Hoje eu saí para trabalhar anormalmente cedo. Estava ciente da greve dos metroviários antes de tudo acontecer e acredito que seja uma das poucas almas que não perdeu a paciência diante dos sufocos enfrentados (o trânsito de quase quatro horas para voltar da Paulista e a impossibilidade de ir trabalhar). Essa indiferença é, na verdade, o maior posicionamento que tomei nos últimos anos. Afinal, não incomodar-se com o incômodo significa abrir mão das facilidades do cotidiano em prol daqueles que estão na estação Ana Rosa levando cacetadas e balas de borracha.
Na verdade, nem tudo foi tão indiferente assim e eu passei pelo maior incômodo ao ouvir que "o direito da greve foi suspenso". Fácil, não é? Conveniente. Difícil mesmo é entender que a suspensão de um direito a qualquer momento que o governo achar conveniente é o mesmo que opressão.
Inclusive, vi muitas sombras e clarezas da opressão ultimamente. A violência da polícia frente aos manifestantes que só exerciam o seu direito, as prisões da manifestantes, a importação de tanques que lançam jatos de água e comentários políticos aos quais deve-se prestar atenção ao que não é dito. Justamente no ano em que completam-se 50 anos do Golpe Militar de 1964, são tantas essas marcas da repressão...
É tudo simples se você parar para pensar. Você pode protestar - desde que não atrapalhe o bom andamento de tudo. Você tem o direito de entrar em greve - até um tribunal achar conveniente criminalizar a sua causa. Você pode desejar um salário mais alto, de acordo com as suas tarefas e suficiente para viver nesse mundo onde tudo o que importa são os número, mas... vamos ser realistas? Faz parte do jeitinho brasileiro se conformar e "se virar" com o que nos é dado. E o governo sabe muito, muito bem disso.
Tenho consciência de que não posso dissertar de acordo com a greve dos metroviários porque não vivo a sua realidade, mas sei bem como é o desejo de lutar pelo que acredito estar certo e ser reprimida de tantas formas que poderia escrever um livro. Acho que isso não vale nada (mas, na verdade, se fizessem como eu, valeria de muito), mas declaro o meu apoio total à greve dos metroviários e de qualquer outro sindicato que esteja cansado de aguentar tudo calado. Que o Brasil faça o barulho digno da torcida das arquibancadas e mude o significado do jeitinho brasileiro. A minha sugestão? Que o jeitinho brasileiro seja a forma como nos mantemos em pé até mesmo diante da Tropa de Choque, uma vez que você pode machucar o homem, mas não pode nunca, jamais, por mais que se tente, matar uma ideia.
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segunda-feira, 9 de junho de 2014
Sobre a greve dos metroviários e a chama de uma ideia
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terça-feira, 15 de abril de 2014
Se for pra morrer, que seja no hoje e agora
Se você conhece aquela música da Florence + The Machine que diz "happiness hit her like a bullet in the back", você provavelmente já invejou o momento no qual ela sentiu como se a felicidade fosse a disparada de um revólver. Porém, o que eu e você temos dificuldade em entender é que esses disparos de alegria acontecem a todo momento. É complicado aprender que a felicidade é um ser, não um estar.
Não escrevo isso porque aprendi, talvez porque esteja perto. Nada do que escrevi nos últimos meses foi publicado por serem de porte tão íntimo que estão melhores reservados para a página do caderno. Mas a felicidade deve ser compartilhada. É contagiante (acredite).
A vida está intensa, repleta de passeios no lado selvagem da cidade e descobertas que talvez devessem permanecer um mistério. Não que eu me arrependa. Assumir uma postura de não-arrependimento também ajuda na busca desse tal revólver de felicidade.
O que eu quero dizer é que a vida tem sido intensa e de uma calmaria confortável. Você não precisa de detalhes. Só precisa saber que geralmente vale a pena. Tudo.
come and take a walk on the wild side
let me kiss you hard in the pouring rain
you like your girls insane
choose your last words
this is the last time
cause you and I, we were born to die
Não escrevo isso porque aprendi, talvez porque esteja perto. Nada do que escrevi nos últimos meses foi publicado por serem de porte tão íntimo que estão melhores reservados para a página do caderno. Mas a felicidade deve ser compartilhada. É contagiante (acredite).
A vida está intensa, repleta de passeios no lado selvagem da cidade e descobertas que talvez devessem permanecer um mistério. Não que eu me arrependa. Assumir uma postura de não-arrependimento também ajuda na busca desse tal revólver de felicidade.
O que eu quero dizer é que a vida tem sido intensa e de uma calmaria confortável. Você não precisa de detalhes. Só precisa saber que geralmente vale a pena. Tudo.
come and take a walk on the wild side
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you like your girls insane
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terça-feira, 5 de novembro de 2013
Direto e niilista... mas dessa vez é pessoal
Lembrai, lembrai do 5 de novembro. Lembrai de como Deus está na chuva. Já parou pra pensar que Deus não precisa ser uma divindade nesse contexto? Tudo o que você é pode ser essa chuva fina da Avenida Paulista. Sua ideologia. O homem que te encara e em seguida beija as mãos da namorada em sinal de culpa pelo ato despercebido. A mulher que grita para os manifestantes irem pra casa sem saber que democracia significa o barulho na cidade. A falta de uma resposta e a conversa indesejada.
Todos os dias eu desço as escadas da estação Brigadeiro sabendo que sou Evey ou Alice e seus pensamentos. Ali atrás não há sinal de estrelas. Isso vale uma metáfora pobre quando se pensa que cada estrela apagada foi uma promessa quebrada, uma ponte desmoronada e uma palavra riscada. Vai me chamar de descrente, niilista - mas o tempo me fez assim. Pessoas e experiências me distanciam da fé de que existe um propósito nisso tudo. Cada cigarro apagado na rua é símbolo de uma tentativa desesperada de se segurar em qualquer coisa palpável nessa São Paulo abstrata.
Talvez seja o 5 de novembro. Talvez seja a coragem desvalorizada e não respondida. Talvez seja O Caçador de Pipas. No fim do dia, a chuva é o que resta de cada minuto que poderia ser apagado. Qualquer coisa para esquecer todas as coisas.
Todos os dias eu desço as escadas da estação Brigadeiro sabendo que sou Evey ou Alice e seus pensamentos. Ali atrás não há sinal de estrelas. Isso vale uma metáfora pobre quando se pensa que cada estrela apagada foi uma promessa quebrada, uma ponte desmoronada e uma palavra riscada. Vai me chamar de descrente, niilista - mas o tempo me fez assim. Pessoas e experiências me distanciam da fé de que existe um propósito nisso tudo. Cada cigarro apagado na rua é símbolo de uma tentativa desesperada de se segurar em qualquer coisa palpável nessa São Paulo abstrata.
Talvez seja o 5 de novembro. Talvez seja a coragem desvalorizada e não respondida. Talvez seja O Caçador de Pipas. No fim do dia, a chuva é o que resta de cada minuto que poderia ser apagado. Qualquer coisa para esquecer todas as coisas.
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domingo, 11 de agosto de 2013
Closer to the edge...
28.07
Se hoje fosse há um ano, eu estaria entre as paredes de uma biblioteca com o rosto enterrado nas páginas de um livro que fizesse vista grossa ao mundo onde vivo. Hoje, em 2013, o ceticismo e niilismo são deixados para trás escada acima e noite adentro.
Se nesse mesmo dia há um ano eu viesse a conhecer alguém que falasse e agisse como eu, a tendência seria que minha mente recitasse esporadicamente Young Lust ou qualquer outra melodia que condenasse e traduzisse a incapacidade de compreender um universo onde uma noite perfeitamente adequada para um romance noir fosse gasta na iluminação fraca de luzes piscantes.
Hoje eu decidi viver como dois mil e doze; aquecida, confortável, descansada. Um copo de café na mão e aquele velho filme da Audrey Hepburn que me ensinou que não pertencemos a ninguém e o que são os dias vermelhos. Me perguntei qual seria o meu caminho até um lugar como a Tiffany's. Você sabe, que seja como um lar e me deixe ser dona das coisas.
Como 2013 foi dono do meu ser; Julho chegou e se foi para me ensinar que deixar as coisas fluírem nem sempre é a melhor opção. Dormir é bom e acordar pode ser melhor ainda. A resposta é o equilíbrio. Que Julho seja o equilíbrio entre os anos passados, que virão e um gato com um nome.
I don't remember the moment I tried to forget
I lost myself, is it better not said?
Now I'm closer to the edge...
Se hoje fosse há um ano, eu estaria entre as paredes de uma biblioteca com o rosto enterrado nas páginas de um livro que fizesse vista grossa ao mundo onde vivo. Hoje, em 2013, o ceticismo e niilismo são deixados para trás escada acima e noite adentro.
Se nesse mesmo dia há um ano eu viesse a conhecer alguém que falasse e agisse como eu, a tendência seria que minha mente recitasse esporadicamente Young Lust ou qualquer outra melodia que condenasse e traduzisse a incapacidade de compreender um universo onde uma noite perfeitamente adequada para um romance noir fosse gasta na iluminação fraca de luzes piscantes.
Hoje eu decidi viver como dois mil e doze; aquecida, confortável, descansada. Um copo de café na mão e aquele velho filme da Audrey Hepburn que me ensinou que não pertencemos a ninguém e o que são os dias vermelhos. Me perguntei qual seria o meu caminho até um lugar como a Tiffany's. Você sabe, que seja como um lar e me deixe ser dona das coisas.
Como 2013 foi dono do meu ser; Julho chegou e se foi para me ensinar que deixar as coisas fluírem nem sempre é a melhor opção. Dormir é bom e acordar pode ser melhor ainda. A resposta é o equilíbrio. Que Julho seja o equilíbrio entre os anos passados, que virão e um gato com um nome.
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domingo, 2 de junho de 2013
2am, who do you love?
Bella Donna caminha pelas ruas de São Paulo. Tão frias esse mês. Há pouco tempo meninas davam risadinhas e piscadelas para rapazes em seus vestidos curtos e salto alto. Agora Bella Donna passeia com sua calça jeans desbotada e tênis usado como se fizesse parte desse mundo e não de outro. Ela se esquece fácil demais de que não é nenhuma flor de jardim.
Parece que foi ontem que atravessou aquela Avenida Paulista com um copo de café na mão e o livro de Drummond nas mãos. Parece que foi ontem, mas a poesia sumiu da sua alma há alguns meses já. Tantas são as hipóteses. A poesia a deixou quando seu tempo foi ocupado, ou talvez quando ela o conheceu naquela noite onde conheceu a todos, talvez ainda quando ela escolheu a noite ao livro de Drummond.
É tempo de homens partidos. Bella Donna sabe muito bem disso. Homens partidos geram corações partidos, mas isso é o que chamam de crescer. Bella Donna não tem mais dezesseis ou dezessete anos (não que algum dia tivesse a sua idade verdadeira). Ela não é nenhuma rosa inglesa, sabe? Bella Donna pensa que é forte, mas são duas horas da manhã e ela se pergunta quem ama. Quem ele ama. Quem a ama.
Bella Donna já deveria ter aprendido que essa coisa de amor é perda de tempo. Bella Donna deveria se preocupar com a música sobre a Irlandesa há muito partida.
Parece que foi ontem que atravessou aquela Avenida Paulista com um copo de café na mão e o livro de Drummond nas mãos. Parece que foi ontem, mas a poesia sumiu da sua alma há alguns meses já. Tantas são as hipóteses. A poesia a deixou quando seu tempo foi ocupado, ou talvez quando ela o conheceu naquela noite onde conheceu a todos, talvez ainda quando ela escolheu a noite ao livro de Drummond.
É tempo de homens partidos. Bella Donna sabe muito bem disso. Homens partidos geram corações partidos, mas isso é o que chamam de crescer. Bella Donna não tem mais dezesseis ou dezessete anos (não que algum dia tivesse a sua idade verdadeira). Ela não é nenhuma rosa inglesa, sabe? Bella Donna pensa que é forte, mas são duas horas da manhã e ela se pergunta quem ama. Quem ele ama. Quem a ama.
Bella Donna já deveria ter aprendido que essa coisa de amor é perda de tempo. Bella Donna deveria se preocupar com a música sobre a Irlandesa há muito partida.
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Give me a second, I... I need to get my story straight.
Volto para casa no horário em que saí, debaixo da mesma chuva. Tudo está quieto demais e o texto se forma na minha cabeça. Platão disse que era preciso estar bêbado para falar de amor: discordo. A embriaguez é necessária para amar, mas só dá pra falar de amor sóbrio. Sobriedade também pode ser sinônimo de torpor; quer saber como São Paulo pode ser frustrante? A noite da cidade grande é assustadoramente bela - belamente assustadora. Não reclamo, eu gosto disso, mas a KISS FM decidiu me fazer ouvir That's All. Ocasionalmente, você olhou para mim e eu olhei para você, sóbria. Desci os olhos para os seus lábios e o fantasma do batom vermelho, naquela noite em que o meu era rosa. "Wait a minute, I'm passing out, win or lose just like you. Far more shocking than anything I ever knew. How about you? Ten more reasons why I need somebody new just like you." Não sei por quê isso me veio na cabeça, mas um dos motivos deve ser o enjoo. Às vezes é difícil acertar a história, e meus pontos favoritos daquela noite foram os espaços em branco. Porque a sobriedade me doeu e eu não podia voltar para o lugar de onde pedi para você me tirar, e no fim de tudo só me restou andar pela Paulista que acordava. Eu não durmo. Hitchcock não dorme. A Augusta não dorme. Mas você está descansado; é mais fácil procurar alguém que saiba do que ensinar, né? Eu poderia ir mas eu não vou, embora meu coração possa me dizer. Que foi melhor assim. Que o seu passo para trás sem mim aconteceu antes que eu desejasse que nunca tivéssemos nos conhecido. E se vale alguma coisa... Eu poderia ter te amado. Mas é mais fácil procurar alguém que saiba do que ensinar.
miss matter, you had 'er now she's going away. ou não.
miss matter, you had 'er now she's going away. ou não.
sábado, 22 de setembro de 2012
"Não vale a pena passar a vida escrevendo."
21/08/2012
Na mesa, o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley e a tal biografia do Paul McCartney descansam desordenados; o copo de café já nem esquenta mais. Está frio, mas recuso o aquecimento da jaqueta de couro desbotada - um capricho, por certo vou reclamar quando ficar doente. Insuportável, amaldiçoo os adolescentes que insistem em ignorar os pedidos de silêncio na biblioteca.
Insuportável, de fato. É impossível não pensar no quão fria venho me tornando, e em como há um ano eu não suportaria a ideia de sair sozinha ou ficar sem companhia durante muito tempo. Aprendi a achar um amigo nos livros, um amante na música e a necessidade de comunicação no papel e caneta; um afago nos raios de sol do Ibirapuera e autocomiseração no vento frio da Paulista.
Afinal, aprendi a ser meu próprio soma. Não sei se é defeito ou qualidade; sei que muitas vezes sinto falta do que costumava ser. "Não vale a pena passar a vida escrevendo", disse alguém na Biblioteca de São Paulo. E se escrever for tudo o que ainda existe do meu antigo eu?
Na mesa, o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley e a tal biografia do Paul McCartney descansam desordenados; o copo de café já nem esquenta mais. Está frio, mas recuso o aquecimento da jaqueta de couro desbotada - um capricho, por certo vou reclamar quando ficar doente. Insuportável, amaldiçoo os adolescentes que insistem em ignorar os pedidos de silêncio na biblioteca.
Insuportável, de fato. É impossível não pensar no quão fria venho me tornando, e em como há um ano eu não suportaria a ideia de sair sozinha ou ficar sem companhia durante muito tempo. Aprendi a achar um amigo nos livros, um amante na música e a necessidade de comunicação no papel e caneta; um afago nos raios de sol do Ibirapuera e autocomiseração no vento frio da Paulista.
Afinal, aprendi a ser meu próprio soma. Não sei se é defeito ou qualidade; sei que muitas vezes sinto falta do que costumava ser. "Não vale a pena passar a vida escrevendo", disse alguém na Biblioteca de São Paulo. E se escrever for tudo o que ainda existe do meu antigo eu?
Não consegui pensar em um título pra isso
03/09/2012
Sozinha pelas ruas de São Paulo, o ar gélido e extremamente seco bate como lembrança de por quê estava ali. O cenário era complemento dos pensamentos quase niilistas que assombraram desde que acordei - os homens de terno que fumam seus cigarros, os músicos jogados na sarjeta e os poetas corteses debruçando-se com seus poemas em mão. A voz de Syd Barrett nos ouvidos era a explicação; não é ele o maior exemplo de loucura?
Acordei pensando na loucura e no que deixa as pessoas loucas. E tem resposta? Se a encontrasse, talvez me taxassem de louca mas... Já não o fazem? Sei que sou louca, sempre fui, como a maioria de nós. Vai dizer que o cara do Dark Side of The Moon não faz sentido? Somos todos loucos. Essa mulher que faz careta para a máquina da frente do orelhão pintado de cérebro; só pode ser louca. Esse homem que acabou de apagar um cigarro e já procura nos bolsos a próxima dose de tabaco; louco (com alguma porcentagem de uma morte precoce).
Mas existem tipos e tipos de loucura. Não dá pra mandar um "te vejo no lado sombrio da lua" se você achar que o cara vai se suicidar - ou talvez virar astronauta - para comparecer ao encontro. E são essas as pessoas que trancam nos hospícios. Por quê ninguém pensa na loucura (e veja bem, vamos trocar a palavra loucura por estupidez) de quem rouba ou mata ou mente? São presos; deveriam ser internados. Vê esse julgamento do mensalão, só tá servindo mesmo para criar a utopia de que depois dele a política não vai ser corrupta. Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que os outros...
A verdade é que as pessoas ficam loucas para não perderem a razão. Transformam a loucura em arte, espalham a loucura e tornam-a sensata. Pelo menos mais sensata do que matar e roubar e mentir e não se tocar que tá tudo bem se o lunático está na grama; os loucos são as melhores pessoas. A loucura é relativa; a estupidez não. (Mas até aí, sou louca por pensar assim.)
Sozinha pelas ruas de São Paulo, o ar gélido e extremamente seco bate como lembrança de por quê estava ali. O cenário era complemento dos pensamentos quase niilistas que assombraram desde que acordei - os homens de terno que fumam seus cigarros, os músicos jogados na sarjeta e os poetas corteses debruçando-se com seus poemas em mão. A voz de Syd Barrett nos ouvidos era a explicação; não é ele o maior exemplo de loucura?
Acordei pensando na loucura e no que deixa as pessoas loucas. E tem resposta? Se a encontrasse, talvez me taxassem de louca mas... Já não o fazem? Sei que sou louca, sempre fui, como a maioria de nós. Vai dizer que o cara do Dark Side of The Moon não faz sentido? Somos todos loucos. Essa mulher que faz careta para a máquina da frente do orelhão pintado de cérebro; só pode ser louca. Esse homem que acabou de apagar um cigarro e já procura nos bolsos a próxima dose de tabaco; louco (com alguma porcentagem de uma morte precoce).
Mas existem tipos e tipos de loucura. Não dá pra mandar um "te vejo no lado sombrio da lua" se você achar que o cara vai se suicidar - ou talvez virar astronauta - para comparecer ao encontro. E são essas as pessoas que trancam nos hospícios. Por quê ninguém pensa na loucura (e veja bem, vamos trocar a palavra loucura por estupidez) de quem rouba ou mata ou mente? São presos; deveriam ser internados. Vê esse julgamento do mensalão, só tá servindo mesmo para criar a utopia de que depois dele a política não vai ser corrupta. Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que os outros...
A verdade é que as pessoas ficam loucas para não perderem a razão. Transformam a loucura em arte, espalham a loucura e tornam-a sensata. Pelo menos mais sensata do que matar e roubar e mentir e não se tocar que tá tudo bem se o lunático está na grama; os loucos são as melhores pessoas. A loucura é relativa; a estupidez não. (Mas até aí, sou louca por pensar assim.)
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