domingo, 2 de dezembro de 2012

Já não quero palavras, nem delas careço.

 A vida tem sido gentil comigo; hoje escolhi meu lugar ao sol. Descobri que a prosa pode ser poesia nas mil metáforas que a frase implica. E crescer é bom. Dá medo. Medo e coragem de fazer o que nunca fiz e ser quem nunca fui. Tomar-se a si mesmo. Alcançar o si ao invés de sempre parar no ré.
 Acho que até recuperei o brilho nos olhos, e quem diria que para isso o que precisava era passar o dia inteiro em pé e chegar em casa no dia seguinte? É que os livros me fazem bem, sempre fizeram. Fui tomada por uma paz espiritual que parece querer colocar uma aliança nos meus dedos e a caneta não rabisca mais. Não. Dessa vez ela desenha sutilmente a brisa que bate nas árvores do Trianon e o Sol que, por uma vez, é da mesma temperatura da pele.
 Peter Pan é coisa do passado. Bato o pé e recomendo parar de lutar contra o tempo - é só aceitá-lo e fazer o melhor que pode com o que te é dado.

"As lições da infância
desaprendidas na idade madura.
Já não quero palavras
nem delas careço.
Tenho todos os elementos
ao alcance do braço.
Todas as frutas
e consentimentos.
Nenhum desejo débil.
Nem mesmo sinto falta
do que me completa e é quase sempre melancólico.

Estou solto no mundo largo.
Lúcido cavalo
com substância de anjo
circula através de mim.
Sou varado pela noite, atravesso os lagos frios,
absorvo epopéia e carne,
bebo tudo,
desfaço tudo,
torno a criar, a esquecer-me:
durmo agora, recomeço ontem.

(...)"
- C.D.A.

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