quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

#HappyLovaticDay e por que artistas como a Demi são MUITO importantes




(Aviso: sou fã sim, vai ser tendencioso sim)

No dia 28 de janeiro de 2011, a atriz/cantora/modelo/maravilhosa/amor da minha vida Demi Lovato finalmente saiu da clínica de reabilitação onde estava internada por transtornos alimentares, transtorno bipolar e auto-mutilação. Demi foi "flagrada" em algumas fotos com cortes nos pulsos, mas os transtornos alimentares foram uma surpresa para todo mundo. Tão bonita, tão jovem, tão famosa, tão alegre, tão, tão, tão.

Logo que saiu da rehab, a Demi começou a dar entrevistas sobre tudo o que tinha aprendido lá dentro. Ela falou sobre como costumava procurar o próprio nome nas redes sociais para saber se as pessoas perceberam que ela tinha perdido peso e que se escondia no banheiro durante as gravações de Camp Rock para evitar comer na frente dos seus colegas de trabalho. A partir daí, Demi tinha duas escolhas (na minha opinião).

Ela poderia esquecer. Colocar os anos de bullying, de depressão e de sofrimento para trás e nunca mais falar sobre isso. E nós não poderíamos julgá-la, afinal, só quem já passou por isso sabe como é difícil reviver momentos tão ruins. Mas a Demi foi mais do que isso. Ela resolveu que poderia usar a sua experiência para evitar que meninas ao redor do mundo passassem pelo mesmo que ela. Ela resolveu ser (ainda mais) maravilhosa e mostrar para as suas fãs, pré-adolescentes, adolescentes e até crianças, que todas elas são bonitas e que NINGUÉM pode te dizer o contrário.

(Eu não vou sacrificar a minha saúde mental pelo corpo perfeito)


E ainda mais do que isso, Demi fez o que a grande mídia não fazia há muito tempo (se é que já fez algum dia): ela começou a dar importância para a saúde mental. Enquanto as revistas, a televisão e os sites de moda priorizam o corpo perfeito, a silhueta definida, a barriga "enxuta", Demi foi lá e disse "NÃO, eu não vou ferrar com a minha mente e o meu espírito para me encaixar nesses padrões". E isso deu confiança para que outras meninas fizessem o mesmo, levantassem a cabeça e dissessem que não vão ser como as capas das revistas dizem que elas têm que ser. 

E daí pra frente foi só sucesso: além de estufar o peito e aceitar o próprio corpo da forma como é e incentivar suas fãs a fazerem o mesmo, Demi ainda canta que mesmo que as estrelas e a lua colidam ela NÃO VAI voltar para o cara que machucou ela e não tá nem aí, diferente do mimimi extremo de eu não vivo sem você que a gente tá acostumada a ouvir por aí. E esse é o resultado: Demi tá linda, maravilhosa, não dá a mínima para o que pensam, tem uma linha de cosméticos, vários álbuns bem-sucedidos e uma carreira que cresce e vai continuar crescendo. Sabe aquela expressão "lacrou"? É o que ela faz <3


Stay Strong, Demi. Você é sensacional e é por causa de pessoas como você que eu acredito em um mundo livre de imposições estéticas <3 


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Que tudo mais vá pro inferno, meu bem.

"As gotas da chuva eram agora pesadas e não havia muito o que se enxergar, e ela correu. Correu para onde ele estivera. E tudo o que encontrou foi o portão de casa." - 21 de setembro de 2012.

It's raining again - oh no! my heart's at an end
Oh no, it's raining again
and you know it's hard to pretend
It's raining again! Too bad I'm losing a friend
Oh no, it's raining again
oh will my heart ever mend?

Eu tenho essa tendência, veja bem. O Dark Side of The Moon me ensinou há algum tempo que tudo abaixo do Sol está em sintonia perfeita (ainda que algumas vezes o Sol seja eclipsado pela Lua). A questão é que eu acredito que a música nos meus fones de ouvido, a marcação no relógio e o clima lá fora estão em sintonia com o que acontece onde ninguém pode ver ou tocar - apesar de confessar que muitas vezes sou eu quem prova essa falsa sintonia. 
Eu nunca soube lidar comigo mesma. Se você já assistiu Vicky Cristina Barcelona (cara, inclusive eu devia ter interpretado a quantidade de vezes que eu assisti esse filme no fim de semana como um prelúdio do que estava para acontecer) você se lembra da frase: 


E o meu problema é o contrário. Eu sei o que eu quero, as coisas boas e as coisas ruins. Mas de vez em quando vem alguém que surpreende e te dá exatamente aquilo que você não sabia que queria. Aliás, você realmente não queria. Você precisava. E bem, obviamente vai doer quando esse brinquedo novo e brilhante for tirado de você, mas acredito que eu já vivi o suficiente para saber que no fim do dia é só você. Ninguém é salvo e não existe essa de "um dia vai chegar alguém que vai abalar o mundo o suficiente para que grandes mudanças aconteçam e, enfim, fique tudo bem". Sabe, na verdade vai ficar tudo bem quando você se deixar ficar bem. É pensamento niilista, eu sei disso - mas a partir do momento em que você aceita ser a única pessoa capaz de promover mudanças reais em você mesma, capaz de te salvar e te amaldiçoar ao mesmo tempo, bem... não fica menos doloroso, mas é mais fácil de aceitar.
No final do dia, sou eu. As pessoas vão embora e elas vão continuar indo embora e eu posso afirmar quase com cem por cento de certeza de que o meu maior defeito é depositar todas as minhas esperanças neles, nos outros, em quem se aproxima demais. Eu já escrevi antes sobre não ser eu mesma, e sim pequenos fragmentos do que as pessoas querem e esperam de mim para que eu possa fazer bem para elas. Elas, nunca eu. Talvez um tempo para mim seja o que eu preciso. Algum tempo para tomar canções emprestadas para as artes da semana, reencontrar os livros, as palavras, os acordes, as teclas do piano e construir mais uma vez aquele muro que é tanto maldição como salvação. A zona de conforto nem sempre é uma coisa ruim, sabe? A minha zona de conforto me manteve sã por muito tempo e eu sei que ela vai fazer o mesmo mais uma vez - com a ajuda do tempo (só o tempo cura cicatrizes e faz o Sol aparecer de novo, né Hodgson?). 
A chuva cai lá fora e o timbre do Caetano se derrama nos meus fones de ouvido. A certeza que isso me dá no momento é de que dói. Dói mais do que eu poderia me dar ao luxo de sentir com todas as coisas consideradas. Mas eu preciso ser mais importante no momento. Eu preciso do meu muro e me afastar das pessoas e gastar todo o meu tempo comigo, comigo e comigo. Não sei se isso significa que a minha fé nas pessoas está abalada, mas acredito que não. Eu amo as pessoas e acho elas incríveis, porém manter uma distância segura é instinto de preservação, sabe? E como eu disse, eu não posso me dar ao luxo de sentir mais do que existe para sentir agora. 
Que fique claro que isso não significa que eu vou abandonar as pessoas - como eu já disse, eu as amo demais para deixar isso acontecer. Mas eu preciso que as minhas emoções e sentimentos sejam direcionados à mim e a ninguém mais, como era antes de tudo acontecer. Talvez eu me surpreenda de novo, talvez me seja entregue algo que eu não sabia que precisava. Mas por ora, eu preciso ser o meu soma e deixar de acreditar que preciso de alguém para me apoiar. E que tudo mais vá pro inferno, meu bem. 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Monólogo (des)sincero

Faz um tempinho que eu não escrevo. Eu costumava chamar meses como esses de bloqueio artístico, mas acho que vale falar que o motivo pelo qual eu me afastei dos cadernos foram o medo de ser sincera comigo mesma. Cara, a honestidade é tão mais difícil do que a mentira. Quando você mente, você diz o que gostaria que fosse a sua realidade. Mas falar a verdade é aquele famoso tapa na cara que pessoas como George Orwell e Roger Waters gostam tanto de dar; é abrir os olhos, é epifania, é doloroso.
Tá, Bia, você falou e falou sobre contar a verdade, mas ainda não disse o que é essa oh-tão-assustadora honestidade. É aí que reside o problema, meu amado leitor inexistente: algumas verdades simplesmente não podem ser ditas. Se pudéssemos voltar no tempo e marcar o momento exato em que a palavra segredo foi inventada, eu diria que provavelmente seria porque alguém sentiu que algo não poderia ser revelado não para o seu próprio benefício, mas para o das outras pessoas. É claro que muitas das coisas que guardamos são mantidas em silêncio por medo de nos machucarmos em situações x ou y, mas acredito veemente que a maioria dos segredos afetariam mais os "aqueles que amamos" do que a nós mesmos.
Só que o grande problema de guardar essas coisas é que elas vão nos consumindo, sabe? Você não quer machucar os outros, mas machuca a si. E em uma das conversas honestas sem medo de ser julgada que eu tive nessa semana eu cheguei a comentar que às vezes achava que as pessoas simplesmente fechavam os olhos, uma vez que algumas coisas parecem tão escancaradas que é quase impossível de acreditar que a galera ao seu redor não sabe o que tá acontecendo. Mas não sei se é exatamente o caso. (na verdade, se posso abrir aqui um parênteses, gostaria de dizer que fechar os olhos para problemas alheios é fácil, fácil demais, tão fácil que já o fiz várias vezes. soluciona bastante coisa, mas dói) Às vezes as pessoas são realmente boas em esconder as coisas. Algumas coisas simplesmente não podem ser ditas e, por isso, não serão.
Mas eles aparecem. Esses segredos que não são descobertos te perseguem e te fazem correr em direções que você nunca seguiu antes e viram o centro do seu mundo de forma irreparável. De repente, eles são tudo o que você consegue pensar. Eles se tornam mais importantes do que os "aqueles que amamos" e viram o motivo para tudo o que acontece contigo, seja isso bom ou ruim. É obsessivo, um vício impregnado mais do que as marcas de nicotina nas pontas do dedo porque esse é um vício mental. Eu sempre digo que a saúde mental é mais importante do que a saúde física e o motivo é EXATAMENTE esse: os vícios físicos podem ser abandonados, ainda que com uma dificuldade tão absurda que a desistência é a maçã proibida no jardim do Éden. Os vícios mentais também podem ser abandonados. Em teoria.
Na prática, sempre tem aquela vozinha nas vértices mais escondidas da sua mente. Essas são as palavras que só você ouve e que te fazem questionar se elas são você ou se a sua sanidade está comprometida a tal ponto de que você não é o único a habitar os seus pensamentos. E é essa voz que é segredo tão comprometedor para outras pessoas (e não para si) que simplesmente não pode ser verbalizada ou explicada de formas humanamente descobertas.
Eu prometo que quando comecei a escrever esse texto a minha intenção era ser honesta sobre alguns aspectos da minha vida nas últimas horas, dias e semanas. Porém, no meio do caminho eu percebi que todas essas partes são como círculos conjuntos que se encontram em um único ponto interseccional que é exatamente isso que tanto amo esconder e, ao mesmo tempo, me mata. Quod me nutrit me destruit. Acho que a Angelina Jolie não tinha noção da complexidade dessa frase quando decidiu marcá-la para sempre na pele.
Bom, acho que na verdade meu objetivo é... pedir desculpas. Por tudo o que aconteceu e por tudo o que vai acontecer. Em um texto escrito há muitos anos eu disse que as pessoas esperavam demais de mim quando deveriam esperar de menos; still true. Acho que no fim do dia essa foi a melhor escolha. Mas como outras coisas que eu enumerei nesse texto, isso dói. Ficar sozinha dói. Mas ter a consciência de que você é uma granada prestes a explodir a qualquer e ferir todos "aqueles que amamos" dói mais do que aguentar todo o peso desses componentes explosivos. Acho que eu já tô balbuciando demais. All things must pass.