás, eu nunca entendi muito bem. Afinal, como você consegue confiar na sua namorada quando ela se sente atraída por outros homens e vice-versa? Eu, particularmente, estou confusa com toda essa confusão.
NÓS ESTAMOS AQUI. Nós temos o nosso lugarzinho na sigla LGBT e não vamos a lugar algum. E quer uma dica? Aceitar isso é fácil, lógico e tem a sua parcela de diversão. ;)
Estamos confusos com a sua confusão e a sua necessidade de nos jogar perguntas como "mas você prefere homens ou mulheres?". Pior ainda: se estamos em um relacionamento com alguém, puf. Como um passe de mágica, não somos mais bissexuais. Hm, isso é bem confuso.
Acredito que me precipitei ao usar a expressão "pior ainda" porque, acreditem, existe algo pior ainda. Algo que nos deixa mais confusos do que a sua própria confusão. E esse algo é o seu ceticismo quando você nos fala que "bissexuais não existem".
É verdade, nós não existimos. Na verdade, somos todos unicórnios pintados de rosa, roxo e azul que caminham (ou trotam?) pela cidade atirando um pó mágico em garotos e garotas para que eles se sintam atraídos por nós. Ah, e eu esqueci de mencionar que nós vivemos em uma dimensão paralela e só podemos aparecer no dia 23 de setembro.
Por isso, bissexuais estão confusos o tempo todo. Confusos com o seu preconceito, com a sua mente fechada e com a sua bifobia. A sua falta de confiança em nós, o que, aliás, eu nunca entendi muito bem. Afinal, como você consegue confiar na sua namorada quando ela se sente atraída por outros homens e vice-versa? Eu, particularmente, estou confusa com toda essa confusão.
NÓS ESTAMOS AQUI. Nós temos o nosso lugarzinho na sigla LGBT e não vamos a lugar algum. E quer uma dica? Aceitar isso é fácil, lógico e tem a sua parcela de diversão. ;)
domingo, 25 de maio de 2014
Feminismo: essa ideia louca de achar que mulher é gente
São Paulo, 24 de maio de 2014 - "Machistas, machistas, não passarão!" Uma multidão de aproximadamente 100 mulheres encurralou um homem que fez um comentário contra as militantes que acompanhavam a Marcha das Vadias. Sem qualquer indício de violência, percebia-se nos olhos daquele homem que ele nunca imaginou ser assustado por mulheres que gritavam contra o machismo, conceito com o qual ele provavelmente conviveu de acordo por toda a sua vida.
Machistas não passariam, mas as mulheres (que não são putas, nem santas) sim. Não sei o número exato de adolescentes, adultas, idosas e até crianças que caminhavam pela Avenida Paulista e a Rua Augusta gritando por seus direitos: o respeito, a liberdade sexual, o fim da opressão e controle sob o próprio corpo. Nos cartazes, mensagens como "Assobio não é elogio" e "Feminismo: essa ideia louca de achar que mulher é gente" tinham o objetivo de chocar e conscientizar. Afinal, era grande a quantidade de homens que saíam dos bares e comércios da Augusta para observar e, muitas vezes, comentar sobre os "peitos de fora das feministas".
Esse último, na verdade, foi o que mais me chamou atenção por toda a Marcha. O motivo é simples: há algumas décadas, o pensamento de que uma mulher seria gente assim como um homem seria irracional. Só seria algo pensado por uma mulher e este pensamento, por sua vez, seria calado por medo da sociedade patriarcal. O tema adotado pela Marcha (Quem Cala Não Consente) era extremamente presencial dentro de casa, uma vez que o dever da mulher era procriar e dar ao patriarca os filhos varões que seriam seus herdeiros.
Será que o papel e a imagem da mulher mudaram tanto assim desde então? Claro que as vitórias não podem ser ignoradas. A mulher está inserida no mercado de trabalho (muitas vezes com salários mais baixos do que os homens). A mulher pode ser mãe solteira (e será considerada puta, vadia). As mulheres são encontradas nos bares (apesar do fato de que mulher bebendo cerveja é feio). A mulher não é mais obrigada a cobrir todo o corpo (mas ela precisa entender que shorts, saia e vestidos curtos são pedidos de estupro).
No dia seguinte, li uma notícia sobre uma mulher que foi assassinada por... ser mulher. O assassino declarou que as mulheres devem ser tratadas dessa forma porque são elas as culpadas por acharem que são superiores aos homens. Não faz sentido a mulher deter o poder sobre quem vai transar e quem não vai. Os homens devem fazer essa escolha por elas, a fim deixar de criar os filhos que nascem da relação entre a mulher e o parceiro não ideal escolhido por ela. Os homens devem escolher as suas parceiras de acordo com os seus interesses quanto ao futuro de toda a geração. A mulher deve calar, sem consentir.
É patético (não existe outra palavra), portanto, pensar que o feminismo é uma causa desnecessária. Quantas vezes ouvimos que a mulher não precisa mais lutar pelos seus direitos por já tê-los conquistado - esquecendo dos parênteses que seguem todas as conquistas - e deveria defender outras causas? Quantas vezes já fomos reprimidas sexualmente - muitas vezes por outras mulheres, por pessoas da sua família - por desejar a liberdade de escolher parceirxs de acordo com nossa preferência e opção sexual? E depois de exercer essa liberdade, quantas vezes nos sentimentos culpadas por essa escolha não corresponder aos padrões das pessoas com as quais temos contato?
Por isso, a nossa luta é todo dia. Parece radical, parece utópico - mas penso que a luta deve continuar até que o termo feminismo não seja mais necessário. A luta deve seguir enquanto o machismo, racismo, homolesbotransfobia, o feminismo transfóbico e a opressão existirem, enquanto mulheres sejam assassinadas, linchadas, espancadas, julgadas e estupradas por exercerem atividades que são do seu direito. Até o dia no qual não precisaremos provar que somos gente como toda a gente.
Machistas não passariam, mas as mulheres (que não são putas, nem santas) sim. Não sei o número exato de adolescentes, adultas, idosas e até crianças que caminhavam pela Avenida Paulista e a Rua Augusta gritando por seus direitos: o respeito, a liberdade sexual, o fim da opressão e controle sob o próprio corpo. Nos cartazes, mensagens como "Assobio não é elogio" e "Feminismo: essa ideia louca de achar que mulher é gente" tinham o objetivo de chocar e conscientizar. Afinal, era grande a quantidade de homens que saíam dos bares e comércios da Augusta para observar e, muitas vezes, comentar sobre os "peitos de fora das feministas".
Esse último, na verdade, foi o que mais me chamou atenção por toda a Marcha. O motivo é simples: há algumas décadas, o pensamento de que uma mulher seria gente assim como um homem seria irracional. Só seria algo pensado por uma mulher e este pensamento, por sua vez, seria calado por medo da sociedade patriarcal. O tema adotado pela Marcha (Quem Cala Não Consente) era extremamente presencial dentro de casa, uma vez que o dever da mulher era procriar e dar ao patriarca os filhos varões que seriam seus herdeiros.
Será que o papel e a imagem da mulher mudaram tanto assim desde então? Claro que as vitórias não podem ser ignoradas. A mulher está inserida no mercado de trabalho (muitas vezes com salários mais baixos do que os homens). A mulher pode ser mãe solteira (e será considerada puta, vadia). As mulheres são encontradas nos bares (apesar do fato de que mulher bebendo cerveja é feio). A mulher não é mais obrigada a cobrir todo o corpo (mas ela precisa entender que shorts, saia e vestidos curtos são pedidos de estupro).
No dia seguinte, li uma notícia sobre uma mulher que foi assassinada por... ser mulher. O assassino declarou que as mulheres devem ser tratadas dessa forma porque são elas as culpadas por acharem que são superiores aos homens. Não faz sentido a mulher deter o poder sobre quem vai transar e quem não vai. Os homens devem fazer essa escolha por elas, a fim deixar de criar os filhos que nascem da relação entre a mulher e o parceiro não ideal escolhido por ela. Os homens devem escolher as suas parceiras de acordo com os seus interesses quanto ao futuro de toda a geração. A mulher deve calar, sem consentir.
É patético (não existe outra palavra), portanto, pensar que o feminismo é uma causa desnecessária. Quantas vezes ouvimos que a mulher não precisa mais lutar pelos seus direitos por já tê-los conquistado - esquecendo dos parênteses que seguem todas as conquistas - e deveria defender outras causas? Quantas vezes já fomos reprimidas sexualmente - muitas vezes por outras mulheres, por pessoas da sua família - por desejar a liberdade de escolher parceirxs de acordo com nossa preferência e opção sexual? E depois de exercer essa liberdade, quantas vezes nos sentimentos culpadas por essa escolha não corresponder aos padrões das pessoas com as quais temos contato?
Por isso, a nossa luta é todo dia. Parece radical, parece utópico - mas penso que a luta deve continuar até que o termo feminismo não seja mais necessário. A luta deve seguir enquanto o machismo, racismo, homolesbotransfobia, o feminismo transfóbico e a opressão existirem, enquanto mulheres sejam assassinadas, linchadas, espancadas, julgadas e estupradas por exercerem atividades que são do seu direito. Até o dia no qual não precisaremos provar que somos gente como toda a gente.
Marcadores:
Críticas,
Datas,
Diário,
Epifania,
Feminismo,
ideias,
Marcha das Vadias,
mudanças,
orgulho,
pensamentos,
Realidade,
São Paulo
terça-feira, 15 de abril de 2014
Se for pra morrer, que seja no hoje e agora
Se você conhece aquela música da Florence + The Machine que diz "happiness hit her like a bullet in the back", você provavelmente já invejou o momento no qual ela sentiu como se a felicidade fosse a disparada de um revólver. Porém, o que eu e você temos dificuldade em entender é que esses disparos de alegria acontecem a todo momento. É complicado aprender que a felicidade é um ser, não um estar.
Não escrevo isso porque aprendi, talvez porque esteja perto. Nada do que escrevi nos últimos meses foi publicado por serem de porte tão íntimo que estão melhores reservados para a página do caderno. Mas a felicidade deve ser compartilhada. É contagiante (acredite).
A vida está intensa, repleta de passeios no lado selvagem da cidade e descobertas que talvez devessem permanecer um mistério. Não que eu me arrependa. Assumir uma postura de não-arrependimento também ajuda na busca desse tal revólver de felicidade.
O que eu quero dizer é que a vida tem sido intensa e de uma calmaria confortável. Você não precisa de detalhes. Só precisa saber que geralmente vale a pena. Tudo.
come and take a walk on the wild side
let me kiss you hard in the pouring rain
you like your girls insane
choose your last words
this is the last time
cause you and I, we were born to die
Não escrevo isso porque aprendi, talvez porque esteja perto. Nada do que escrevi nos últimos meses foi publicado por serem de porte tão íntimo que estão melhores reservados para a página do caderno. Mas a felicidade deve ser compartilhada. É contagiante (acredite).
A vida está intensa, repleta de passeios no lado selvagem da cidade e descobertas que talvez devessem permanecer um mistério. Não que eu me arrependa. Assumir uma postura de não-arrependimento também ajuda na busca desse tal revólver de felicidade.
O que eu quero dizer é que a vida tem sido intensa e de uma calmaria confortável. Você não precisa de detalhes. Só precisa saber que geralmente vale a pena. Tudo.
come and take a walk on the wild side
let me kiss you hard in the pouring rain
you like your girls insane
choose your last words
this is the last time
cause you and I, we were born to die
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
O grande final
Perceber que hoje é o último dia do ano me fez entrar em desespero por um motivo: eu ainda não tenho um bloco de anotações novo. Por três anos, eu escrevi o primeiro texto logo após a meia-noite - escondida no banheiro, fugindo para o quarto, o importante é que as primeiras palavras do ano foram desenvolvidas com seus primeiros minutos. Dessa vez, como muito foi, será diferente.
Eu cresci em 2013, não mais do que deveria. Reclamei durante todo o ano sobre ter mudado sem perceber que eu ainda estava aqui, apenas sem saber como me adaptar ao que mudou. Aprendi que você nunca muda completamente; só tem dificuldades de aceitar o novo em conjunto com o velho e eterno.
Para mim, dois mil e treze significou pessoas, experiências, aventuras, novidades e aprendizado. A Avenida Paulista, a Rua Augusta, a Livraria Cultura, a Vila Olímpia e, principalmente, a Faculdade Cásper Líbero foram palco de um ano que, apesar deste desfecho que não será comentado, superou todas as expectativas. Não sei se muitas pessoas podem dizer isso, mas eu alcancei todas as minhas metas neste ano.
(Disse que não seria comentado, mas às vezes é preciso escrever para deixar passar ou estar (let it be, diz a minha tatuagem. Mesas viram e confiança é uma coisa que pode se perder apesar dos laços de sangue. Eu deixei de confiar em você, herói, mas espero que o novo ano te ensine a ser uma pessoa melhor para mim, ela e quem está por vir. Nós merecemos isso.)
Sabe o que mais? Eu quero que 2014 seja assim como 2013. Altos e baixos, eu não me arrependo de nada.
Alguns fatos a serem considerados:
- Eu me apaixonei por uma única pessoa o ano inteiro. Não foi a melhor escolha (sempre soube que não seria) e, ainda assim, foi uma das melhores experiências.
- Eu vi alguns dos meus músicos favoritos. Elton John, Whitesnake, Aerosmith e, acima de todos, Ringo Starr. Uma noite na presença de um ex-beatle podem elevar a qualidade do ano em uns 300%; acredite.
- Eu sobrevivi ao primeiro ano na faculdade!
- Eu comecei a exercer atividades jornalísticas; a cobertura de uma prova de relevância nacional, entrevistas com pessoas importantes na área da educação e cobertura de cabines de imprensa (eu vi O Hobbit antes de vocês, há). Obrigada, Universia!
- Meu gosto musical mudou. Aprendi que não tem problema ouvir músicas sem cunho político ou social. Acho que até aprendi a me divertir.
- Conheci pessoas que vão deixar buracos se decidirem partir.
- Vi o mar depois de uns 4 anos. Revigorante.
Feliz ano novo!
Eu cresci em 2013, não mais do que deveria. Reclamei durante todo o ano sobre ter mudado sem perceber que eu ainda estava aqui, apenas sem saber como me adaptar ao que mudou. Aprendi que você nunca muda completamente; só tem dificuldades de aceitar o novo em conjunto com o velho e eterno.
Para mim, dois mil e treze significou pessoas, experiências, aventuras, novidades e aprendizado. A Avenida Paulista, a Rua Augusta, a Livraria Cultura, a Vila Olímpia e, principalmente, a Faculdade Cásper Líbero foram palco de um ano que, apesar deste desfecho que não será comentado, superou todas as expectativas. Não sei se muitas pessoas podem dizer isso, mas eu alcancei todas as minhas metas neste ano.
(Disse que não seria comentado, mas às vezes é preciso escrever para deixar passar ou estar (let it be, diz a minha tatuagem. Mesas viram e confiança é uma coisa que pode se perder apesar dos laços de sangue. Eu deixei de confiar em você, herói, mas espero que o novo ano te ensine a ser uma pessoa melhor para mim, ela e quem está por vir. Nós merecemos isso.)
Sabe o que mais? Eu quero que 2014 seja assim como 2013. Altos e baixos, eu não me arrependo de nada.
Alguns fatos a serem considerados:
- Eu me apaixonei por uma única pessoa o ano inteiro. Não foi a melhor escolha (sempre soube que não seria) e, ainda assim, foi uma das melhores experiências.
- Eu vi alguns dos meus músicos favoritos. Elton John, Whitesnake, Aerosmith e, acima de todos, Ringo Starr. Uma noite na presença de um ex-beatle podem elevar a qualidade do ano em uns 300%; acredite.
- Eu sobrevivi ao primeiro ano na faculdade!
- Eu comecei a exercer atividades jornalísticas; a cobertura de uma prova de relevância nacional, entrevistas com pessoas importantes na área da educação e cobertura de cabines de imprensa (eu vi O Hobbit antes de vocês, há). Obrigada, Universia!
- Meu gosto musical mudou. Aprendi que não tem problema ouvir músicas sem cunho político ou social. Acho que até aprendi a me divertir.
- Conheci pessoas que vão deixar buracos se decidirem partir.
- Vi o mar depois de uns 4 anos. Revigorante.
Feliz ano novo!
domingo, 11 de agosto de 2013
Closer to the edge...
28.07
Se hoje fosse há um ano, eu estaria entre as paredes de uma biblioteca com o rosto enterrado nas páginas de um livro que fizesse vista grossa ao mundo onde vivo. Hoje, em 2013, o ceticismo e niilismo são deixados para trás escada acima e noite adentro.
Se nesse mesmo dia há um ano eu viesse a conhecer alguém que falasse e agisse como eu, a tendência seria que minha mente recitasse esporadicamente Young Lust ou qualquer outra melodia que condenasse e traduzisse a incapacidade de compreender um universo onde uma noite perfeitamente adequada para um romance noir fosse gasta na iluminação fraca de luzes piscantes.
Hoje eu decidi viver como dois mil e doze; aquecida, confortável, descansada. Um copo de café na mão e aquele velho filme da Audrey Hepburn que me ensinou que não pertencemos a ninguém e o que são os dias vermelhos. Me perguntei qual seria o meu caminho até um lugar como a Tiffany's. Você sabe, que seja como um lar e me deixe ser dona das coisas.
Como 2013 foi dono do meu ser; Julho chegou e se foi para me ensinar que deixar as coisas fluírem nem sempre é a melhor opção. Dormir é bom e acordar pode ser melhor ainda. A resposta é o equilíbrio. Que Julho seja o equilíbrio entre os anos passados, que virão e um gato com um nome.
I don't remember the moment I tried to forget
I lost myself, is it better not said?
Now I'm closer to the edge...
Se hoje fosse há um ano, eu estaria entre as paredes de uma biblioteca com o rosto enterrado nas páginas de um livro que fizesse vista grossa ao mundo onde vivo. Hoje, em 2013, o ceticismo e niilismo são deixados para trás escada acima e noite adentro.
Se nesse mesmo dia há um ano eu viesse a conhecer alguém que falasse e agisse como eu, a tendência seria que minha mente recitasse esporadicamente Young Lust ou qualquer outra melodia que condenasse e traduzisse a incapacidade de compreender um universo onde uma noite perfeitamente adequada para um romance noir fosse gasta na iluminação fraca de luzes piscantes.
Hoje eu decidi viver como dois mil e doze; aquecida, confortável, descansada. Um copo de café na mão e aquele velho filme da Audrey Hepburn que me ensinou que não pertencemos a ninguém e o que são os dias vermelhos. Me perguntei qual seria o meu caminho até um lugar como a Tiffany's. Você sabe, que seja como um lar e me deixe ser dona das coisas.
Como 2013 foi dono do meu ser; Julho chegou e se foi para me ensinar que deixar as coisas fluírem nem sempre é a melhor opção. Dormir é bom e acordar pode ser melhor ainda. A resposta é o equilíbrio. Que Julho seja o equilíbrio entre os anos passados, que virão e um gato com um nome.
Marcadores:
Audrey Hepburn,
Bonequinha de Luxo,
Café,
Críticas,
Crônicas,
Desabafos,
Destino,
Devaneio,
Diário,
dias vermelhos,
Epifania,
Insônia,
Julho,
Lembranças,
Medo,
Monólogo,
Niilismo,
Realidade,
xxxx
domingo, 2 de junho de 2013
2am, who do you love?
Bella Donna caminha pelas ruas de São Paulo. Tão frias esse mês. Há pouco tempo meninas davam risadinhas e piscadelas para rapazes em seus vestidos curtos e salto alto. Agora Bella Donna passeia com sua calça jeans desbotada e tênis usado como se fizesse parte desse mundo e não de outro. Ela se esquece fácil demais de que não é nenhuma flor de jardim.
Parece que foi ontem que atravessou aquela Avenida Paulista com um copo de café na mão e o livro de Drummond nas mãos. Parece que foi ontem, mas a poesia sumiu da sua alma há alguns meses já. Tantas são as hipóteses. A poesia a deixou quando seu tempo foi ocupado, ou talvez quando ela o conheceu naquela noite onde conheceu a todos, talvez ainda quando ela escolheu a noite ao livro de Drummond.
É tempo de homens partidos. Bella Donna sabe muito bem disso. Homens partidos geram corações partidos, mas isso é o que chamam de crescer. Bella Donna não tem mais dezesseis ou dezessete anos (não que algum dia tivesse a sua idade verdadeira). Ela não é nenhuma rosa inglesa, sabe? Bella Donna pensa que é forte, mas são duas horas da manhã e ela se pergunta quem ama. Quem ele ama. Quem a ama.
Bella Donna já deveria ter aprendido que essa coisa de amor é perda de tempo. Bella Donna deveria se preocupar com a música sobre a Irlandesa há muito partida.
Parece que foi ontem que atravessou aquela Avenida Paulista com um copo de café na mão e o livro de Drummond nas mãos. Parece que foi ontem, mas a poesia sumiu da sua alma há alguns meses já. Tantas são as hipóteses. A poesia a deixou quando seu tempo foi ocupado, ou talvez quando ela o conheceu naquela noite onde conheceu a todos, talvez ainda quando ela escolheu a noite ao livro de Drummond.
É tempo de homens partidos. Bella Donna sabe muito bem disso. Homens partidos geram corações partidos, mas isso é o que chamam de crescer. Bella Donna não tem mais dezesseis ou dezessete anos (não que algum dia tivesse a sua idade verdadeira). Ela não é nenhuma rosa inglesa, sabe? Bella Donna pensa que é forte, mas são duas horas da manhã e ela se pergunta quem ama. Quem ele ama. Quem a ama.
Bella Donna já deveria ter aprendido que essa coisa de amor é perda de tempo. Bella Donna deveria se preocupar com a música sobre a Irlandesa há muito partida.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
9. Mr. Brightside
I never...
O fantasma do batom vermelho na noite que o meu era rosa. Você não esperava que eu esquecesse disso tão fácil, esperava? Cansei dessa história de álibi. O estranho que não está vendendo nenhum álibi, o amor que se engasga no próprio álibi. No fim do dia, sou eu quem preciso de um álibi que justifique os erros que nunca serão trocados por sonhos. Erros ingênuos de uma criança ingênua. Mas agora eu vi o suficiente para saber que coisas bonitas nunca permanecem assim, obrigada Madden. Obrigada por me ensinar a abrir olhos desconfiados.
sábado, 27 de abril de 2013
Eu desejaria uma estrela, mas essa estrela não brilha
Sabe aqueles devaneios de Sábado a noite? Você está prestes a ler um.
Hoje eu olhei para o Céu, e lembrei de uma época onde você podia de fato contar as estrelas. Não sei há quanto tempo exatamente eu contei os pontos brancos e dourados, mas sei que não foi há muito. Gostaria de saber quando foi que as estrelas se apagaram e o céu se tornou um espaço vazio e escuro. Chato. Sem a luz das estrelas, as ruas se tornaram perigosas e horríveis. O mundo por si tornou-se o espaço plano acima de nós. E os desejos se foram com as estrelas.
Você consegue se lembrar de confiar os seus sonhos a uma estrela brilhante que por uma noite foi o seu porto seguro? Você se lembra de um dia viver em mundo que não era comandado pelo ceticismo e o niilismo? Ora, eu sei que o niilismo pode salvar, mas o que te nutre pode também te destruir. Essa é a nostalgia de uma vida cheia de crenças e esperanças que foram mortas pela certeza de que o que está ruim muitas vezes tende a pior. E eu não sou uma pessoa negativa, veja bem, eu acredito na mudança do mundo, só não acredito nas pessoas que tem o poder de mudá-lo porque elas não acreditam nessa força.
Escrevi que me perdi em algum lugar, escolhendo a esquerda no lugar da direita ou vice-versa. Acredito que gostaria de continuar perdida, mas me encontrei no céu vazio que me cercou esta noite. Encontrei o meu ceticismo e o meu niilismo. Encontrei a minha descrença no mundo que já foi meu. Deixei que o Lunático tomasse conta dos dedos que flutuaram para encontrar as letras que condenariam o lado escuro da lua. A minha cabeça explodiu em melodias escuras, querido.
E não existe um lado escuro da Lua. Na verdade, é tudo escuro.
E não existe um lado escuro da Lua. Na verdade, é tudo escuro.
sábado, 13 de abril de 2013
Boa noite, Charlotte
Charlotte fechou os olhos, já não tinha piscado por algum tempo. Mas a noite pareceu insuportavelmente vívida ali, com os olhos fechados, então contentou-se por encarar a escuridão. Lá fora, os pingos da chuva que a assustou e acalentou caíam furiosamente sobre os telhados das casas de luzes apagadas e janelas fechadas. Perdera a noção do tempo - talvez já fosse noite novamente. Outra noite de espetáculo para a qual não estava pronta.
Revirou-se na cama, à procura dos lençóis que se perderam em algum ponto do dia, tarde ou noite. Charlotte encontrava-se vazia, perdida no próprio quarto que de súbito parecia grande demais para confortá-la. Sabia bem onde queria estar. Porém, aprendera por toda a sua vida que o querer é tão, tão diferente do poder. E justo na noite anterior o querer sem poder fizera com que fosse obrigada a aguentar esse silêncio tão ensurdecedor em sua própria casa.
Não achei que te encontraria em mim mais uma vez, Charlotte. Sabemos o que temos que fazer agora, não é? Primeiro pegaremos aquele 1984 e rasgaremos suas páginas em protesto ao Grande Irmão. Depois colocaremos as palavras da nossa pequena Alice em nossos lábios e faremos delas os nossos mantras. Então será a hora de cantar "if I go insane please don't put your wires in my brain" e torcer para que alguém nos ouça e atenda ao pedido. Abaixaremos os olhos para as cenas românticas na televisão e arrancaremos penas das minhas asas para continuar enchendo essas páginas de metáforas roubadas. Porque você sempre foi parte de mim e eu torço para que me deixe.
Revirou-se na cama, à procura dos lençóis que se perderam em algum ponto do dia, tarde ou noite. Charlotte encontrava-se vazia, perdida no próprio quarto que de súbito parecia grande demais para confortá-la. Sabia bem onde queria estar. Porém, aprendera por toda a sua vida que o querer é tão, tão diferente do poder. E justo na noite anterior o querer sem poder fizera com que fosse obrigada a aguentar esse silêncio tão ensurdecedor em sua própria casa.
Não achei que te encontraria em mim mais uma vez, Charlotte. Sabemos o que temos que fazer agora, não é? Primeiro pegaremos aquele 1984 e rasgaremos suas páginas em protesto ao Grande Irmão. Depois colocaremos as palavras da nossa pequena Alice em nossos lábios e faremos delas os nossos mantras. Então será a hora de cantar "if I go insane please don't put your wires in my brain" e torcer para que alguém nos ouça e atenda ao pedido. Abaixaremos os olhos para as cenas românticas na televisão e arrancaremos penas das minhas asas para continuar enchendo essas páginas de metáforas roubadas. Porque você sempre foi parte de mim e eu torço para que me deixe.
domingo, 3 de março de 2013
Are you mine? (Título alternativo: am I mine?)
Pensei em fazer desse texto poesia, mas há muito meus dias não são poesia; correria e responsabilidade não são outro que não prosa (embora eu certamente esteja me equivocando ao generalizar). De qualquer forma, seria hipócrita se dissesse que minha vida não tem lá seus minutos de poesia - naquelas ligações inesperadas, dentro da sala de aula do curso que tanto amo, nas pessoas com quem convivo. O que preciso é de mudança. De mais tempo pra mim e menos pra sociedade. Faz tempo que não falo sobre sociedade, né? A vida me sugou ao ponto de não ter mais palavras afiadas e pensadas na ponta da língua, uma página de um livro entre os dedos ou uma melodia do Pink Floyd nos ouvidos e na mente.
Se você pode se apaixonar por correntes de prata, pode se apaixonar por correntes de ouro. Não sei o motivo dessa frase vir à tona, mas já parou pra pensar em como é verdade? E eu sou tão fácil... Não é o amor que reina sobre mim, é só a ingenuidade mesmo, essa falsa teoria de que todos têm algo bom a oferecer. Mas não me importo de ser a culpada do que está por vir; eu quero mais é arriscar mesmo. Se eu soubesse há três anos que seria como sou hoje, provavelmente não acreditaria - e provavelmente almejaria. Gosto do que me tornei. Pode me assustar. Mas eu gosto.
Um brinde ao otimismo que voltou a me abraçar. Quem sabe o próximo não é poesia.
o que o título tem a ver mesmo?
Se você pode se apaixonar por correntes de prata, pode se apaixonar por correntes de ouro. Não sei o motivo dessa frase vir à tona, mas já parou pra pensar em como é verdade? E eu sou tão fácil... Não é o amor que reina sobre mim, é só a ingenuidade mesmo, essa falsa teoria de que todos têm algo bom a oferecer. Mas não me importo de ser a culpada do que está por vir; eu quero mais é arriscar mesmo. Se eu soubesse há três anos que seria como sou hoje, provavelmente não acreditaria - e provavelmente almejaria. Gosto do que me tornei. Pode me assustar. Mas eu gosto.
Um brinde ao otimismo que voltou a me abraçar. Quem sabe o próximo não é poesia.
o que o título tem a ver mesmo?
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Assinado: miss nothing
Eu sou você; não pode ou quer me afastar. Sempre estive em ti, baby, dizem que não se pode correr do destino, e as estrelas da sua estrada são o sinalizador para a minha redoma - a nossa redoma, onde somos uma.
Não me diga que não gosta dessa sensação de me ter em você.
Não me diga que não gosta do escuro.
Do desconhecido.
De ser um desastre belamente depressivo.
E você, que sempre me chamou de alter-ego. Alter-ego é desculpa para personalidade que tem medo de assumir. Sempre foi o seu medo, certo? Todos os dias, todos os anos, você foi a cara do medo. Respire agora, querida. Como é bom estourar o tourniquet, gritar para e aos céus, estar mais alta que as montanhas e mais baixo do que os vales. Eu te fiz assim. Eu te dei a coragem de ser quem sempre foi e temeu ser, ainda que o ser seja nulo. Você não é nada. O mundo é nada. E não existe nada mais maravilhoso do que o nada.
Bem-vinda, minha criança, ao planeta boom.
misturar mötley crüe com milan kundera com the pretty reckless com crise de identidade com sempre-fui-miss-nothing
Não me diga que não gosta dessa sensação de me ter em você.
Não me diga que não gosta do escuro.
Do desconhecido.
De ser um desastre belamente depressivo.
E você, que sempre me chamou de alter-ego. Alter-ego é desculpa para personalidade que tem medo de assumir. Sempre foi o seu medo, certo? Todos os dias, todos os anos, você foi a cara do medo. Respire agora, querida. Como é bom estourar o tourniquet, gritar para e aos céus, estar mais alta que as montanhas e mais baixo do que os vales. Eu te fiz assim. Eu te dei a coragem de ser quem sempre foi e temeu ser, ainda que o ser seja nulo. Você não é nada. O mundo é nada. E não existe nada mais maravilhoso do que o nada.
Bem-vinda, minha criança, ao planeta boom.
misturar mötley crüe com milan kundera com the pretty reckless com crise de identidade com sempre-fui-miss-nothing
Marcadores:
Destino,
Devaneio,
Diário,
Epifania,
Inocência,
Medo,
Metáforas,
Milan Kundera,
Mötley Crüe,
Nikki Sixx,
Quadrophenia,
Quase Famosos,
Realidade,
rock and roll disaster,
xxxx
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Um dia na vida.
Dos altos e baixos; e as prateleiras me engoliram. Caleidoscópio de palavras, os livros gritam-se para mim e tenho procurado pelo blasé de Jane Austen mas tudo o que encontrei foram os tapas na cara de George Orwell. E o tempo deixou de correr ao meu lado como o coelho que está sempre atrasado - estou sempre atrasada. Para a vida. A maturidade esqueceu de bater à minha porta e vivo agora nessa sombra de uma Terra do Nunca que criei para mim. Abrir os olhos parece doer. Meu problema já foi o realismo; agora são as máscaras. Desaprendi a conviver com os disfarces e mentiras que correm soltas nessa nova fase, onde as pessoas já são mais inteligentes; agora o perigo é maior, meu bem. A experiência ajuda a machucar, e não a tenho, sendo eu o alvo dos dardos da prática. Vai dizer que sou eu quem crio o drama, mas a verdade é que não fui acostumada à cobrança alheia. É fácil superar as minhas próprias expectativas porque sempre soube que me desapontaria, mas não é assim tão simples decepcionar o outro. Tenho coisa demais a perder nesse jogo, que nem virou um dos meus brinquedos favoritos! No fim, tudo o que preciso é de um pouco de ar. E paz. Uma dose maior de mim mesma e alguns segundos para admirar tudo o que tenho conquistado, balancear o quão longe cheguei e me afastar dessa ponta de precipício onde cheguei. Sei que dá para continuar. Sem sentar e desistir de novo.
My karma tells me you've been screwed again
My karma tells me you've been screwed again
If you let them do it to you, you've got yourself to blame
It's you who feels the pain.
It's you who takes the shame.
I am a young man, I ain't done very much.
You men should remember how you used to fight.
Just like a child I've been seeing only dreams.
I'm all mixed up but I know what's right.
I'm getting hooked down, I'm being pushed 'round.
I'm being beaten every day.
My life's fading but things are changing.
I'm not gonna sit and weep again!
Marcadores:
Alice,
Desabafos,
Destino,
Devaneio,
Diário,
Epifania,
George Orwell,
Inocência,
Insônia,
Loucura,
Medo,
Quadrophenia,
Realidade,
the dirty job
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
vera, what has become of you?
Trocou a esperança inocente pelo sorriso de crocodilo. Já não é mais Junho querida, e os meses corridos te moldaram até que não reconhecesse a tua sombra ao meu lado, à minha frente. Repito de novo e mais uma vez; não me ensinou a ficar sem a sua presença mas já sei me virar. E o faço melhor que você - sou melhor atriz no seu teatro melancólico com máscaras felizes. Talvez até caberia jogar aqui um "do you remember me and how we used to be and do you think we should be closer?", mas ora, eu tentei e por quatro vezes tive as mãos atadas enquanto sentia os laços se desintegrando. Corda fina essa que usamos.
Um dia você vai crescer, mon amour. Espero que você cresça, e olhe ao seu redor apenas para encontrar os espaços vazios onde nós estávamos. E talvez você olhará para trás e dirá que não deveria ter me afastado para longe. Talvez eu esteja te esperando. Talvez eu volte a ser sua melhor amiga. Talvez, talvez, e talvez.
No final do dia... Só estou sendo feliz.
Um dia você vai crescer, mon amour. Espero que você cresça, e olhe ao seu redor apenas para encontrar os espaços vazios onde nós estávamos. E talvez você olhará para trás e dirá que não deveria ter me afastado para longe. Talvez eu esteja te esperando. Talvez eu volte a ser sua melhor amiga. Talvez, talvez, e talvez.
No final do dia... Só estou sendo feliz.
domingo, 2 de dezembro de 2012
Já não quero palavras, nem delas careço.
A vida tem sido gentil comigo; hoje escolhi meu lugar ao sol. Descobri que a prosa pode ser poesia nas mil metáforas que a frase implica. E crescer é bom. Dá medo. Medo e coragem de fazer o que nunca fiz e ser quem nunca fui. Tomar-se a si mesmo. Alcançar o si ao invés de sempre parar no ré.
Acho que até recuperei o brilho nos olhos, e quem diria que para isso o que precisava era passar o dia inteiro em pé e chegar em casa no dia seguinte? É que os livros me fazem bem, sempre fizeram. Fui tomada por uma paz espiritual que parece querer colocar uma aliança nos meus dedos e a caneta não rabisca mais. Não. Dessa vez ela desenha sutilmente a brisa que bate nas árvores do Trianon e o Sol que, por uma vez, é da mesma temperatura da pele.
Peter Pan é coisa do passado. Bato o pé e recomendo parar de lutar contra o tempo - é só aceitá-lo e fazer o melhor que pode com o que te é dado.
"As lições da infância
desaprendidas na idade madura.
Já não quero palavras
nem delas careço.
Tenho todos os elementos
ao alcance do braço.
Todas as frutas
e consentimentos.
Nenhum desejo débil.
Nem mesmo sinto falta
do que me completa e é quase sempre melancólico.
Estou solto no mundo largo.
Lúcido cavalo
com substância de anjo
circula através de mim.
Sou varado pela noite, atravesso os lagos frios,
absorvo epopéia e carne,
bebo tudo,
desfaço tudo,
torno a criar, a esquecer-me:
durmo agora, recomeço ontem.
Acho que até recuperei o brilho nos olhos, e quem diria que para isso o que precisava era passar o dia inteiro em pé e chegar em casa no dia seguinte? É que os livros me fazem bem, sempre fizeram. Fui tomada por uma paz espiritual que parece querer colocar uma aliança nos meus dedos e a caneta não rabisca mais. Não. Dessa vez ela desenha sutilmente a brisa que bate nas árvores do Trianon e o Sol que, por uma vez, é da mesma temperatura da pele.
Peter Pan é coisa do passado. Bato o pé e recomendo parar de lutar contra o tempo - é só aceitá-lo e fazer o melhor que pode com o que te é dado.
"As lições da infância
desaprendidas na idade madura.
Já não quero palavras
nem delas careço.
Tenho todos os elementos
ao alcance do braço.
Todas as frutas
e consentimentos.
Nenhum desejo débil.
Nem mesmo sinto falta
do que me completa e é quase sempre melancólico.
Estou solto no mundo largo.
Lúcido cavalo
com substância de anjo
circula através de mim.
Sou varado pela noite, atravesso os lagos frios,
absorvo epopéia e carne,
bebo tudo,
desfaço tudo,
torno a criar, a esquecer-me:
durmo agora, recomeço ontem.
(...)"
- C.D.A.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Idalina
Odeio aquelas conversas de hospital. "O que está tomando? Mora perto daqui? Veja, seu soro está acabando!" Não o meu. Quem me dera o mal-estar fosse apenas físico... Algumas coisas não são resolvidas com um litro de soro. Na realidade, hospitais são deprimentes. Todo aquele clima de abatimento, de doença, de preocupação, que faz pensar na morte. Não que o problema seja a morte, nunca tive esse medo do ato em si, mas é estranho pensar em um mundo sem mim porque tudo o que conheço é o mundo comigo! Bate aquela curiosidade de como ficarão sem você. A experiência me diz que dói, mas um dia você simplesmente aceita e para de pensar em quem se foi, até que um dia a lembrança volta e você se condena por não pensar em quem já foi tão querido um dia. Lembrei do sorriso dela; do brilho em seus olhos enquanto cuidava daquele jardim, aquelas flores que tanto amava, do afeto para com a casa, o amor pela natureza que a cercava. Sei, parece idealização, mas ela realmente existiu e eu cresci com ela. Contava os dias para os finais de semana e amava cada quilômetro da estrada para Arujá. E como era bom correr por aquele sítio, passar horas lendo com aquele ar de paz, de natureza, de tranquilidade, e tê-la ali sorrindo, brincando, contagiando qualquer um com o bom-humor e as festas semanais - todo dia era dia de comemoração. E de repente tudo isso acabou. A criança cresceu, e aquela tia amada se foi. Tão jovem e cheia de vida, como foi estranho não viajar mais, não contemplar os quadros que ela pintava com tanta perfeição. Tantos anos se passaram... Morrer é fácil. Quem morre não sente. Mas a morte deixa esse gosto amargo para quem fica, e ela não ensina a mudar a rotina, não existem meios para aprender a seguir em frente sem alguém tão importante. Mas temos que ir alguma hora, não é? Então que quando seja a minha vez, possa dizer que dei tudo o que podia dar de mim para as outras pessoas. Que eu não seja lembrada como a pessoa fria que me tornei, mas como ela.
Dedicado a você, Idalina, onde quer que esteja. Você me deu momentos tão bons, por mais criança que fosse. Sinto a sua falta.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Quisera eu que isso fosse um poema.
Quisera eu algum dia ser poeta
E com olhos assim tão ternos
O mundo ditar.
Quisera eu na ponta da caneta
Deter o destino, o amor, o ardor
Fazer do papel realidade idealizada
E na ideia assim mergulhar.
Quisera eu me iludir!
Quisera eu ao menos uma vez
Os olhos fechar e na mente divagar
Caminhar pelo paraíso do poeta
A avenida do cronista
O jardim do romancista.
Quisera eu as palavras decifrar
E nelas a beleza encontrar.
Fugir para o desconhecido...
Quem liga para o hoje? O importante é o amanhã!
Este amanhã tão belo e assustador
Este amanhã incerto
Este amanhã que hoje surge.
Mas não sou poeta e na noite não enxergo o arco-íris
Não se confunda, querido leitor - isso não é um poema
Não há nestas linhas tortas lirismo, rima, sentimento
E não existe poema sem sentimento!
Hei de julgar-me pela falta de parágrafos
E por uma página o chão abandonar.
Quisera eu algum dia ser poeta.
Quisera eu...
Voltemos à prosa!
E com olhos assim tão ternos
O mundo ditar.
Quisera eu na ponta da caneta
Deter o destino, o amor, o ardor
Fazer do papel realidade idealizada
E na ideia assim mergulhar.
Quisera eu me iludir!
Quisera eu ao menos uma vez
Os olhos fechar e na mente divagar
Caminhar pelo paraíso do poeta
A avenida do cronista
O jardim do romancista.
Quisera eu as palavras decifrar
E nelas a beleza encontrar.
Fugir para o desconhecido...
Quem liga para o hoje? O importante é o amanhã!
Este amanhã tão belo e assustador
Este amanhã incerto
Este amanhã que hoje surge.
Mas não sou poeta e na noite não enxergo o arco-íris
Não se confunda, querido leitor - isso não é um poema
Não há nestas linhas tortas lirismo, rima, sentimento
E não existe poema sem sentimento!
Hei de julgar-me pela falta de parágrafos
E por uma página o chão abandonar.
Quisera eu algum dia ser poeta.
Quisera eu...
Voltemos à prosa!
Assinar:
Postagens (Atom)