O branco tomou conta dos seus olhos, que se
abriram cansados e temerosos. Lembrava-se vagamente das últimas horas – como
foi perseguido por milhas e milhas (ou assim lhe pareceu) até que suas mãos
foram atadas. Foi nesse momento que sentiu a agulha fina perfurando seu corpo,
enquanto o líquido quente invadia suas veias e sugava-lhe o ferro, deixando a
sensação de formigamento no lugar. Lembrava-se do sentimento de inutilidade
quando já não era dono de seus movimentos e só pode se deixar ser amarrado. E,
agora que estava relativamente consciente, sabia que o momento que tanto adiara
estava diante de si. Eles o pegaram.
Voltou a sentir seus braços e pernas e soube que ambos
estavam presos por panos fortes à cama. A cabeça ainda estava pesada demais
para ser levantada, portanto restou-lhe o movimento dos olhos para perceber
onde estava. Frascos que pareciam xaropes se alinhavam perfeitamente pelas
prateleiras de um armário de vidro emoldurado por madeira rústica. Não havia
janelas; a única saída era uma porta de aço que ficava na frente na cama,
rodeada por paredes que eram forradas pelo que pareciam finos colchões brancos,
dando-lhe a impressão de que poderia atirar-se contra elas e nenhum dano seria
feito. Tudo no quarto era branco, exceto por uma única e solitária rosa
vermelha, que repousava na mesa branca ao lado da cama.
Começo de um conto qualquer. Dois parágrafos sem conclusão podem fazer sentido se souber ler com outros olhos.
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