quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Que tudo mais vá pro inferno, meu bem.

"As gotas da chuva eram agora pesadas e não havia muito o que se enxergar, e ela correu. Correu para onde ele estivera. E tudo o que encontrou foi o portão de casa." - 21 de setembro de 2012.

It's raining again - oh no! my heart's at an end
Oh no, it's raining again
and you know it's hard to pretend
It's raining again! Too bad I'm losing a friend
Oh no, it's raining again
oh will my heart ever mend?

Eu tenho essa tendência, veja bem. O Dark Side of The Moon me ensinou há algum tempo que tudo abaixo do Sol está em sintonia perfeita (ainda que algumas vezes o Sol seja eclipsado pela Lua). A questão é que eu acredito que a música nos meus fones de ouvido, a marcação no relógio e o clima lá fora estão em sintonia com o que acontece onde ninguém pode ver ou tocar - apesar de confessar que muitas vezes sou eu quem prova essa falsa sintonia. 
Eu nunca soube lidar comigo mesma. Se você já assistiu Vicky Cristina Barcelona (cara, inclusive eu devia ter interpretado a quantidade de vezes que eu assisti esse filme no fim de semana como um prelúdio do que estava para acontecer) você se lembra da frase: 


E o meu problema é o contrário. Eu sei o que eu quero, as coisas boas e as coisas ruins. Mas de vez em quando vem alguém que surpreende e te dá exatamente aquilo que você não sabia que queria. Aliás, você realmente não queria. Você precisava. E bem, obviamente vai doer quando esse brinquedo novo e brilhante for tirado de você, mas acredito que eu já vivi o suficiente para saber que no fim do dia é só você. Ninguém é salvo e não existe essa de "um dia vai chegar alguém que vai abalar o mundo o suficiente para que grandes mudanças aconteçam e, enfim, fique tudo bem". Sabe, na verdade vai ficar tudo bem quando você se deixar ficar bem. É pensamento niilista, eu sei disso - mas a partir do momento em que você aceita ser a única pessoa capaz de promover mudanças reais em você mesma, capaz de te salvar e te amaldiçoar ao mesmo tempo, bem... não fica menos doloroso, mas é mais fácil de aceitar.
No final do dia, sou eu. As pessoas vão embora e elas vão continuar indo embora e eu posso afirmar quase com cem por cento de certeza de que o meu maior defeito é depositar todas as minhas esperanças neles, nos outros, em quem se aproxima demais. Eu já escrevi antes sobre não ser eu mesma, e sim pequenos fragmentos do que as pessoas querem e esperam de mim para que eu possa fazer bem para elas. Elas, nunca eu. Talvez um tempo para mim seja o que eu preciso. Algum tempo para tomar canções emprestadas para as artes da semana, reencontrar os livros, as palavras, os acordes, as teclas do piano e construir mais uma vez aquele muro que é tanto maldição como salvação. A zona de conforto nem sempre é uma coisa ruim, sabe? A minha zona de conforto me manteve sã por muito tempo e eu sei que ela vai fazer o mesmo mais uma vez - com a ajuda do tempo (só o tempo cura cicatrizes e faz o Sol aparecer de novo, né Hodgson?). 
A chuva cai lá fora e o timbre do Caetano se derrama nos meus fones de ouvido. A certeza que isso me dá no momento é de que dói. Dói mais do que eu poderia me dar ao luxo de sentir com todas as coisas consideradas. Mas eu preciso ser mais importante no momento. Eu preciso do meu muro e me afastar das pessoas e gastar todo o meu tempo comigo, comigo e comigo. Não sei se isso significa que a minha fé nas pessoas está abalada, mas acredito que não. Eu amo as pessoas e acho elas incríveis, porém manter uma distância segura é instinto de preservação, sabe? E como eu disse, eu não posso me dar ao luxo de sentir mais do que existe para sentir agora. 
Que fique claro que isso não significa que eu vou abandonar as pessoas - como eu já disse, eu as amo demais para deixar isso acontecer. Mas eu preciso que as minhas emoções e sentimentos sejam direcionados à mim e a ninguém mais, como era antes de tudo acontecer. Talvez eu me surpreenda de novo, talvez me seja entregue algo que eu não sabia que precisava. Mas por ora, eu preciso ser o meu soma e deixar de acreditar que preciso de alguém para me apoiar. E que tudo mais vá pro inferno, meu bem. 

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