quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Se lembra quando...

Mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu,
tá tudo assim tão diferente... Se lembra quando a gente chegou um dia
a acreditar que tudo era pra sempre sem saber que o pra sempre sempre acaba?
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém só penso
em vocês e aí então estamos bem. Mesmo com tantos
motivos pra deixar tudo como está. Nem desistir nem tentar e agora
tanto faz... Estamos indo de volta pra casa.

 É triste pensar nessa música, né? Quatro anos pareciam tanto tempo e agora não tenho nem o direito de mais seis horas com vocês. É o fim da maior e melhor parte das nossas vidas, chegou a hora de crescer e eu o fiz com vocês. Existem pedaços de cada aluno do Passionista em mim, existem lembranças, palavras, risadas e até lágrimas que fizeram parte do processo de transformação em tudo o que sou hoje. Marília, foram quatro anos falando de McFly, sendo idiotas e desabafando juntas e você era para quem eu corria quando precisava de um ombro que me entendesse. Gabi e Marcela, queria ter me aproximado de vocês antes... Mas o 3MA só se tornou suportável por ser ao lado de vocês, rindo da Marília ou até mesmo dormindo nas aulas. Erick, já disse que vou sentir saudades da sua risada escandalosa, né? Isabela,  das suas trufas e suas patadas. Gi, Mayara 1, Mayara 2, Pri 1, Pri 2, vocês fizeram três meses parecerem três dias, e acreditem, eu NUNCA vou esquecer vocês. Matheus, seus comentários desnecessários e nojentos vão deixar um vazio nas minhas manhãs. Victor, você é um idiota que deixou a minha bochecha roxa pro primeiro dia de trabalho e você sabe que eu te odeio só que... eu não te odeio e vou sentir MUITO a sua falta. Cuevas, lembro de você toda vez que tomo café e isso é todo dia, e nada mais justo do que te zoar mais uma vez porque sabe como é, as pessoas bebem mais café do que água. Marcos, Fernanda, Arthur, Michelli, quando eu conversava com vocês era coisa de horas e vocês me fazem tão bem. Guilherme, você me irrita e minhas manhãs serão um silêncio inimaginável sem as suas músicas e hiperatividade. Ananda, bom... Você fez o meu ano inesquecível e sabe, pode ser que eu nunca mais venha a falar com você mas eu sempre serei agradecida por você ter feito parte da minha vida. Por mais que às vezes eu pense que eu te odeio eu meio que te amo, e vou sentir saudades. Mais do que você pensa. Bárbara, Vivi, Milene, Aline, Guido,Otávio, Victor, enfim... Todos vocês vão fazer falta no ano que vem e não tenho nada além de obrigado a dizer. Obrigada por me ensinarem que a escola é um ambiente de aprendizagem que transcende as salas de aulas e a grade curricular. Obrigada por todas as brigas, todos os momentos de tensão e de alegria. Obrigada por me deixarem felizmente infeliz nesse final de 2012. Sabe, eu amo todos vocês.
E Thaís, Rafael, Stefanie, Leonardo, Henrique, Gabriela e Thalita (que não estão na escola mas eu preciso falar). Não tenho nada a dizer sobre vocês porque eu sou nada sem os sete e isso não acabou aqui.

Minha guitarra continua a chorar

Você é o Beatle que mais me comove, sabia? Toda vez que penso em você e tento escrever sobre você vem aquela explosão no coração. Tenho orgulho de dizer que você faz parte da minha banda preferida e que mudou minha vida. Orgulho. E não é pouco.
Você não morreu. Pelo menos não em mim.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

live and let live

 Tenho passado as noites tremendo de ansiedade e os dias delirando de sono.
 Não consigo escrever, quem dirá dormir. Já faz tempo. Isso é síndrome de história não resolvida, sabe? De medo do ano que vem (pra quem planeja cada minuto do dia, não saber o que estarei fazendo em 2013 não é legal). De coisa demais acumulada, de coisa que nem o mais apertado tourniquet pode segurar, quando mandar o explode coração! não daria certo. Eu quero o meu amor se derramando.
 É tempo de nostalgia de um período não tão longe assim, só um ano atrás. Quisera eu ter de volta a euforia de um ano novo, a confiança relativa que eu tinha em mim mesma. É perdendo que a gente aprende a dar valor. Mas é também perdendo que a gente aprende que não tinha valor; é apanhando que se aprende que não dá pra esperar só coisa boa das pessoas.
 Mas nem tudo nesse meio é ruim. Tenho convivido com alguma esperança, veja, de que as coisas vão voltar a dar certo. Com um novo emprego, sensação de estar crescendo e finalmente tomando a autonomia que sonhei por 18 anos. Claro que isso bate de frente com o medo de ser responsável por mim mesma e não saber o que fazer com isso - mas me sinto bem da mesma forma.
 Essa é a verdade, na verdade. Gosto dessa mistura de sentimentos. Acho que mudei desde que comecei a escrever esse texto; acho que recuperei parte da euforia. Quem sabe até consiga dormir hoje à noite.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

lunático


 O branco tomou conta dos seus olhos, que se abriram cansados e temerosos. Lembrava-se vagamente das últimas horas – como foi perseguido por milhas e milhas (ou assim lhe pareceu) até que suas mãos foram atadas. Foi nesse momento que sentiu a agulha fina perfurando seu corpo, enquanto o líquido quente invadia suas veias e sugava-lhe o ferro, deixando a sensação de formigamento no lugar. Lembrava-se do sentimento de inutilidade quando já não era dono de seus movimentos e só pode se deixar ser amarrado. E, agora que estava relativamente consciente, sabia que o momento que tanto adiara estava diante de si. Eles o pegaram.
 Voltou a sentir seus braços e pernas e soube que ambos estavam presos por panos fortes à cama. A cabeça ainda estava pesada demais para ser levantada, portanto restou-lhe o movimento dos olhos para perceber onde estava. Frascos que pareciam xaropes se alinhavam perfeitamente pelas prateleiras de um armário de vidro emoldurado por madeira rústica. Não havia janelas; a única saída era uma porta de aço que ficava na frente na cama, rodeada por paredes que eram forradas pelo que pareciam finos colchões brancos, dando-lhe a impressão de que poderia atirar-se contra elas e nenhum dano seria feito. Tudo no quarto era branco, exceto por uma única e solitária rosa vermelha, que repousava na mesa branca ao lado da cama.
Começo de um conto qualquer. Dois parágrafos sem conclusão podem fazer sentido se souber ler com outros olhos. 

O tal de Aldous Huxley de cara ficou doidão

Hoje é aniversário de morte e um dos meus escritores favoritos, Aldous Huxley - que formou meu caráter talvez até mais do que meus próprios pais. Obrigada, Huxley, por abrir as portas da percepção e me ensinar que hipnopedia e soma não são legais.
A inspiração tá longe ultimamente.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

I once had a boy or should I say 'he once had me'?

"As long as I was with him my troubles would stay away. That's the most important thing for a sickness like ours: a sense of trust. If I put myself in this person's hands, I'll be O.K. If my condition starts to worsen even the slightest bit - if a screw comes loose - he'll notice right away, and with tremendous care and patience he'll fix it, he'll tighten the screw again, put all the jumble threads back in place. If we have that sense of trust, our sickness stays away. No more snap!"
Norwegian Wood - Haruki Murakami

 Para qualquer um que já achou que tudo ficaria bem se estivesse com outra pessoa. 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Carta para ninguém

 Fiz besteira.
 Era o que eu costumava dizer quando isso acontecia. Eu escolhia alguém de confiança e dizia “fiz besteira”. Mas isso foi uma época diferente. Naqueles dias eu procurava conforto e ajuda, enquanto hoje tenho a consciência de que foi só dessa vez. Uma vez pelo ano inteiro, esse dois mil e doze que está finalmente acabando.
 Eu me lembro bem do começo do ano, tão bons foram aqueles dias. Diziam-me que eu parecia melhor, que no ano anterior eu andava abatida e tudo era verdade. Naqueles primeiros meses fui tomada por uma leveza, uma calmaria e até esperança que nunca conheci antes. Mas sempre fui feita de pedaços e não demorou muito para que eu desmoronasse. Mesmo assim, algo estava mudando.
 Comecei a querer provar que era autossuficiente e este é um hábito que se mantém até hoje. Preferi conviver esses duzentos e quarenta e cinco dias com os fragmentos do meu corpo e alma do que deixar alguém me consertar. Também abandonei os péssimos hábitos dos anos anteriores e passei a me apoiar somente em discos e livros. E essa suposta autossuficiência me transformou em quem sou hoje, nove meses depois de me dizerem que eu “parecia melhor”.
 Gosto e desgosto dessa nova versão do meu eu. O reencontro (e em alguns casos encontro) com a literatura e boa música me permitiu abrir os olhos para inúmeras coisas, mas choque de realidade pode doer. Porém, essa foi a minha escolha, a minha preferência de entender e sofrer a realidade do que continuar a viver naquele mundinho estúpido onde eu precisava me encaixar. Acredite, apesar do teor cansado e melancólico deste relato, não me encaixar foi a melhor escolha.
 E assim o ano se desenrolou através de vales e montanhas. Agora que paro para pensar, o ano foi curto, mas as noites foram longas. Nunca fui muito próxima do sono, mas este ano ele pareceu terminar definitivamente o relacionamento comigo. Eu deitava (ou deito, pois estou na mesma situação neste exato momento) na cama e esperava por horas intermináveis pelo segundo de misericórdia onde eu finalmente cairia no sono. As noites sempre foram, para mim, o velho paradoxo de contentamento descontente. São o meu momento de inspiração, de criatividade, de vontade de escrever, e de pensar. Pensar é perigoso.
 Sem mais delongas, dois mil e doze foi um ano dispensavelmente indispensável (gostei dessa coisa de paradoxos hoje, hein?). Ouvi coisas que gostaria de poder apagar, fiz coisas que me arrependo mais do que em anos anteriores. Aprendi muito. Com livros, músicas e pessoas, apesar de eu não ser uma pessoa tão agradável quanto costumava ser. E todos esses sentimentos, lembranças e palavras que eu gostaria de apagar vieram à tona hoje e eu precisei tirar isso de mim. Da única maneira que eu conhecia.
 Não me arrependo. Como disse no começo, foi só uma vez pelo ano. Foi só pelo sentimento de leveza do “afterwards”.
                E eu aprendi que essa leveza é insustentável.