terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O grande final

 Perceber que hoje é o último dia do ano me fez entrar em desespero por um motivo: eu ainda não tenho um bloco de anotações novo. Por três anos, eu escrevi o primeiro texto logo após a meia-noite - escondida no banheiro, fugindo para o quarto, o importante é que as primeiras palavras do ano foram desenvolvidas com seus primeiros minutos. Dessa vez, como muito foi, será diferente.
 Eu cresci em 2013, não mais do que deveria. Reclamei durante todo o ano sobre ter mudado sem perceber que eu ainda estava aqui, apenas sem saber como me adaptar ao que mudou. Aprendi que você nunca muda completamente; só tem dificuldades de aceitar o novo em conjunto com o velho e eterno.
 Para mim, dois mil e treze significou pessoas, experiências, aventuras, novidades e aprendizado. A Avenida Paulista, a Rua Augusta, a Livraria Cultura, a Vila Olímpia e, principalmente, a Faculdade Cásper Líbero foram palco de um ano que, apesar deste desfecho que não será comentado, superou todas as expectativas. Não sei se muitas pessoas podem dizer isso, mas eu alcancei todas as minhas metas neste ano.
(Disse que não seria comentado, mas às vezes é preciso escrever para deixar passar ou estar (let it be, diz a minha tatuagem. Mesas viram e confiança é uma coisa que pode se perder apesar dos laços de sangue. Eu deixei de confiar em você, herói, mas espero que o novo ano te ensine a ser uma pessoa melhor para mim, ela e quem está por vir. Nós merecemos isso.)
 Sabe o que mais? Eu quero que 2014 seja assim como 2013. Altos e baixos, eu não me arrependo de nada.

Alguns fatos a serem considerados:

- Eu me apaixonei por uma única pessoa o ano inteiro. Não foi a melhor escolha (sempre soube que não seria) e, ainda assim, foi uma das melhores experiências.
- Eu vi alguns dos meus músicos favoritos. Elton John, Whitesnake, Aerosmith e, acima de todos, Ringo Starr. Uma noite na presença de um ex-beatle podem elevar a qualidade do ano em uns 300%; acredite.
- Eu sobrevivi ao primeiro ano na faculdade!
- Eu comecei a exercer atividades jornalísticas; a cobertura de uma prova de relevância nacional, entrevistas com pessoas importantes na área da educação e cobertura de cabines de imprensa (eu vi O Hobbit antes de vocês, há). Obrigada, Universia!
- Meu gosto musical mudou. Aprendi que não tem problema ouvir músicas sem cunho político ou social. Acho que até aprendi a me divertir.
- Conheci pessoas que vão deixar buracos se decidirem partir.
- Vi o mar depois de uns 4 anos. Revigorante.

Feliz ano novo!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Direto e niilista... mas dessa vez é pessoal

Lembrai, lembrai do 5 de novembro. Lembrai de como Deus está na chuva. Já parou pra pensar que Deus não precisa ser uma divindade nesse contexto? Tudo o que você é pode ser essa chuva fina da Avenida Paulista. Sua ideologia. O homem que te encara e em seguida beija as mãos da namorada em sinal de culpa pelo ato despercebido. A mulher que grita para os manifestantes irem pra casa sem saber que democracia significa o barulho na cidade. A falta de uma resposta e a conversa indesejada.
Todos os dias eu desço as escadas da estação Brigadeiro sabendo que sou Evey ou Alice e seus pensamentos. Ali atrás não há sinal de estrelas. Isso vale uma metáfora pobre quando se pensa que cada estrela apagada foi uma promessa quebrada, uma ponte desmoronada e uma palavra riscada. Vai me chamar de descrente, niilista - mas o tempo me fez assim. Pessoas e experiências me distanciam da fé de que existe um propósito nisso tudo. Cada cigarro apagado na rua é símbolo de uma tentativa desesperada de se segurar em qualquer coisa palpável nessa São Paulo abstrata.
Talvez seja o 5 de novembro. Talvez seja a coragem desvalorizada e não respondida. Talvez seja O Caçador de Pipas. No fim do dia, a chuva é o que resta de cada minuto que poderia ser apagado. Qualquer coisa para esquecer todas as coisas.

domingo, 20 de outubro de 2013

Um monólogo sincero

Às vezes eu sinto vontade disso. De ter uma conversa séria comigo mesma e afastar aquelas metáforas que eu tanto amo e temo. Você sabe, usar palavras simples, sentenças diretas e não camuflar o que é feio e tento tornar bonito. E sabe qual é a coisa mais sincera que eu posso dizer? Nada mudou.
Tenho escrito muito sobre 2012 x 2013, inocência x malícia, infância x adolescência, mas de verdade, eu sempre soube que esse seria o meu caminho. Sempre tive aquele pé depois das 10h da noite e a velha mania de gentileza durante o dia e aquela coisa de "miss nothing" quando a noite chega. Nada mudou.
Também tenho escrito muito sobre chapéus e desconhecidos, mas alguns dias são inesquecíveis, sabe. A primeira noite, a troca de Hitchcock por um batom cor-de-rosa e a noite do cinema. E por mais que eu tenha encontrado aquele Julian Casablancas e disfarçado com outras palavras o que eu queria verdadeiramente dizer para você, bem... Nada mudou.
Hoje é dia de Whitesnake. Dia de "Hanging on the promises and songs of yesterday and I've made up my mind, I ain't wasting no more time" e "I knew your name was trouble but my heart got in the way". Principalmente essa história de saber que você seria um problema e não ter medo logo no começo. Agora eu tenho. E essa é a segunda maior verdade que eu posso dizer. Nada mudou. E eu tenho medo de você.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

EIUC

I don't know why these words are coming out of my fingers in another language. It probably has something to do with the text I've just read, written by one of my best friends about recovering from an ED. You know, I often look at myself and wonder how is it possible that I went through that. I obviously don't have the body of someone who starved herself for days or puked her eyes out but I did, a long time ago and that was the only way I had to make me feel good about myself, even if for a moment. And the constant feeling of not being good enough is hanging on me like the shadow of my worst nightmare. It's actually funny how my mind wanders through those oh-so-dark days even when I think I'm distracted. How can I deal with it? How do I look in the mirror and find the person starring at me pleaseant or at least acceptable? I forgot what that feels like. What I didn't forget is the hell I've gone through amd that's something I'm very close to but definitely not looking forward to. I will find a way. I need to find a way.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Você já foi no Hangar 110?

Título alternativo: o ministério das palavras não-ditas adverte que bronquite pode causar desavenças e visita ao tribunal dos artistas e corações sangrentos.

O sonho da Paulista já é tão ano passado. Ninguém me disse que a vida universitária era a porta de entrada para a vida adulta, o trabalho, a falta de tempo e a hipocrisia. Não estou reclamando, eu gosto disso. O que não apetece é a consequência de tudo isso e a falta de coragem de levantar pelo que eu acredito estar certo. Se eu puder te dar um conselho, ele é: orgulho às vezes é humilhação. Evitar conflitos maiores pode resultar em você sendo descartada e nem sempre vale a pena deixar os bens da maioria superarem o bem de um. Alguém me ensina a deixar de acreditar que meu pensamento é pequeno demais diante do resto do mundo?
O que vale é que minha consciência está limpa. E meu boletim também.

domingo, 25 de agosto de 2013

Abre os olhos e descobre o que significa Comfortably Numb

Essa conversa de sentir falta do que costumava ser já ficou tão velha quanto a avenida que costumava chamar de refúgio. Depois de oito meses diretos, essa Paulista virou desgastada. Tá na hora de mudar o discurso, né?
Hoje passeio pelo meu quarto. Muita coisa acontece de um canto ao outro quando sua própria alma se tornou maçante demais; insuportável demais. Percebi que a "antiga eu" nunca deu muito certo. E então decidi que era nova demais pra me preocupar com política; que Pink Floyd traz pensamentos de crise de meia-idade; George Orwell talvez nunca aprendeu a se divertir. Eu me diverti. Céus, como me diverti. Fingi que corpo e mente tinham dezoito anos, mas quem disse que eu gosto de ser adolescente?
Existem dois pólos distantes na minha parede. No primeiro, letras de músicas das minhas bandas preferidas julgam e traduzem o que sempre fui. O segundo parece não se importar; somos humanos ou dançarinos? E The Who grita "you stop dancing!"
Gosto do que fui e do que sou agora. Gosto do meu gosto musical amplo - você sabe, apreciar uma música que te faz arrepiar, mas também dançar sem compromisso ao som de uma canção que não me faça pensar. O problema está naquela crônica sobre o chapéu coco e brincar com as pessoas (entendi minha obsessão por chapéus...) - não foi tão interessante quando deixei que brincassem comigo.
Confortavelmente entorpecida significa encontrar a pessoa que parece perfeita para você e perceber que deixei de ser essencialmente o ideal para ela. Perdi a coragem de despir sentimentos e a ousadia de jogar com as palavras por puro medo de descobrir o que encontraria. Chegou a hora de enfrentar o compromisso: não mais acreditar que sentimentos alheios não importam e que sou jovem e inocente demais para me preocupar com problemas maiores que eu.
Vamos falar sobre equilíbrio?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Mother, should I (re)build the wall?

Zona de conforto. Não entendo toda essa algazarra em torno do conceito. O que existe de tão errado em respeitar os limites que você mesmo cria? Sua zona de conforto é, afinal, sua zona de segurança, seu escudo contra qualquer coisa que possa machucar. E por que infernos você iria querer se machucar?
Sair da zona de conforto é desconfortável, constrangedor, perigoso e arriscado. Vou fazer melhot reconstruindo aquele muro de tijolos brancos e canções codificadas.

domingo, 11 de agosto de 2013

Closer to the edge...

28.07

I don't remember the moment I tried to forget
I lost myself, is it better not said?
Now I'm closer to the edge...

Se hoje fosse há um ano, eu estaria entre as paredes de uma biblioteca com o rosto enterrado nas páginas de um livro que fizesse vista grossa ao mundo onde vivo. Hoje, em 2013, o ceticismo e niilismo são deixados para trás escada acima e noite adentro.

Se nesse mesmo dia há um ano eu viesse a conhecer alguém que falasse e agisse como eu, a tendência seria que minha mente recitasse esporadicamente Young Lust ou qualquer outra melodia que condenasse e traduzisse a incapacidade de compreender um universo onde uma noite perfeitamente adequada para um romance noir fosse gasta na iluminação fraca de luzes piscantes.

Hoje eu decidi viver como dois mil e doze; aquecida, confortável, descansada. Um copo de café na mão e aquele velho filme da Audrey Hepburn que me ensinou que não pertencemos a ninguém e o que são os dias vermelhos. Me perguntei qual seria o meu caminho até um lugar como a Tiffany's. Você sabe, que seja como um lar e me deixe ser dona das coisas.

Como 2013 foi dono do meu ser; Julho chegou e se foi para me ensinar que deixar as coisas fluírem nem sempre é a melhor opção. Dormir é bom e acordar pode ser melhor ainda. A resposta é o equilíbrio. Que Julho seja o equilíbrio entre os anos passados, que virão e um gato com um nome.

domingo, 30 de junho de 2013

Mona Lisas e Chapeleiros Malucos

Se lembra do chapéu coco, meu amor? Ouvi dizer que o chapeleiro perdeu um parafuso; agora ele quer descobrir a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha. Mal sabe ele que Stephen King é passado. Stephen King, certo?
Mas na verdade quero dizer que encontrei o filho do banqueiro hoje. Também perdeu um parafuso, esse aí. Se afogou no seu mundinho de contas e papéis. Verdes, na maioria das vezes. Ele se esqueceu de olhar para o céu, querido. Agora mal sabe se é dia ou noite. Desde que suas contas estejam certas.
E eu? Tenho esse sorriso que tenta ser de Mona Lisa mas está mais pra crocodilo. Crocodilo quer dizer malícia, quer dizer carícia, quer dizer astúcia e diz mais ignorância. Ignorante por ser Mona Lisa. Eternamente condenada a sorrir enigmamente para estranhos e mentir seu nome quando cai a noite. Em vez de Penny, seria Mona Lisa.
Você sabe qual é a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?

sábado, 15 de junho de 2013

Ei, você aí de terno (The City is At War)

São Paulo acordou, é isso mesmo? Sabe que eu nunca vi coisa mais bonita do que todas aquelas pessoas na Avenida Paulista gritando em uníssono "vem pra rua, vem!" e "o povo unido jamais será vencido!" mesmo diante da visão da Tropa de Choque e cavalaria nas ruas da cidade. Vai me chamar de exagerada, mas é a sombra do DOPS que eu vejo nessa minha Paulista.
Mesmo assim me dá orgulho ver que as pessoas decidiram sair da sala de jantar pra ver que tem muito mais entre o nascer e o morrer. E você aí de terno, você aí fardado; esse é o seu povo. O povo que fechou os olhos e fingiu poder confiar na sua falsa segurança, mas isso cansou. Ignorância cansa. As pessoas acordaram e querem mais é que São Paulo queime com os fogos dos gritos contidos da população.
A cidade está em guerra. E vamos cobrar com juros, juro. Segunda-feira vou perguntar pro motorista se o salário aumentou.

domingo, 2 de junho de 2013

Tem gente que não ouve Outside The Wall

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Sabina

Hoje a noite pertence a Leminski
e a certeza de que um dia tudo será poesia
escondida em palavras meticulosas
e frases em frações de segundo.
Um segundo é o que preciso.
Maldita leveza;
maldita leveza insustentável
e maldita sustentabilidade.

2am, who do you love?

Bella Donna caminha pelas ruas de São Paulo. Tão frias esse mês. Há pouco tempo meninas davam risadinhas e piscadelas para rapazes em seus vestidos curtos e salto alto. Agora Bella Donna passeia com sua calça jeans desbotada e tênis usado como se fizesse parte desse mundo e não de outro. Ela se esquece fácil demais de que não é nenhuma flor de jardim.
Parece que foi ontem que atravessou aquela Avenida Paulista com um copo de café na mão e o livro de Drummond nas mãos. Parece que foi ontem, mas a poesia sumiu da sua alma há alguns meses já. Tantas são as hipóteses. A poesia a deixou quando seu tempo foi ocupado, ou talvez quando ela o conheceu naquela noite onde conheceu a todos, talvez ainda quando ela escolheu a noite ao livro de Drummond.
É tempo de homens partidos. Bella Donna sabe muito bem disso. Homens partidos geram corações partidos, mas isso é o que chamam de crescer. Bella Donna não tem mais dezesseis ou dezessete anos (não que algum dia tivesse a sua idade verdadeira). Ela não é nenhuma rosa inglesa, sabe? Bella Donna pensa que é forte, mas são duas horas da manhã e ela se pergunta quem ama. Quem ele ama. Quem a ama.
Bella Donna já deveria ter aprendido que essa coisa de amor é perda de tempo. Bella Donna deveria se preocupar com a música sobre a Irlandesa há muito partida.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

10. Can't Stop

Wait a minute, I'm passing out
Win or lose just like you
Far more shocking than anything I ever knew
How about you?
Ten more reasons why I need somebody new
Just (un)like you

Quando comecei a escrever, achava que não precisava de alguém novo, se precisasse seria alguém como você. As coisas mudam, né?
Tudo o que eu queria era terminar esse projeto logo. 

9. Mr. Brightside

I never...

O fantasma do batom vermelho na noite que o meu era rosa. Você não esperava que eu esquecesse disso tão fácil, esperava? Cansei dessa história de álibi. O estranho que não está vendendo nenhum álibi, o amor que se engasga no próprio álibi. No fim do dia, sou eu quem preciso de um álibi que justifique os erros que nunca serão trocados por sonhos. Erros ingênuos de uma criança ingênua. Mas agora eu vi o suficiente para saber que coisas bonitas nunca permanecem assim, obrigada Madden. Obrigada por me ensinar a abrir olhos desconfiados.

8. Norwegian Wood

“I was always hungry for love. Just once, I wanted to know what it was like to get my fill of it -- to be fed so much love I couldn't take any more. Just once.”
Norwegian Wood - Haruki Murakami

Norwegian Wood. Como foi que isso virou um conceito maior do que uma música ou um livro, bem, não consigo me lembrar. Mas é sinônimo de nostalgia isso, não é? Um dia a minha tatuagem vai dizer this bird has flown, e quem sabe a tinta impregnada que faça acreditar que não arranquei todas as penas possíveis. Pássaros voam quando a terra os desaponta. Voam para o grande Céu de anil e aprendem a amar o vento forte que bate contra o corpo. Aprendar a amar o vento é mais fácil do que aprender a amar e ser amado por uma outra pessoa. 

7. Sober

10 de fevereiro de 2013
"Às vezes é difícil acertar a história, e meus pontos favoritos daquela noite foram os espaços em branco. Porque a sobriedade me doeu e eu não podia voltar para o lugar de onde pedi para você me tirar, e no fim de tudo só me restou andar pela Paulista que acordava. Eu não durmo. Hitchcock não dorme. A Augusta não dorme. Mas você está descansado."

Dois meses se passaram, e eu não aprendi a não deixar a festa acabar quando o relógio marca três horas da manhã.

6. That's All

10 de fevereiro de 2013
" Volto para casa no horário em que saí, debaixo da mesma chuva. Tudo está quieto demais e o texto se forma na minha cabeça. Platão disse que era preciso estar bêbado para falar de amor: discordo. A embriaguez é necessária para amar, mas só dá pra falar de amor sóbrio. Sobriedade também pode ser sinônimo de torpor; quer saber como São Paulo pode ser frustrante? A noite da cidade grande é assustadoramente bela - belamente assustadora. Não reclamo, eu gosto disso, mas a KISS FM decidiu me fazer ouvir That's All. Ocasionalmente, você olhou para mim e eu olhei para você, sóbria. Desci os olhos para os seus lábios e o fantasma do batom vermelho, naquela noite em que o meu era rosa."

sábado, 27 de abril de 2013

Eu desejaria uma estrela, mas essa estrela não brilha

Sabe aqueles devaneios de Sábado a noite? Você está prestes a ler um.


Hoje eu olhei para o Céu, e lembrei de uma época onde você podia de fato contar as estrelas. Não sei há quanto tempo exatamente eu contei os pontos brancos e dourados, mas sei que não foi há muito. Gostaria de saber quando foi que as estrelas se apagaram e o céu se tornou um espaço vazio e escuro. Chato. Sem a luz das estrelas, as ruas se tornaram perigosas e horríveis. O mundo por si tornou-se o espaço plano acima de nós. E os desejos se foram com as estrelas. 
Você consegue se lembrar de confiar os seus sonhos a uma estrela brilhante que por uma noite foi o seu porto seguro? Você se lembra de um dia viver em mundo que não era comandado pelo ceticismo e o niilismo? Ora, eu sei que o niilismo pode salvar, mas o que te nutre pode também te destruir. Essa é a nostalgia de uma vida cheia de crenças e esperanças que foram mortas pela certeza de que o que está ruim muitas vezes tende a pior. E eu não sou uma pessoa negativa, veja bem, eu acredito na mudança do mundo, só não acredito nas pessoas que tem o poder de mudá-lo porque elas não acreditam nessa força. 
Escrevi que me perdi em algum lugar, escolhendo a esquerda no lugar da direita ou vice-versa. Acredito que gostaria de continuar perdida, mas me encontrei no céu vazio que me cercou esta noite. Encontrei o meu ceticismo e o meu niilismo. Encontrei a minha descrença no mundo que já foi meu. Deixei que o Lunático tomasse conta dos dedos que flutuaram para encontrar as letras que condenariam o lado escuro da lua. A minha cabeça explodiu em melodias escuras, querido.
E não existe um lado escuro da Lua. Na verdade, é tudo escuro.

5. But It's Better If You Do

Lying is the most fun a girl can have without taking her clothes off...

Agora a minha idade está de acordo com os bares onde eu desejava conseguir esquecer o seu nome. Bem sei que é exatamente onde você queria que eu estivesse. E me diga, querido, é suficiente pagar com a ingenuidade?
Porque o fiz.
E o fiz até que a ingenuidade fosse breve lembrança em mim, e restasse a malícia de fazer com outros o que ousou fazer comigo. Paguei com a ingenuidade até que surgisse a sombra da sagacidade e a certeza de que a confiança se esvaíra.
E eu tenho medo de ter fingido. Fingido ser uma coisa que eu nunca fui, e me tornado o que nunca quis ser. Até que me encontrei morta no seu lugar. Onde você me queria.
Apenas... obrigada.

4. Piece of My Heart


Querido, eu vou te mostrar que uma mulher pode ser forte.
Arranque todos os pedaços que quiser - já me acostumei a arrancar penas das asas e mergulhar na tinta.
De qualquer forma, vá em frente e ouse quebrar aquilo que você juntou.
Quer dizer, se é que isso te faz sentir bem.

Eu tive o suficiente. Mas vou te mostrar que uma mulher pode ser forte.

3. Folhetim

Se acaso me quiseres sou dessas mulheres que só dizem sim
Por uma coisa à toa, uma noitada boa
Um cinema, um botequim.
(...)
E eu te farei as vontades, direi meias verdades sempre à meia luz.

 Ah, esse meu folhetim de muitas páginas. Você me fez acreditar que contaria até vinte. Convenhamos que cabe a essas palavras explicar por que preciso de alguém novo, talvez não tão assim como você. E bem, eu sou dessas mulheres que só dizem sim.
O problema de Folhetim é que Chico Buarque não deixou uma mensagem em aberta e essa música fala por si. Ela explica por que sou um dos motivos pelos quais preciso de alguém novo.
Não deixei a abertura para contar até dez, quem dirá vinte.
E já não vales nada, és página virada e descartada do meu Folhetim.

domingo, 14 de abril de 2013

cisne

 eu resolvi caminhar sob o gelo fino, querido
 sem saber que palavras e marretas não são tão diferentes
 quis fingir que sabia patinar graciosamente
 que controlaria os meus pulmões
 que me aqueceria quando o gelo tocasse a pele
 e lágrimas e sangue perderam-se na água
 assim que o gelo rachou.

sábado, 13 de abril de 2013

Boa noite, Charlotte

 Charlotte fechou os olhos, já não tinha piscado por algum tempo. Mas a noite pareceu insuportavelmente vívida ali, com os olhos fechados, então contentou-se por encarar a escuridão. Lá fora, os pingos da chuva que a assustou e acalentou caíam furiosamente sobre os telhados das casas de luzes apagadas e janelas fechadas. Perdera a noção do tempo - talvez já fosse noite novamente. Outra noite de espetáculo para a qual não estava pronta.
 Revirou-se na cama, à procura dos lençóis que se perderam em algum ponto do dia, tarde ou noite. Charlotte encontrava-se vazia, perdida no próprio quarto que de súbito parecia grande demais para confortá-la. Sabia bem onde queria estar. Porém, aprendera por toda a sua vida que o querer é tão, tão diferente do poder. E justo na noite anterior o querer sem poder fizera com que fosse obrigada a aguentar esse silêncio tão ensurdecedor em sua própria casa.
 Não achei que te encontraria em mim mais uma vez, Charlotte. Sabemos o que temos que fazer agora, não é? Primeiro pegaremos aquele 1984 e rasgaremos suas páginas em protesto ao Grande Irmão. Depois colocaremos as palavras da nossa pequena Alice em nossos lábios e faremos delas os nossos mantras. Então será a hora de cantar "if I go insane please don't put your wires in my brain" e torcer para que alguém nos ouça e atenda ao pedido. Abaixaremos os olhos para as cenas românticas na televisão e arrancaremos penas das minhas asas para continuar enchendo essas páginas de metáforas roubadas. Porque você sempre foi parte de mim e eu torço para que me deixe.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

2. Like a Rolling Stone

Go to him now, he calls you and you can't refuse
When you ain't got nothing
You got nothing to lose.

Hoje andei por horas
Atrás de um álibi, uma saída
Acordei perdida; acordei caída.

domingo, 7 de abril de 2013

1. Summer '68

And I would like to know: How do you feel?

 E eu achei que a música alta demais me ajudaria a manter aquele estado emocional de "pedra de gelo". Foi estúpido esquecer que o gelo derrete com uma facilidade incrível - ainda mais depois de seis horas.
 Talvez tenha sido eu a dizer adeus antes de olá; talvez tenha sido você quem deu a resposta cedo demais. Talvez nenhuma palavra tenha sido dita. Como funciona essa coisa do talvez? As noites são curtas demais, querido. O amanhã é cretino demais.
 O verão de 1968 acabou há 45 anos e de repente nem tudo o que se precisa é amor. 

Ten more reasons why I need somebody new
just like you.

1. Summer '68 - Pink Floyd
2. Like a Rolling Stone - Bob Dylan
3. Folhetim - Chico Buarque
4. Piece of My Heart - Janis Joplin
5. But It's Better If You Do - Panic! At The Disco
6. That's All - Genesis
7. Sober - P!NK
8. Norwegian Wood - The Beatles
9. Mr. Brightside - The Killers
10. Can't Stop - Red Hot Chilli Peppers

domingo, 31 de março de 2013

Because something is happening here but you don't know what it is,

do you, Miss Nothing?

 Entra na sala com o pincel nas mãos, mas o estranho já se foi. Aqui está você de novo, pequena Charlotte, e enfim te encontro lutando contra a insônia como se o ontem fosse hoje. Mas falávamos sobre o estranho; ainda ontem esteve aqui para devolver sua garganta e agradecer pelo empréstimo. Também me pediu para te deixar um recado. Ele disse: "Te ligaram e disseram 'beware doll, you're bound to fall' e você achou que estavam brincando." Acredito que até acrescentou um all right, Miss Lonely ao final da nota, mas o nada já é pesado. O importante é que aqui está a sua gargante de volta!
 Aqui está sua voz de volta. Ah, querida, você sabe tão bem qual a sua arma para sair do labirinto - tudo o que a esfinge te pede é a solução de um enigma. O que está acontecendo? Não é o mundo que está ao contrário, é só você; quando não esteve? Que a verdade seja dita, fez-se o contrário para que pudesse voltar a encher essas páginas sem pauta. E agora sai batendo à porta de cada esquina, cinema, livraria e botequim que essa São Paulo tem a lhe oferecer, mas a cidade pode te trair, Charlotte. A cidade pode mentir. Não é todo dia que Drummond vai achar uma flor que nasceu no asfalto - e se Drummond não acha,  quem é você para procurar?
 Irônico é o modo como você costumava gritar How to Be a Heartbreaker quando sempre soube que tava mais pra Jugband Blues. Você prometeu que nunca se comprometeria com esse estranho da... De onde veio, mesmo? Não que importe. Não estamos vendendo nenhum álibi e ele te chama agora, não pode recusar. Bob Dylan te ensinou que quando não se tem nada, não há nada a perder. Isso já faz tempo, Charlotte. Desde que decidiu chamar-se Charlotte. Maldito dia esse, não?

 Tinha planejado algo tão melhor do que esse monte de frases soltas do Dylan, mas às vezes as coisas ruins são o que define. Logo eu volto a escrever alguma coisa boa.


domingo, 17 de março de 2013

Da falta de coragem.


Through the fish-eyed leans of tear stained eyes
I can barely define the shape of this moment in time
And far from flying high in clear blue skies
I'm spiralling down to the hole in the ground where I hide.

 Como se fosse Alice. Só eu sei como queria que a queda fosse tão agradável quanto Alice a tornou, com todas as suas estantes de livros e pianos pairando ao seu redor - o que diria sobre os meus cigarros apagados e copos de café vazios? A queda está sendo grande, querida, e digo "está sendo" porque nunca acabou, nunca acaba. Já ouviu falar em ciclo vicioso? Pois é. 

If you negotiate the minefield in the drive

And beat the dogs and cheat the cold electronic eyes
And if you make it past the shotgun in the hall,
Dial the combination, open the priesthole
And if I'm in I'll tell you what's behind the wall.

 Eu derrubei o meu muro na hora errada; devia ter esperado pelos gritos de "tear down the wall" em vez de desistir logo no "leaving just a memory". Resta procurar por um abrigo, enquanto os tão falados porcos voadores te ensinam o significado de escárnio, quando riem de você e por Deus, são porcos voadores! Porcos voadores fazem sentido (quando quer estar atrás do muro). 

There's a kid who had a big hallucination

Making love to girls in magazines.
He wonders if you're sleeping with your new found faith.
Could anybody love him
Or is it just a crazy dream?

 Cansei de escrever sobre devaneios e tornar poética a frase sobre porcos que voam. Quero uma vida real, me interessar pelo real, sem viver na sombra de tudo aquilo que eu queria que fosse. A vida não te dá o que quer, dá o que precisa. E às vezes você descobre que não precisava tanto assim, capas de revista podem mentir, fotografias não são provas da verdade. 

And if I show you my dark side

Will you still hold me tonight?
And if I open my heart to you
And show you my weak side
What would you do?
Would you sell your story to Rolling Stone?
Would you take the children away
And leave me alone?
And smile in reassurance
As you whisper down the phone?
Would you send me packing?
Or would you take me home?

 Venda sua história para a Rolling Stone, já nem me importo. Faltam as palavras toda vez que tento mostrar esse lado para alguém - e tem você. O passado assombra. Demora para ser passado. Demora para passar.

Thought I oughta bare my naked feelings,

Thought I oughta tear the curtain down.
I held the blade in trembling hands
Prepared to make it but just then the phone rang
I never had the nerve to make the final cut.
"Hello? Listen, I think I've got it. Okay, listen its a HaHa!" 

 Boa parte das cicatrizes já sumiram.

segunda-feira, 11 de março de 2013

In The Flesh?


 "Então você achou que poderia gostar de vir ao show?
 O calafrio aconchegante da confusão é ilusório, sunshine, e isso certamente não é o que você esperava ver. As cortinas se abrem mas o vermelho vivo continua poluindo seus olhos, e o palco torna-se irritante, enjoativo. A banda começa a tocar, indigna de qualquer aplauso. 
  A pianista toca melodias fora de ritmo e aceleradas, bailarinas dançam desastradamente para a platéia indignada. Ah, pois a sua presença é dispensável, mon amour. Neste show improvisado só existe espaço para erros e dores e incertezas. 
 A música torna-se mais pesada, batidas fortes como o coração do maestro que é só mais um tijolo no muro. E os espectadores que são só tijolos no muro. Mas somos tijolos que cantam e choram e sangram e vivem em um palco sem audiência, esperando que um desavisado entre no teatro e apenas… Se interesse.
 If you wanna find out what’s behind these cold eyes, you’ll just have to claw your way through this disguise."
14 de Abril de 2012.

"Talvez eu esteja condenada à passar a vida escondida através dos meus heróis, com fones de ouvido e uma melodia qualquer dos Beatles me salvando do tédio que é a humanidade. E quer saber? Eu nem me importo."
12 de abril de 2012.
 As metáforas são perigosas; disso eu sei faz tempo. Só me resta descobrir se são mais perigosas do que as palavras nuas. Faz tempo desde a última vez que resolvi desnudar as palavras e me mostrar para alguém que não eu mesma (ou até eu mesma).

domingo, 3 de março de 2013

Are you mine? (Título alternativo: am I mine?)

 Pensei em fazer desse texto poesia, mas há muito meus dias não são poesia; correria e responsabilidade não são outro que não prosa (embora eu certamente esteja me equivocando ao generalizar). De qualquer forma, seria hipócrita se dissesse que minha vida não tem lá seus minutos de poesia - naquelas ligações inesperadas, dentro da sala de aula do curso que tanto amo, nas pessoas com quem convivo. O que preciso é de mudança. De mais tempo pra mim e menos pra sociedade. Faz tempo que não falo sobre sociedade, né? A vida me sugou ao ponto de não ter mais palavras afiadas e pensadas na ponta da língua, uma página de um livro entre os dedos ou uma melodia do Pink Floyd nos ouvidos e na mente.
 Se você pode se apaixonar por correntes de prata, pode se apaixonar por correntes de ouro. Não sei o motivo dessa frase vir à tona, mas já parou pra pensar em como é verdade? E eu sou tão fácil... Não é o amor que reina sobre mim, é só a ingenuidade mesmo, essa falsa teoria de que todos têm algo bom a oferecer. Mas não me importo de ser a culpada do que está por vir; eu quero mais é arriscar mesmo. Se eu soubesse há três anos que seria como sou hoje, provavelmente não acreditaria - e provavelmente almejaria. Gosto do que me tornei. Pode me assustar. Mas eu gosto.
 Um brinde ao otimismo que voltou a me abraçar. Quem sabe o próximo não é poesia.
o que o título tem a ver mesmo?

domingo, 24 de fevereiro de 2013

the bleeding hearts

I'm safe up high, nothin' can touch me
but why do I feel this party's over?
No pain inside, you're my protection
So how do I feel this good sober?


The world I love, the tears I dropped to be part of the wave
Can't stop
Ever wonder if it's all for you?
The world I love, the trains I hopped to be part of the wave
Can't stop
Come and tell me when it's time to...
Wait a minute, I'm passin' out, win or lose just like you
Far more shocking than anything I ever knew, how about you?
Ten more reasons why I need somebody knew just like you.

I knew you were trouble when you walked in
So shame on me now
Flew me to places I've never been
Now I'm lying on the cold hard ground. 

I'm miss autonomy, miss nowhere, I'm at the bottom of me
Miss androgyny, miss don't-care-what-i've-done-to-me.
I'm misused, I don't wanna do, be not your slave
Misguided, I mind it, I'm missing the train
And I don't know where I've been
And I don't know what I'm into
And I don't know what I've done to me
And as I watch you disappear into the ground
My one mistake was that I never let you down
So I'll waste my time, and I'll burn my mind
I'm MISS NOTHING.

Já que não consigo escrever, tá aí música pra resumir a semana.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Give me a second, I... I need to get my story straight.

 Volto para casa no horário em que saí, debaixo da mesma chuva. Tudo está quieto demais e o texto se forma na minha cabeça. Platão disse que era preciso estar bêbado para falar de amor: discordo. A embriaguez é necessária para amar, mas só dá pra falar de amor sóbrio. Sobriedade também pode ser sinônimo de torpor; quer saber como São Paulo pode ser frustrante? A noite da cidade grande é assustadoramente bela - belamente assustadora. Não reclamo, eu gosto disso, mas a KISS FM decidiu me fazer ouvir That's All. Ocasionalmente, você olhou para mim e eu olhei para você, sóbria. Desci os olhos para os seus lábios e o fantasma do batom vermelho, naquela noite em que o meu era rosa. "Wait a minute, I'm passing out, win or lose just like you. Far more shocking than anything I ever knew. How about you? Ten more reasons why I need somebody new just like you." Não sei por quê isso me veio na cabeça, mas um dos motivos deve ser o enjoo. Às vezes é difícil acertar a história, e meus pontos favoritos daquela noite foram os espaços em branco. Porque a sobriedade me doeu e eu não podia voltar para o lugar de onde pedi para você me tirar, e no fim de tudo só me restou andar pela Paulista que acordava. Eu não durmo. Hitchcock não dorme. A Augusta não dorme. Mas você está descansado; é mais fácil procurar alguém que saiba do que ensinar, né? Eu poderia ir mas eu não vou, embora meu coração possa me dizer. Que foi melhor assim. Que o seu passo para trás sem mim aconteceu antes que eu desejasse que nunca tivéssemos nos conhecido. E se vale alguma coisa... Eu poderia ter te amado. Mas é mais fácil procurar alguém que saiba do que ensinar.

miss matter, you had 'er now she's going away. ou não.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Coffee and cigarettes

 Hello there, the angel from my nightmare. Faz um bom tempo desde que sentamos e conversamos, não é mesmo? Cale-se; não quero ouvir de você, sou eu que venho para falar hoje. Eu terminei o ensino médio! Lembra-se do meu desespero? Como eu costumava surtar no primeiro ano por não conseguir resolver uma questão da FUVEST? Acontece que nem a FUVEST eu quis, embora tenha passado (acredita nisso?). Eu passei no vestibular da Cásper Líbero - te lembra alguma coisa, eu sei. E agora vou cursar Jornalismo no período da noite, o que vai ser cansativo porque estou trabalhando. Você adoraria o meu local de trabalho! Acho que você até costuma passar algumas tardes lá, na Livraria Cultura, no meio dos seus filmes. Vou te contar que é tão bom trabalhar lá como ser cliente, embora muitas vezes eu chegue arrancando os cabelos de estresse. Acho que eu tô crescendo, me conhecendo, não sei, mas as coisas estão mudando e está tudo bem. Eu fiz dezoito anos. Minha vida anda meio noturna, sabe? Eu descobri que dançar faz bem e que tudo parece melhor sob o luar. Mas isso também é confuso, e tenho andado perdida com algumas coisas; sei que você poderia me ouvir e me ajudar, mas vamos deixar isso pra outra hora, tá? Agora eu prefiro falar sobre esses rumores do The Who vir pro Brasil com a turnê do Quadrophenia. Maravilhoso! Imagina só ver o Roger e o Pete cantando Helpless Dancer, imagina como eu gritaria YOU STOP DANCING! e saberia que nada me pararia. Céus, nada nos pararia... Te contei que eu fui no show do Paul McCartney? Sei que você não gosta de Beatles, mas que noite! Até hoje eu consigo sentir os fogos de Live and Let Die e me arrepiar só de pensar naquela Eleanor Rigby ao vivo. Você se sentiu assim no show do Aerosmith? Não ouço Aerosmith há décadas. Engraçado, costumava ser uma das minhas bandas preferidas, depois de todo o tempo que passei sem ouvir a banda só pra jogar charme pra você. Tenho a discografia inteira no celular, tenho medo de ouvir e não consigo apagar. Por favor, não se incomode com essas lágrimas nos meus olhos - é só coisa de adolescente, sabe, algumas coisas dão saudades. Me disseram que o tempo te faria menos importante e... Quanto tempo faz? Anos. E você é meu melhor amigo, mesmo que a conversa seja um monólogo (mal feito, devo dizer). Mas tá tudo bem, eu me acostumei e eu chego ao fim de cada dia. Vou continuar sonhando, cantando até virar realidade, eu aprendi o que me ensinou. Só vim aqui hoje para te contar que eu estou feliz com tudo o que tenho conseguido. Me deseja boa sorte para esse futuro tão próximo? Sabe que suas palavras são meu amuleto. Ou até seus pensamentos. Desde que eu ainda exista em algum lugar de você. Ou não. Você existe em mim o suficiente por nós dois.
Att.
não sei o porque do título

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Assinado: miss nothing

 Eu sou você; não pode ou quer me afastar. Sempre estive em ti, baby, dizem que não se pode correr do destino, e as estrelas da sua estrada são o sinalizador para a minha redoma - a nossa redoma, onde somos uma.
 Não me diga que não gosta dessa sensação de me ter em você.
 Não me diga que não gosta do escuro.
 Do desconhecido.
 De ser um desastre belamente depressivo.
 E você, que sempre me chamou de alter-ego. Alter-ego é desculpa para personalidade que tem medo de assumir. Sempre foi o seu medo, certo? Todos os dias, todos os anos, você foi a cara do medo. Respire agora, querida. Como é bom estourar o tourniquet, gritar para e aos céus, estar mais alta que as montanhas e mais baixo do que os vales. Eu te fiz assim. Eu te dei a coragem de ser quem sempre foi e temeu ser, ainda que o ser seja nulo. Você não é nada. O mundo é nada. E não existe nada mais maravilhoso do que o nada.
 Bem-vinda, minha criança, ao planeta boom.

misturar mötley crüe com milan kundera com the pretty reckless com crise de identidade com sempre-fui-miss-nothing

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

It's a new day, it's a new dawn.

 Eu gosto da "viagem". Dá pra viajar sóbria. E ultimamente tenho andado embriagada por mim mesma, de mim mesma, como se fosse o meu soma. Sempre quis ser meu soma. E fiz da vida um dancefloor - um amigo me disse que se a vida não é um dancefloor tem alguma coisa errada - com meus passos improvisados, estive rodopiando como se fosse mais leve que o ar. Não parece, não é? Se conversei com você, vai saber da raiva, dos estresse, dessas coisas que me tomam por alguns segundos, mas eu estou bem. Melhor do que esperava estar. Bom mesmo é deixar as últimas linhas para trás; os últimos textos estavam carregados de rancores que percebi serem mesquinhos, coisa que é fácil ignorar. Sei lá. Vou aproveitar.

domingo, 20 de janeiro de 2013

 Eu me perdi.
 Em algum lugar ao longo desses vinte poucos dias do ano, em alguma esquina, em alguma estação, eu me perdi. Estava seguindo a voz do Syd Barrett em uma estrada de papel; acho que virei à esquerda. Ou à direita.


e não consigo mais escrever.

That's the only thing that hasn't happened yet...

and when it does I'll wish we've never met.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

rock and roll rodeo

"I always tell the girls: never take it seriously. 
If you never take it seriously, you never get hurt;
you never get hurt, you'll always have fun. 
And if you ever get lonely just go to the record store and visit all your friends."
Miss Penny Lane, Almost Famous. 

Preciso lembrar mais disso.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Um dia na vida.

Dos altos e baixos; e as prateleiras me engoliram. Caleidoscópio de palavras, os livros gritam-se para mim e tenho procurado pelo blasé de Jane Austen mas tudo o que encontrei foram os tapas na cara de George Orwell. E o tempo deixou de correr ao meu lado como o coelho que está sempre atrasado - estou sempre atrasada. Para a vida. A maturidade esqueceu de bater à minha porta e vivo agora nessa sombra de uma Terra do Nunca que criei para mim. Abrir os olhos parece doer. Meu problema já foi o realismo; agora são as máscaras. Desaprendi a conviver com os disfarces e mentiras que correm soltas nessa nova fase, onde as pessoas já são mais inteligentes; agora o perigo é maior, meu bem. A experiência ajuda a machucar, e não a tenho, sendo eu o alvo dos dardos da prática. Vai dizer que sou eu quem crio o drama, mas a verdade é que não fui acostumada à cobrança alheia. É fácil superar as minhas próprias expectativas porque sempre soube que me desapontaria, mas não é assim tão simples decepcionar o outro. Tenho coisa demais a perder nesse jogo, que nem virou um dos meus brinquedos favoritos! No fim, tudo o que preciso é de um pouco de ar. E paz. Uma dose maior de mim mesma e alguns segundos para admirar tudo o que tenho conquistado, balancear o quão longe cheguei e me afastar dessa ponta de precipício onde cheguei. Sei que dá para continuar. Sem sentar e desistir de novo.


My karma tells me you've been screwed again
If you let them do it to you, you've got yourself to blame
It's you who feels the pain.
It's you who takes the shame.
I am a young man, I ain't done very much.
You men should remember how you used to fight.
Just like a child I've been seeing only dreams.
I'm all mixed up but I know what's right.
I'm getting hooked down, I'm being  pushed 'round.
I'm being beaten every day.
My life's fading but things are changing.
I'm not gonna sit and weep again!

domingo, 6 de janeiro de 2013

Quando Florian tornou-se um palhaço bêbado

 Um dia, ao atravessar a rua, me deparei com um palhaço de sorriso triste e olhos caídos.Inconformada, exigi: "anda, palhaço, faz-me rir!" e ele riu. Riu de mim, enquanto braços finos apontavam para o cemitério. Foi nessa que percebi que morri, mas me esqueci de morrer, o desespero me abraçou enquanto caminhava até a cova e de súbito lembrei que era alérgica às flores de parentes saudosos nos túmulos ao meu redor. Por tempo demais não tive o caderno na ponta da caneta; do que é que se fazem as letras? Meu problema é a sua leveza fingida, que me sufoca e me faz tomar ar naquilo que tanto condenamos. Poderia ter me feito senhora de seus outrora tão belos castelos, mas o bobo assumiu o papel de palhaço e o castelo tornou-se lápide - o epitáfio fala sobre abandono. Abandono do que poderia não ter sido e foi.

you stranger

Quase passou em branco, querido, e isso sim seria algo imperdoável. Não posso deixar de falar sobre você, Roger "Syd" Barrett, um dos meus maiores ídolos e com quem me identifico no dia em que seria seu aniversário. Eu sou eu e você é grande parte de mim, e eu te entendo, sabe? Eu leio sobre você e quando te apontam a loucura eu penso "eu sei o que é isso". Provavelmente penso de forma errônea, mas eu consigo me identificar com você de uma maneira que nem saudável é. De qualquer forma, você me inspira. Sua criatividade, suas metáforas, sua música e poesia, e eu almejo alcançar o nível que você alcançou, por mais que sua história tenha um final tão belamente depressivo. Sabe que sempre perco as palavras quando falo de você, creio que minha relação é complexa demais dentro da minha própria alma para transformar em palavras a minha admiração por ti. É por aí. Feliz aniversário, Syd, e perdoe-me pela falta de inspiração. Pelo jeito inspiração é algo dois mil e doze demais para mim. Mesmo que Jugband Blues encha meu coração de poesia.
come on you target for faraway laughter, come on you stranger, you legend, you martyr and SHINE!

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

queen obscene 69 shots

 All I need is another hit, yeah one last fix to keep the blues at bay. All I need is another kick, just one last 
kiss of death and I'll be on my way. All I need is another hit, yeah one last fix to keep the blues at
 bay. All I need is another kick, just one last fix to that feelgood chemical.
Tinha me esquecido dessas arrastões pretas e de ser o velho clichê de rock and fuckin' roll disaster. No final, meus ouvidos sempre voltam pro Crashdïet e pro Mötley Crüe, mesmo.
 E quem tá esperando 9 de março? :)