sábado, 22 de setembro de 2012

"Não vale a pena passar a vida escrevendo."

21/08/2012
 Na mesa, o Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley e a tal biografia do Paul McCartney descansam desordenados; o copo de café já nem esquenta mais. Está frio, mas recuso o aquecimento da jaqueta de couro desbotada - um capricho, por certo vou reclamar quando ficar doente. Insuportável, amaldiçoo os adolescentes que insistem em ignorar os pedidos de silêncio na biblioteca.
 Insuportável, de fato. É impossível não pensar no quão fria venho me tornando, e em como há um ano eu não suportaria a ideia de sair sozinha ou ficar sem companhia durante muito tempo. Aprendi a achar um amigo nos livros, um amante na música e a necessidade de comunicação no papel e caneta; um afago nos raios de sol do Ibirapuera e autocomiseração no vento frio da Paulista.
 Afinal, aprendi a ser meu próprio soma. Não sei se é defeito ou qualidade; sei que muitas vezes sinto falta do que costumava ser. "Não vale a pena passar a vida escrevendo", disse alguém na Biblioteca de São Paulo. E se escrever for tudo o que ainda existe do meu antigo eu?

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